A ex-Presidente brasileira Dilma Rousseff negou esta quinta-feira ter recebido contribuições não declaradas à Justiça eleitoral da construtora Odebrecht durante a sua campanha presidencial de 2014.
“É mentirosa a informação de que Dilma Rousseff teria pedido recursos ao senhor Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois [contribuições não declaradas], durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014”, anunciou a assessoria de imprensa da ex-Presidente em comunicado.
A declaração é uma resposta a um depoimento dado pelo empresário Marcelo Odebrecht, herdeiro da construtora Odebrecht atualmente preso por envolvimento nos esquemas de corrupção da Petrobras, ao Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) na passada quarta-feira.
O empresário disse, segundo informações divulgadas pela imprensa brasileira, que a construtora doou 150 milhões de reais (45,6 milhões de euros ao câmbio atual) em verbas não declaradas à coligação Dilma-Temer.
Um terço desta doação ilegal (50 milhões de reais ou 15,2 milhões de euros) teria sido acertada como uma contrapartida por uma medida provisória (lei assinada pelo Presidente que tem uma validade de 90 dias e pode ser prorrogada) de 2009 que beneficiou a Odebrecht, num pagamento que teria sido acertado com o ex-ministro das Finanças, Guido Mantega.
Sobre esta parte do depoimento de Marcelo Odebrecht, a nota da ex-Presidente brasileira destacou que não é verdade que ela tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto de qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais.
Segundo o comunicado, “a insistência em impor à ex-Presidente uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade” sobre os factos.
Dilma Rousseff também contestou as informações veiculadas pela imprensa brasileira, classificando como “estranho” a divulgação à imprensa, “sempre de maneira seletiva, trechos de declarações ou informações truncadas”.
Além de citar Dilma Rousseff, Marcelo Odebrecht confirmou que se reuniu com o Presidente do Brasil, Michel Temer, que na época era vice-Presidente da República, para tratar de doações ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), mas nega ter tratado de valores com o atual chefe de Estado.
Michel Temer declarou publicamente que não pediu doações ilegais à construtora Odebrecht.
O empresário também declarou que as campanhas dos candidatos derrotados Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos também receberam recursos não declarados ao TSE da Odebrecht.
A investigação destes pagamentos à coligação Dilma-Temer faz parte de uma ação proposta pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de Aécio Neves, no TSE que pede a cassação da candidatura vencedora das presidenciais de 2014.
Se a coligação for condenada, Dilma Rousseff pode sofrer sanções eleitorais e o atual Presidente Michel Temer pode perder o cargo.