O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, João Paulo Correia, disse esta quinta-feira ao jornal Eco que voltar a chamar Carlos Costa ao Parlamento, para esclarecer as recentes revelações da SIC sobre o caso BES, é um cenário que “não está descartado”.

“Por aquilo que sabemos, o assunto merece ser acompanhado com o máximo de preocupações e atenção”, disse o deputado. Carlos César, presidente do grupo parlamentar, também já tinha dito esta quinta-feira que os socialistas estão “a refletir” sobre o que foi revelado na grande reportagem da SIC. “Não há qualquer dúvida que houve falhas muito significativas na supervisão”, frisou.

PS mantém pressão sobre Carlos Costa: “Houve falhas muito significativas”

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Já João Galamba, porta-voz do PS, não quis comentar as declarações de Carlos César. Mas na SIC Notícias, na noite de quinta-feira, sublinhou que Carlos Costa podia ter tirado Ricardo Salgado da gestão do grupo mais cedo, mas não fez. “Não há aqui qualquer novidade para o PS. Isto foi aquilo que, no nosso entendimento, tornou errada a recondução de Carlos Costa”, afirmou.

“Opusemo-nos à recondução, entendemos que desempenhou mal o primeiro mandato, e Pedro Nuno Santos [hoje secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que era o coordenador dos socialistas da Comissão de Inquérito ao BES], assumiu-o publicamente”, disse.

A SIC avançou esta quinta-feira que uma equipa de técnicos do BPI tinha “estudado a fundo as contas do Grupo Espírito Santo, referentes a 2010 e 2011” e que o resultado dessa análise foi “condensado num relatório, datado de janeiro de 2013”, que foi posteriormente entregue ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

A SIC diz ainda que Carlos Costa colocou “a sua assinatura no rosto do documento, confirmando que o recebera”, mas a verdade é que a resolução do banco só aconteceu um ano depois, em agosto de 2014.

Banco de Portugal rejeita que alerta do BPI sobre BES tenha guiado a sua atuação

O Banco de Portugal reagiu, em comunicado, rejeitando que tenha sido o alerta do BPI a motivar a intervenção do supervisor e foi a sua investigação, “única e exclusiva”, que detetou em novembro de 2013 falhas nas contas da Espírito Santo Internacional.

A atuação do Banco de Portugal no caso que envolve o Grupo Espírito Santo tem sido alvo de diversas críticas. De acordo com a comissão parlamentar de inquérito à resolução do BES, o supervisor teve uma “atuação tardia” e demasiada prudência, segundo o relatório que foi aprovado pelo PSD, CDS e PS.