A Caixa Geral de Depósitos (CGD) fechou o primeiro trimestre com prejuízos de 39 milhões de euros, informou o banco esta quinta-feira numa conferência de imprensa que é uma novidade (na administração anterior havia apenas conferências de imprensa no final de cada ano). No mesmo período do ano passado, o banco público tinha tido prejuízos de 74 milhões. Sobre o tema do fecho de balcões e sobre a CGD de Almeida, Paulo Macedo sublinhou que “uma ocupação de uma agência não é uma manifestação, é algo punido pelo Código Penal”.
O banco colocou de parte 58 milhões de euros como provisões com custos de pessoal não recorrentes (42 milhões em termos líquidos de impostos), o que ajuda a explicar as perdas no trimestre. São as pré-reformas e as rescisões por mútuo acordo, no âmbito do plano de reestruturação do banco público. Sem esse efeito, o banco público teria tido um pequeno lucro neste trimestre. O plano prevê uma redução de 2.200 trabalhadores até 2020.
“Os resultados estão em linha com o plano estratégico. Revelam rácios de capital bastante adequados, uma boa evolução em termos de liquidez, uma melhoria da margem financeira e do produto bancário”, disse Paulo Macedo, presidente executivo do banco, numa conferência de imprensa em Lisboa.
A margem financeira do banco, um dos indicadores mais importantes para aferir a atividade da instituição, aumentou 15,4% (a margem financeira alargada). As comissões caíram 3,7% face ao mesmo período homólogo, em termos consolidados no grupo. O produto bancário, a beneficiar também de resultados em operações financeiras (venda de dívida pública), subiu 65% para 490 milhões.
Sobre Almeida: “uma ocupação de uma agência não é uma manifestação, é algo punido pelo Código Penal”.
Na conferência de imprensa, as primeiras perguntas dos jornalistas foram sobre o encerramento de agências, o que Paulo Macedo ironizou dizendo que é um sinal de que as pessoas já estão confiantes em relação aos progressos operacionais no banco público.
Macedo começou por dizer que “o encerramento de agências que está previsto no plano de reestruturação, à semelhança do que todos os bancos portugueses fizeram e continuam a fazer (este ano e para o ano) têm obviamente um conjunto de ações de mitigação que a Caixa decidiu levar a cabo: primeiro, qualquer cidadão pode levantar a sua pensão ou qualquer outro valor em Almeida ou outro concelho através de caderneta. Ninguém fica sem acesso à sua conta. Depois, as pessoas podem operar com o cartão de débito. Mesmo assim, mesmo admitindo que haja uma terceira faixa de pessoas que precisam de apoio, há iniciativas para ajudar essas pessoas que solicitarem apoio”.
Mas Paulo Macedo sublinhou que “no dia de pagamento de pensões havia menos de 10 pessoas a levantar a pensão, porque através da rede de multibanco conseguem ter acesso”.
Sobre a questão mediática do balcão de Almeida, Macedo diz que a “a Caixa quer assistir as pessoas desta região, quer manter estes clientes e acha que tem os instrumentos suficientes” para isso. E assinalou que, como é “normal”, a Câmara de Almeida não paga os seus salários através do banco público (que, só por ser público, não tem qualquer privilégio).
Sobre a noticiada expectativa de “influência” por parte do Presidente da República, Macedo não quis comentar as conversas nem as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas o presidente da Caixa diz que “se é preciso dialogar, a Caixa dialogou com mais de 13 presidentes de Câmara, conversou com um presidente da Câmara e chegou a um acordo que depois teve um retrocesso”.
Sobre Almeida, ainda, Macedo asseverou que uma coisa é dialogar, outra coisa é ocupar uma agência. “uma ocupação de uma agência não é um direito constitucional. Houve manifestações pacíficas, normais, mas ocupar uma agência de um banco é punido nos termos do Código Penal”.
“Todos os dias o que vemos é diferentes atores políticos, autarcas a quererem arrastar a Caixa para a área política. Vemos diferentes partidos, todos os dias, a quererem pôr a Caixa no campo político, mas a Caixa não está nessa arena”.
De qualquer forma, o presidente da Caixa garantiu que “a Caixa não recebeu sequer um pedido de atenção por parte do Governo para qualquer análise ou para ter cuidado com esta área ou outra”, isto durante a preparação do plano de fecho de agências. Segundo Macedo, a Caixa “não teve de resistir a qualquer pressão porque não houve qualquer pressão”.