O príncipe Harry confessou que teve de recorrer a acompanhamento e apoio psicológico por estar à beira de um colapso – um estado, contudo, de que só teve plena consciência passados quase 20 anos após a morte da mãe, contou o jovem herdeiro ao The Telegraph. Harry, que tinha apenas 12 anos de idade quando a princesa Diana morreu num acidente de carro, em Paris, admitiu que passou a maior parte da sua adolescência e início da vida adulta determinado a não pensar sobre o que aconteceu, o que acabou por ter consequências na sua vida pessoal, mas também profissional.

Em entrevista ao jornal britânico, o filho mais novo dos príncipes de Gales, Carlos e Diana, revela que “desligou todas as emoções” durante quase 20 anos após o desaparecimento da mãe, apesar do irmão William tudo fazer para o convencer a procurar ajuda. A mágoa, recorda agora o príncipe Harry, só começou a vir ao de cima quando, chegado aos 28 anos de idade, começou a sentir necessidade de “esmurrar toda a gente” e a sentir ansiedade quando estava envolvido em compromissos reais.

A princesa de Gales com os dois filhos, Harry e William, em Agosto de 1995, num evento oficial. Diana morreria num acidente de automóvel dez anos depois.

À beira do colapso, reconhece agora o príncipe, viveu dois anos de “caos total”. Foi quando decidiu procurar ajuda psicológica. Os familiares e amigos mais próximos foram os principais responsáveis a incentivá-lo ao apoio profissional, sabe-se agora.

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A minha maneira de lidar com o sucedido foi enfiar a cabeça na areia e a recusar-me a pensar no que tinha acontecido à minha mãe, mas como é que isso podia ajudar? Pensei que isso só me iria pôr ainda mais triste e não a iria trazer de volta. Então, do lado emocional, eu sentia que estava certo em não deixar as minhas emoções apoderarem-se de tudo. Era um típico jovem que tentava pensar que a vida ‘iria ser boa ou tranquila’. Mas, de repente, comecei a ter determinadas conversas e apercebi-me que nunca tinha processado o assunto e que ainda havia muitas coisas que eu ainda tinha de aprender a lidar”, admitiu o princípe, hoje com 32 anos.

Harry confessou que o boxe também foi uma grande ajuda para o ajudar a libertar a frustração e os pensamentos negativos.

Durante alguns anos pratiquei boxe, porque toda a gente me dizia que era uma boa maneira de libertar a raiva e evitar bater em alguém. E isso foi o que salvou realmente, porque já tinha chegado ao ponto de pensar em agredir algumas pessoas, então bater em alguém que estava protegido com luvas de boxe tornou-se certamente mais fácil”, explicou príncipe Harry.

Segundo o The Guardian, estas revelações vieram desmentir os rumores e especulações de que os problemas de saúde mental de Harry teriam sido provocados pelas suas duas viagens ao Afeganistão, no tempo em que foi oficial do exército. Apesar de ter lidado com situações complicadas, envolvendo soldados, mulheres e crianças feridas, o jovem herdeiro referiu que foi um grande ponto de viragem na sua vida e que em nada teve a ver com os seus problemas de saúde. “Posso dizer com toda a certeza que não estão relacionados com o Afeganistão. Não sou daquelas pessoas que teve de ver o seu melhor amigo explodir com uma bomba. Graças a deus não fui uma dessas pessoas”, rematou.

Uma das muitas fotos que registam a passagem do príncipe Harry no Afeganistão, em 2008.

A Princesa Diana – também conhecida por “princesa do povo” – morreu a 31 de agosto de 1997 num trágico acidente de automóvel num túnel sob a ponte de Alma, em Paris. O funeral realizou-se uma semana depois da sua morte. O acidente continua, até hoje, envolto em grandes mistérios e controvérsia. Algumas notícias dizem que o condutor do carro, o seu motorista particular, estaria embriagado, outros garantem que o carro se encontrava com algum tipo de anomalia. No mesmo acidente morreria também o homem com quem estava em Paris nessa altura, o milionário Dodi Al Fayed, filho do dono da cadeira Harrod’s.