Morreu Clare Hollingworth, a jornalista britânica correspondente de guerra que foi a primeira a dar a notícia do início da II Guerra Mundial. Tinha 105 anos e foi a ela a noticiar a invasão nazi na Polónia, que marcou o início do conflito. A jornalista morreu em Hong Kong esta terça-feira, dá conta o The Telegraph. A morte foi anunciada pelos gestores da sua página de Facebook:
“Estamos tristes por anunciar que, depois de uma ilustre carreira que atravessou um século de notícias, Clare Hollingworth, célebre correspondente de guerra, morreu esta noite em Hong Kong. Vamos, ainda hoje, publicar uma declaração mais completa.”
Clare é retratada como sendo uma mulher determinada, que desafiou as barreiras de género e que, por muitas vezes, fintou a morte. A maior parte da sua carreira foi passada na linha da frente de vários conflitos, incluindo os do Médio Oriente, norte de África ou Vietname. Os últimos 40 anos da sua vida foram passados em Hong Kong.
A sua carreira foi também marcada pela atribuição de vários prémios do jornalismo britânico, nomeadamente o “What The Papers Say”. Foi ainda nomeada pela Rainha Isabel II como oficial da Ordem do Império Britânico.
Clare tornou-se jornalista em agosto de 1939, quando tinha apenas 27 anos. Trabalhava há uma semana para o jornal britânico Daily Telegraph e encontrava-se no sul da Polónia, onde todas as fronteiras tinham sido fechadas. Só veículos diplomáticos é que estavam autorizados a passar. Por iniciativa própria, pediu um carro emprestado a um funcionário do consulado britânico para conseguir entrar no território que estava ocupado pelos alemães. Seguiu os seus instintos à procura de uma história e encontrou-a. Na fronteira, viu carros blindados, tanques e muita artilharia, conta o The Telegraph.
No dia 29 de agosto de 1939, a sua história fez a manchete do jornal para o qual trabalhava, com o título: “1.000 tanques reunidos na fronteira da Polónia“, onde contou que a artilharia alemã estava preparada para, a qualquer momento, invadir o território. Em 2014, a jornalista deu uma entrevista ao The Telegraph, onde afirmou que era muito nova na altura e que a sua missão era cuidar dos refugiados, dos surdos e dos mudos. A guerra, “simplesmente”, surgiu enquanto lá estava.
Foram, portanto, os seus relatos em primeira mão que lhe trouxeram a “ilustre carreira” de uma vida.