Saffie era apenas uma menina de oito anos a assistir a um concerto. Elaine, 43 anos, era polícia e tinha ido ver o concerto com o marido. Cloe e Liam, de 17 e 19, eram um casal “inseparável”. Sorrell, uma estudante de 14 anos, estava com a mãe e a avó na Arena. Michelle, 45, foi com a filha e uma amiga. Kelly, de 32, protegeu a sobrinha com o próprio corpo. Alison e Lisa, 45 e 47 anos, estavam à espera que as filhas saíssem do recinto, tal como Marcin e Angelika, de 42 e 40.

A vítima mais velha do atentado de Manchester tinha 50 anos. Saffie era a mais nova. Em média, as vítimas tinham menos de 28 anos de idade – ou 22 anos, se apenas forem consideradas as que tinham estado a assistir ao concerto da artista norte-americana. São as vítimas de Salman Abedi, um britânico, filho de um casal de cidadãos líbios que se tinha refugiado no Reino Unido.

Georgina Callander, 18 anos

Georgina era uma confessa fã de Ariana Grande. A rapariga, de 18 anos, tinha confessado estar “super excitada” com a possibilidade de ver o seu ídolo de perto quando pegou no bilhete, no dia anterior ao concerto. Há dois anos conheceu pessoalmente a artista e o momento ficou eternizado na sua conta de Instagram. “Obrigado por tudo, meu amor, tenho saudades tuas”, escreveu a jovem. Georgina Bethany Callander foi a primeira das 22 vítimas identificadas pelas autoridades.

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Alison Howe e Lisa Lees, 45 e 47 anos

As filhas, adolescentes, ainda estavam no interior da sala do concerto, como dezenas dos jovens que foram à Arena e se demoravam no interior, resistentes a aceitar que o espetáculo já terminara. Alison e Lisa estavam há alguns minutos à espera das respetivas filhas no hall de entrada do pavilhão. Tinham feito meia hora de viagem desde Royton, Oldham, e preparavam-se para fazer o caminho de regresso quando se deu a explosão.

Saffie-Rose Roussos, 8 anos

A menina de oito anos foi um dos rostos mais difundidos entre as vítimas do atentado. É a mais nova do grupo de 22 pessoas mortas na sequência do ataque à Manchester Arena.

Saffie estava na sala com a mãe e a irmã mais velha, Lisa. Estão ambas internadas, em hospitais diferentes da região de Manchester — porque o elevado número de feridos, 116, não podia ser encaminhado apenas para uma unidade de saúde — depois de terem sido atingidas por fragmentos da bomba usada por Salman Abedi. “A ideia de que alguém possa ir a um concerto e não voltar para casa é devastadora”, disse Chris Upton, um dos professores da escola de ensino primário da comunidade de Tarleton, de que Saffie fazia parte.

Marcin e Angelika, 42 e 40 anos

Mudam os nomes, repete-se a história. Marcin e Angelika Klis estavam à entrada do pavilhão. A filha do casal, uma estudante de York de 20 anos, ainda estava no interior da sala.

A ideia era seguir diretamente para casa. A viagem ainda era longa: cerca de uma hora de estrada pela frente até chegar a York. A notícia foi confirmada pelo ministério dos Negócios Estrangeiros polaco, de onde a família tinha emigrado. A mesma mensagem acrescentava: além da filha, Patricia, que tinha estado a assistir ao concerto, Marcin e Angelika deixaram um filho órfão, Alex.

Kelly Brewster, 32 anos

Talvez nunca venha a ser possível descobrir se não passou de um feliz acaso no meio da tragédia ou se Kelly agiu com intenção quando se colocou à frente da sobrinha. Certo é que o corpo da tia recebeu todo o impacto da bomba que rebentou a poucos metros de distância, poupando a criança, que sobreviveu ao atentado de segunda-feira à noite.

A história teve eco na zona onde a britânica viva. Quando se confirmou a morte, a foto de Kelly foi publicada na primeira página de uma edição a negro do jornal “The Star” onde a mulher é considerada uma “heroína” por ter “protegido” a sobrinha.

