O ex-ministro da Defesa venezuelano Raul Baduel foi acusado, na sexta-feira, por um tribunal militar por estar a conspirar para derrubar o Presidente Nicolás Maduro.

Raul Baduel foi ministro da Defesa do falecido líder socialista Hugo Chávez (que presidiu o país entre 1999 e 2013) e responsável pelo seu regresso à Presidência da República, entre 11 e 13 de abril de 2002, quando o antigo chefe de Estado foi temporariamente afastado do poder.

A nova acusação teve lugar no mesmo dia em que Raul Baduel deveria sair em liberdade, depois de cumprir sete anos e 11 meses de prisão por corrupção.

O tribunal ordenou que o ex-general deve permanecer detido pelos delitos de “traição à pátria e instigação à rebelião (…) e por conspirar para derrubar o Governo” do Presidente Nicolás Maduro, segundo explicou o seu advogado, Omar Mora.

A defesa de Raul Baduel denuncia que a nova acusação tem por base “provas ilegais e inexistentes” e um alegado relacionamento com “nove militares e um professor universitário, os quais foram detidos entre janeiro e fevereiro”.

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“Fabricaram elementos com entrevistas a alegadas testemunhas que suportam as acusações. É uma montagem que procura impedir que o Raul Baduel não saia em liberdade, com todos os seus direitos civis e políticos”, disse aos jornalistas.

Raul Baduel foi comandante do Exército entre 2004 e 2006 e compadre de Hugo Chávez, de quem foi ministro da Defesa entre 2006 e 2007, altura em que questionou o projeto de ‘socialismo do século XXI’, do antigo presidente.

Desde então começou a apelar aos venezuelanos para fazerem oposição ao chefe de Estado, tendo sido detido em 2009, por funcionários dos Serviços Bolivarianos de Inteligência (Sebin – Serviços Secretos) e condenado, um ano mais tarde, a sete anos e 11 meses de prisão.

A 22 de fevereiro, nove militares venezuelanos foram detidos, por organizarem, segundo as autoridades, um movimento com o objetivo de gerar uma rebelião contra o poder Executivo.

Os acusados são suspeitos de planearem um assalto à companhia 4209 de franco-atiradores capitão Fernando Crespo para se apoderarem de 52 espingardas Dragunov, 312 carregadores, 3.200 cartuchos e 20 pistolas de nove milímetros com duas mil munições.

A acusação refere que “o movimento contava com apoio” na cidade de Caracas e nos estados de Bolívar, Carabobo e Zúlia.

Terão sido também convocados sargentos para serem incluídos “no anel de segurança com a finalidade de protegerem o papá”, numa referência ao general reformado Raul Isaías Baduel.

Os detidos foram acusados de “traição à pátria e instigação de rebelião”, os mesmos que foram apontados a Santiago Guevara, um professor da Universidade de Carabobo, de 71 anos, que entretanto foi detido pelas autoridades venezuelanas.

Segundo a imprensa venezuelana, a detenção terá sido motivada por vários artigos com análises económicas e políticas do país publicados em meios de comunicação internacionais.