Começou esta quarta-feira a 10ª edição da conferência para programadores da Google. O I/O (de “Input/Output”) decorre até sexta-feira, em Mountain View, Califórnia (EUA). O diretor executivo da empresa, Sundar Pichai, abriu a sessão apontando caminho com uma ideia chave: Making AI Work For Everyone.
A Google está determinada a fazer chegar a Inteligência Artificial (IA) a todos os produtos e utilizadores, que já são mais de mil milhões no ecossistema Google. Junte-se a este um número ainda maior, anunciado também na abertura: o sistema operativo Android já corre em mais de dois mil milhões de smartphones e tablets.
O Android é rei e senhor mas a Google quer chegar a todo o lado, por isso o Assistente Pessoal da Google vai chegar ao iOS para fazer concorrência à Siri. Para já apenas disponível nos Estados Unidos, o assistente da Google vai ter uma presença limitada nos dispositivos da Apple, tendo apenas acesso a tarefas simples tais como enviar uma mensagem ou pôr a tocar uma música no Spotify. Funções tais como criar um alarme vão continuar a ser exclusivos da Siri.
Seja como for, a chegada do Assistente ao iPhone vai ser mais um (e importante) veículo de recolha de informação, que é a matéria prima que alimenta a “aprendizagem das máquinas” (Machine Learning), um mecanismo tecnológico ligado à IA que foi também bastante evidenciado na apresentação.
Outro passo importante: o assistente pessoal da Google vai passar a reconhecer outros idiomas além do inglês – nomeadamente o português do Brasil (a partir do verão) – e vai aceitar também a palavra escrita. O reconhecimento de voz já ocupa uma parte importante no desenvolvimento deste produto da Google, mas as imagens também.
Daí que o Google Lens, anunciado também nesta quarta-feira, tenha sido dos mais aplaudidos porque tem tudo para ser, arriscamos a dizer, viciante. Trata-se de uma ferramenta que é capaz de, em tempo real, identificar locais (um monumento, loja ou restaurante, com a devida cotação atribuída pelos utilizadores do Google Maps) ou objetos e plantas – como foi demonstrado na apresentação, ao identificar o nome de uma flor. Ou ainda criar um evento no calendário a partir de uma imagem.
Outro exemplo do poder desta tecnologia: ao apontar a câmara para os códigos de identificação de um router, o sistema interpreta a intenção de se ligar a ele e… liga-se. O mundo vai ficar mais simples.
O Google Lens também fará parte integrante do Google Photos, ou seja, será possível aplicar esta tecnologia de reconhecimento ao arquivo fotográfico (ilimitado) da aplicação que já conta com 500 milhões de utilizadores ativos e recebe 1.2 mil milhões de imagens por dia. Os sistemas de partilha de imagens será também otimizado com novas funções e vai ser possível (com a ajuda da IA) criar álbuns de fotografias para serem impressos – Photo Books.
O próximo Android foi formalmente apresentado, vai chamar-se “O”, chega no final do ano mas já se encontra disponível na versão beta (de desenvolvimento). O Android O promete uma experiência mais fluida com o desempenho otimizado, um sistema de notificações mais integrado nas aplicações e um painel de segurança mais evidenciado que permitirá saber, por exemplo, se os dados estão seguros e se as aplicações instaladas são fidedignas.
E porque só uma pequena parte dos dispositivos Android são topo de gama, a Google preparou o novo sistema operativo para se adaptar automaticamente aos smartphones (e tablets) mais lentos e com menos memória. O Android Go será uma versão mais leve do Android que vai permitir uma utilização mais eficaz nos equipamentos que possuem até 1GB de RAM.
Vai existir uma App Store com aplicações otimizadas para estes dispositivos (conhecidas por versões “Lite”), nomeadamente o YouTube Go, que vai conseguir tocar vídeos através de ligações à internet de baixa velocidade, permitindo também um maior controlo do consumo dos dados móveis. É desta forma que a Google se prepara para os próximos mil milhões de utilizadores.
A dimensão do universo Google obriga-nos a levar muito a sério o propósito anunciado por Sundar Pichai. A Inteligência Artificial vai estar mesmo em todo o lado, resta-nos aprender a lidar com ela.
Pode acompanhar a conferência Google I/O neste link.