Ainda assim, a sobrinha, Hollie Booth, ficou com fraturas nas duas pernas. A mãe da criança também estava no concerto. Chegou ao hospital com uma fratura no queixo.

Jane Tweddle-Taylor, 50 anos

Jane era rececionista na academia de South Shore. No início da semana, para fazer um favor a uma amiga, precisou de quase uma hora para percorrer os quase 80 quilómetros que separavam o centro de Manchester de Blackpool, a norte da cidade, na costa oeste da ilha. Estava à entrada do pavilhão no momento da explosão. Os colegas da academia tornaram pública uma mensagem de homenagem. “Os nossos pensamentos estão com a família neste momento difícil, em particular com as três filhas”.

Michelle Kiss, 45

A maior parte das vítimas era jovem. Muito jovem. Nove das vítimas mortais tinha 18 anos ou menos. É natural, tendo em conta o tipo de concerto dessa noite na Manchester Arena — Ariana Grande, a artista, tinha fidelizado a sua audiência junto do público mais jovem. A filha de Michelle, por exemplo, tem apenas 12 anos. A criança sensibilizou muitos dos que acompanharam os acontecimentos da noite de segunda-feira.

Perdido o contacto com a mãe, provavelmente ainda sem perceber muito bem a dimensão da tragédia em que tinha estado envolvida, Millie foi fotografada quando se refugiava no conforto do abraço de uma das agentes da polícia que chegou ao local logo após a explosão. Além de filha e mãe, uma outra amiga tinha estado na Arena para ver o concerto. Apenas Michelle perdeu a vida.

Chloe Rutherford e Liam Curry, 17 e 19 anos

Eram “inseparáveis“, escreveram as famílias dos dois jovens num comunicado conjunto. Nas primeiras horas, incapazes de chegar ao contacto com os dois jovens, vários amigos recorreram às redes sociais para pedir aos seus contactos que não desistissem de procurar Chloe e Liam. A confirmação da notícia chegou horas mais tarde.

Sorrell Leczkowski, 14 anos

A avó de Sorrell ainda está em coma. Terá perdido a consciência com o impacto da explosão que se fez sentir a alguns metros de distância. Foi operada assim que chegou ao hospital para que lhe fosse retirados estilhaços do corpo.

A mãe da jovem de 14 anos também está internada. Com o drama a irromper pela casa da família de Leeds, a tia de Sorrell lançou uma campanha de angariação de fundos na Internet porque o pai da menor, assim que soube do atentado, viajou para Manchester. Tem estado à cabeceira da cama da mulher desde a primeira hora mas, como trabalha por conta própria, arrisca perder o sustento.

Nell Jones, 14 anos

Nell também tinha 14 anos. Nos dias que se seguiram à morte da menor, uma das professoras da escola multiplicou-se em sucessivos encontros com grupos de alunos da escola que Nell frequentava.

Acabei de sair de seis assembleias com os alunos para lhes dar conta da notícia. Há crianças a chorar por todo o lado. Estamos todos devastados.

Megan Hurley, 15 anos

Foi uma das últimas vítimas mortais a ser identificadas pelas autoridades britânicas. Os pais de Megan ainda não terão saído de um dos hospitais para onde foram encaminhados os mais de 100 feridos. O irmão de Bradley, que ficou ferido no ataque, continua a recuperar das lesões provocadas pelo impacto e pelos detritos projetados com a explosão. Megan completaria 16 anos na próxima semana.

Wendy Fawell, 50 anos

Foi o filho de Wendy quem recorreu ao Facebook para deixar uma mensagem pública. “É com profunda tristeza que digo que a minha mãe, Wendy Fawell, perdeu a vida em consequência do ataque terrorista em Manchester, na noite de segunda-feira”. A morte de Wendy só foi confirmada na tarde de quinta-feira, quase três dias depois do ataque. A par de Jane Taylor, era a mais velha das vítimas mortais.

Olivia Campbell, 15 anos

“Não consigo contactá-la. Já liguei para os hospitais. Já liguei para todo o lado, para os hotéis para onde me dizem que foram levadas as crianças”. A mensagem era um pedido de ajuda desesperado. Desde que soubera do ataque, a mãe de Olivia Campbell não conseguia chegar ao contacto com a filha. “Liguei para a polícia. Não há qualquer informação, tenho de esperar. Estou à espera em casa, para o caso de ela aparecer aqui“, desabafou a mulher, em declarações a um programa de televisão britânico.

