Wilkommen, shalom, bienvenido, välkommen, haere mai, welkom, merhaba, namaste, benvenuto. Hum, como é que é? Bem-vindo Benfica ao mundo dos vencidos. Ao fim de nove vitórias e dois empates, o tricampeão é o último clube da 1.ª divisão portuguesa a cair sem apelo nem agravo. A culpa é do Marítimo, em pleno caldeirão dos Barreiros, e o 2-1 anima o mundo dos ses por 24 horas: se ganhar este sábado ao Vitória FC, o Sporting encurta a distância em relação ao líder para dois pontos a uma semana do dérbi na Luz.
Para a visita à Madeira, o líder Rui Vitória volta a incluir Mitroglou no onze e estreia André Almeida à esquerda, na ausência de Grimaldo e Eliseu, ambos lesionados. O Marítimo, vítima de um vistoso 6-0 na Luz há três semanas, muda do dia para a noite. Em atitude, queremos dizer. A entrada a cem à hora, em contraste com a apatia do lado contrário, atrapalha ligeiramente o Benfica, só que nada prevê um golo tão cedo como aquele aos cinco minutos: o lateral Patrick faz um passe audaz para Ghazaryan e o arménio aproveita uma escorregadela de Luisão para atirar à baliza com o pé direito. A bola ainda sofre um desvio em Nélson Semedo e de nada vale o mergulho de Ederson. Está feito o 1-0 e o Marítimo é a primeira equipa a marcar antes do Benfica durante a primeira parte na liga 2016-17.
O tempo passa e o Benfica continua sem saber como encontrar o caminho marítimo para a baliza de Gottardi. Já o Marítimo aproveita o escasso tempo de posse de bola para alfinetar uma e outra vez a defesa benfiquista. Aos 20′, Éber Bessa corre uns bons 20 metros só com Ederson pela frente. O dois-zero está na cara. Vale a defesa de Ederson com o pé. Na ressaca, Gharazyan arrisca o bis. Mais uma vez, e agora com uma defesa cinco estrelas, Ederson desvia com categoria para canto. Do Benfica nem uma acção digna de registo. Aos 24′, é o central maritimista Raúl Silva quem salta mais alto que todos os outros na sequência de um canto e erra o alvo por centímetros, com Ederson completamente aos papéis.
De repente, o empate. Caído do céu. A jogada desenvolve-se antes do meio-campo, com Fejsa e passa por mais duas figuras benfiquistas até parar nos pés de Nélson Semedo. O lateral finge uma jogada, inventa outra e arranja espaço para um pontapé forte. Atenção, que não haja dúvidas: a bola vai à baliza e Gottardi controla-a com tranquilidade. Só que o calcanhar de Gonçalo Guedes intromete-se e mais parece um penálti, com guarda-redes para um lado e bola para o outro. Está feito o 1-1. Até ao intervalo, só dá Benfica: remate de primeira de Mitroglou ao lado (28′) e outro de Salvio às malhas laterais (32′).
No início da segunda parte (47′), o Benfica entra a todo o vapor e Salvio atira à trave, de cabeça, depois de uma boa jogada entre André Almeida, Pizzi e Cervi pela esquerda. Dez minutos depois, é outro cabeceamento, este de Luisão, a obrigar Gottardi à segunda defesa da noite. Cadê a primeira? Aos 65 minutos. Cervi faz um cruzamento sensacional com o peito do pé e o recém-entrado Rafa ganha admiravelmente nas alturas. É golo, só pode. Gottardi nega-o com um voo do arco da velha. É o toque a reunir do Marítimo.
No quadradinho seguinte (69′), Cervi corta in extremis dentro da sua área e, do respectivo canto, nasce o 2-1 de Maurício. O central brasileiro de 24 anos ganha um lance de cabeça no meio de Lindelof e André Almeida, na pequena área. Encostado à linha de golo, Ederson salta como um gato. Em vão, o Marítimo está mesmo em vantagem. E vai mantê-la até ao apito final de Vasco Santos, por culpa dos erros de cálculo de Rafa (71′) e Jiménez (81′) à boca da baliza. Na terra da poncha, o Marítimo faz história na liga 2016-17 e repete o resultado do último jogo do Benfica a 2 Dezembro, também nos Barreiros (para a Taça de Portugal 2011-12).
Estádio dos Barreiros, no Funchal
Árbitro: Vasco Santos (Porto)
MARÍTIMO: Gottardi; Patrick, Maurício, Raúl Silva e Fábio China (Deyvison, 79′); Erdem Sen, Éber Bessa e Ghazaryan (Alex Soares, 88′), Fransérgio, Xavier (Brito, 70′) e Edgar Costa
Treinador: Daniel Ramos (português)
BENFICA: Ederson; Nélson Semedo, Luisão, Lindelof e André Almeida (Jiménez, 70′); Fejsa, Pizzi, Salvio (Rafa Silva, 63′) e Cervi (Carrillo, 81′); Gonçalo Guedes e Mitroglou
Treinador: Rui Vitória (português)
Marcadores: 1-0, Ghazaryan (5′); 1-1, Nélson Semedo (27′); 21, Maurício (69′)