O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, disse esta quinta-feira não sentir da parte institucional, nem de qualquer partido, “nenhuma animosidade” contra o banco público, mas sim apoio à sua recapitalização.
Mas, é evidente que era melhor se houvesse menos ruído à volta da Caixa Geral de Depósitos”, afirmou aos jornalistas, à margem do I Encontro Fora da Caixa, realizado no Porto.
Paulo Macedo considerou que o desejável é que a CGD esteja na comunicação social “apenas pelas boas notícias”, sublinhando não ser indiferente institucionalmente, nem a nenhum português, que a operação de recapitalização em curso tenha sucesso.
Mas, quero frisar um aspeto muito importante, há uma parte essencial que é a recapitalização, mas no dia a seguir à recapitalização a Caixa não deixa de dar prejuízo, só com a reestruturação é que a Caixa passa a ser a Caixa rentável”, salientou.
A recapitalização é uma “condição indispensável”, mas só por si não assegura o futuro do banco, considerou Paulo Macedo.
“Na questão da recapitalização há dois momentos, um momento de injeção de capital por parte do Estado Português e uma condição prévia que é a emissão de dívida, que será colocada junto de institucionais, coisa que desde de sempre esteve prevista, ou seja, não será colocada no retalho, não será objeto de qualquer venda avulso, como já ouvi dizer”, explicou.
E acrescentou: “Como está definida desde o início não poderá ser colocada junto de entidades públicas, mas sim junto de institucionais no estrangeiro e em Portugal como, por exemplo, fundo de pensões, seguradoras e outro tipo de entidades que querem ter na sua carteira dívida com rentabilidades semelhantes a esta da emissão da Caixa que, como sabem, tem determinado risco e tem determinada rentabilidade”.
O presidente da Comissão Executiva da CGD referiu que o sucesso, ou não, da emissão de dívida só será conhecido na data da sua colocação, revelando que até ao momento há manifestações variadas de interesse pela sua compra.
Rui Vilar diz que polémica com anterior administração foi “acidente de percurso”
O presidente do conselho de administração da CGD, Rui Vilar, descreve a polémica em torno da curta gestão de António Domingues como um “acidente de percurso” utilizado para “luta política” que, contudo, não afetou a imagem do banco público.
“Há acidentes de percurso nas instituições, como há na vida de cada um de nós, e o importante é que hoje há condições para encararmos o futuro positivamente”, afirmou o chairman da CGD em declarações à agência Lusa à margem do I Encontro Fora da Caixa, que decorreu esta quinta-feira no Porto.
Recorrendo à expressão utilizada momentos antes pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (que participou na sessão de abertura do encontro), Rui Vilar enquadrou toda a polémica gerada em torno da demissão da equipa liderada por António Domingues – que o próprio Vilar integrou, como vice-presidente não executivo, e que saiu de funções na sequência da exigência de entrega das declarações de rendimentos e de património junto do Tribunal Constitucional — na “espuma dos dias” que é o “combate político”.
Uma coisa é a espuma dos dias, é o combate político, outra coisa é a realidade e o bom senso com que as pessoas avaliam a luta política e a sabem distinguir dos interesses fundamentais do país”, disse à Lusa.
E, neste caso, considerou, “os factos foram utilizados para a luta política e não julgados de uma maneira objetiva e serena, como seriam noutro contexto”. Para Rui Vilar, “o importante” é que este processo “foi ultrapassado” e hoje “a Caixa tem uma administração estável, que está a cumprir um programa com uma visão de futuro”.
“O que nós devemos é olhar de uma maneira positiva para o futuro, aproveitando todas as virtualidades de uma grande instituição em que os portugueses têm confiança”, sustentou, salientando que a imagem da CGD enquanto “instituição de referência” no país “não foi posta em causa porque os portugueses continuaram a confiar” no banco público.
Relativamente à constituição de uma nova comissão de inquérito para apreciar a atuação do Governo na nomeação e demissão da anterior administração da CGD — pedida por PSD e CDS-PP e que toma posse no dia 14 — Vilar diz que “é um direito do parlamento” e assegurou à Lusa que “a Caixa prestará os esclarecimentos que lhe forem solicitados, desde que não ponham em causa princípios fundamentais da profissão e do dever de sigilo para com os clientes”.
Após ter entrado em 2016 para a CGD como vice-presidente não executivo na administração liderada por António Domingues – cujo mandato deveria ter vigorado até 2019, mas que se demitiu em novembro passado na sequência da polémica em torno da entrega das declarações de rendimentos e de património junto do Tribunal Constitucional – Rui Vilar acabou por renunciar ao cargo em dezembro para, em 2017, iniciar um novo mandato no banco público, mas já integrado na equipa de Paulo Macedo.