Um “homem de enorme coragem”, em vários campos – é este o Mário Soares que Ricardo Salgado escolheu homenagear num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios na segunda-feira, dia em que se iniciam as exéquias fúnebres do ex-presidente da República. Um corajoso quer no combate “ao antigo regime”, quer “no período da democratização e do PREC”, mas também porque “soube convencer os EUA de que valia a pena apoiar Portugal”, e reconhecer as vantagens da adesão à então CEE (Comunidade Económica Europeia).

Depois fica mais pessoal. Ricardo Salgado, economista e ex-presidente do Banco Espírito Santo, agradece a Soares “a lucidez de chamar os empresários espoliados em 1975, entre eles o GES (Grupo Espírito Santo)” o que contribuiu, escreve Salgado, “para um período de entrada de capitais sem precedentes que conjugava os fundos europeus aliados aos capitais destinados às reprivatizações” e “permitiu reconstruir a economia do país”.

Ricardo Salgado agradece ainda ao ex-presidente da República por se ter mostrado chocado “com a nova destruição do GES, agora por um PREC de direita, de políticos despreparados e sem a visão de Estado que sempre o caracterizou”.

Para o ex-presidente do BES, Mário Soares foi “sempre um homem solidário nos momentos mais difíceis dos seus amigos” e “verdadeiramente seu amigo”. Salgado diz sentir-se “reconhecido e agradecido pela amizade dedicada por si e por Maria de Jesus Barroso à [minha] família mais direta”. O apoio de Mário Soares foi importante “especialmente no período subsequente à desgraça que ocorreu a 3 de agosto de 2014”, escreve o ex-banqueiro.

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