Para os mais distraídos, havia um milagre ainda maior em jogo esta semana do que o FC Porto passar a eliminatória frente à Juventus depois da derrota no Dragão por 2-0. Então era assim: os azuis e brancos teriam de ultrapassar os bianconeri nos oitavos-de-final da Champions (e, mais tarde, ganharem nos quartos) ao mesmo tempo que Rostov e Krasnodar teriam de perder nos oitavos da Liga Europa para que Portugal continuasse a contar com três equipas na Liga dos Campeões. Não aconteceu. E em 2018/19, só o campeão entra direto na prova.
Tentemos fazer um Explicador num parágrafo e com apenas uma pergunta: afinal, como é que tudo isto funciona? O posicionamento dos países neste ranking da UEFA é desenhado pelos resultados que os clubes vão obtendo nas provas europeias, contando em termos de pontuação as performances nas últimas cinco temporadas. Depois, cada lugar tem a sua quota de equipas e, seis anos depois, Portugal voltará a ocupar a sétima posição por troca com a Rússia, isto depois de já ter sido ultrapassado antes pela França. Como se pode ver aqui, só em 2012/13 conseguimos ser melhores do que os russos.
Olhemos, por exemplo, para o que se passou na Liga dos Campeões deste ano. Espanha, Inglaterra e Alemanha, os três primeiros do ranking, garantiram quatro equipas na prova, três com entrada direta e uma no playoff. Itália e Portugal, quarto e quinto, colocaram os dois primeiros na fase de grupos e o terceiro classificado do campeonato no playoff; França, sexto, apurou duas equipas diretamente e colocou o terceiro classificado da Ligue 1 na terceira pré-eliminatória; e a Rússia, sétima, colocou o campeão na fase de grupos e o segundo classificado na terceira pré-eliminatória da fase de grupos da Champions (ainda antes do playoff decisivo). Já agora, em 2017/18, os dois primeiros da Primeira Liga têm entrada direta na Champions, ao passo que o terceiro classificado já terá de fazer a terceira pré-eliminatória. Ou seja, vamos ser a França de 2016/17.
Como foi possível o duplo trambolhão?
Esta foi, de longe, a pior época dos últimos anos das equipas portuguesas nas competição da UEFA: FC Porto e Benfica passaram os grupos da Liga dos Campeões na segunda posição mas foram eliminados nos oitavos-de-final; o Sporting terminou a fase de grupos da Champions no quarto e último lugar, não conseguindo sequer o acesso à Liga Europa; o Sp. Braga foi afastado na fase de grupos da Liga Europa, ao passo que Rio Ave (terceira pré-eliminatória) e Arouca (playoff) nem conseguiram atingir essa parte da prova. Agora chega a fatura.
Depois do sucesso do FC Porto de José Mourinho em 2003 e 2004, antes de sair para o Chelsea, Portugal voltou a brilhar ao mais alto nível na época de 2010/11, quando teve três equipas nas meias-finais da Liga Europa: o vencedor FC Porto, o finalista Sp. Braga e o semifinalista Benfica. Daí para cá, apenas o Benfica, finalista da Liga Europa em 2013 e 2014 e uma das oito melhores equipas da Champions na última época, tem salvo a honra nacional para o ranking, com uma ou outra ajuda do FC Porto (quartos da Liga dos Campeões em 2014/15).
Curiosamente, e em contraponto, a queda das equipas nacionais no ranking da UEFA foi consumada um ano depois da Seleção Nacional ter conseguido o maior título de sempre: o Campeonato da Europa de 2016, em França. E agora tentará conquistar também a Taça das Confederações… na Rússia.