Olivia não voltou a aparecer. Morreu com a explosão da bomba artesanal.

Martyn Hett, 29 anos

Desde que soube que Martyn tinha morrido no atentado de Manchester, Russell Hayward tem republicado várias mensagens e vídeos do namorado que “deixou o mundo da mesma forma que vivia, como centro das atenções”. Martyn, profissional de Relações Públicas, foi vencedor de um programa de televisão, Come Dine With Me (Vem Jantar Comigo), tornando-se, a partir desse momento, uma figura reconhecida pelo público britânico.

Preparava-se para partir numa viagem de dois meses pelos Estados Unidos quando foi envolvido no atentado. “Soubemos na noite passada que o nosso maravilhoso, icónico e lindo Martyn não sobreviveu”, disse o namorado quando se confirmou a morte. “Aconteceu estar no lugar à hora errada”, lamentou a família.

Courtney Boyle e Philip Tron, 18 e 32 anos

Courtney e o padrasto estiveram alguns dias dados como desaparecidos. Devido ao nível de destruição provocado pela bomba, só na quinta-feira puderam ser identificados.

A mãe de Courtney perdeu a filha e o companheiro no atentado. “Minha filha deslumbrante, fantástica e linda, tu eras a minha base, deixaste-me tão orgulhosa por tudo aquilo que alcançaste. Meu belíssimo e doido Philip, tornavas o meu mundo um llugar feliz e agora estão ambos com os anjos, a voar alto no céu”, escreveu a mulher. A jovem de 18 anos tinha uma irmã.

Elaine McIver, 43 anos

Elaine, uma agente da polícia britânica, estava de folga e foi uma das pessoas que assistiu ao concerto de Ariana Grande na Manchester Arena. Ela, o marido e o filho tinham comprado bilhetes para poder ver a estrela pop norte-americana perto de casa. O marido ficou ferido e está em estado grave no hospital. A criança também ficou com ferimentos resultantes da explosão mas não estará numa situação tão crítica. “A Elaine adorava simplesmente a vida e tinha um grande amor pela música. Apesar daquilo que lhe aconteceu, ela quereria que todos conseguíssemos seguir em frente e não ter nos deixarmos assustar por táticas de medo. Muitas vezes, ela incitava-nos a levantar a cabeça e combater essa tática”, disse a família, num comunicado lido pelo comandante da esquadra onde Elaine servia a Polícia.

Eilidh MacLeod, 14 anos

O bilhete para o concerto tinha sido uma prenda de aniversário. Eilidh e a amiga Laura, um ano mais velha, estavam lado a lado quando se deu a explosão. Eilidh morreu de imediato, mas a amiga foi transportada para um hospital próximo da Arena, onde foi identificada pelas autoridades apenas 20 horas mais tarde.

Tinham feito uma das viagens mais longas de que há registo, entre as vítimas do atentado, para ver de perto Ariana Grande. Foram quase 800 quilómetros, a partir de Outer Hebirdes, no norte da Escócia. Quando soube da notícia, o pai viajou de imediato para Manchester para juntar-se à mãe da jovem, que já estava na cidade. Durante várias horas, procuraram pela filha, na esperança de que as autoridades apenas tivessem perdido o rasto à menor na confusão que seguiu à explosão. “A nossa família está devastada e as palavras não podem exprimir como nos sentimos por termos perdido a nossa querida Eilidh”, escreveram os pais.

John Atkinson, 26 anos

John fazia parte do grupo de dança Freak Dance Radcliffe. Os elementos do grupo foram apenas algumas das pessoas a publicar mensagens de apoio e de despedida do jovem de 26 anos, vítima do atentado de segunda-feira. “Hoje é um dia incrivelmente triste! Perdemos um membro da nossa família de dança”, diz uma mensagem publicada pelo grupo.

O dançarino, que participava em competições de dança, estava a sair da sala da principal sala de espetáculos de Manchester quando Salman Abedi acionou o detonador da bomba que acabaria por matar 22 pessoas.