Universo Porto da Bancada… e das acusações ao Benfica. Depois da polémica da cartilha, do alegado apoio ilegal às claques e do suposto condicionamento do líder da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves, Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões, voltou ao ataque no programa de terça-feira à noite no Porto Canal para denunicar aquilo que considera ser “um esquema de corrupção para favorecimento” do clube rival, que vai responder com um processo-crime. Mais um.
De acordo com o Expresso, o Ministério Público já terá aberto um inquérito à troca de emails denunciada terça-feira à noite no Porto Canal por Francisco J. Marques, encaminhando uma denúncia anónima do caso para o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Acusação 1. A cartilha para os comentadores que chegava ao presidente
Foi a 4 de abril que Francisco J. Marques fez a primeira grande acusação ao Benfica com recurso a emails: os encarnados, por intermédio de Carlos Janela, entregariam aos vários comentadores televisivos um documento com indicações sobre os principais temas que deveriam referir nos programas semanais em que participam. “Um tem 22 páginas, outro nove páginas, por isso é que falam com a mesma cartilha”, referiu, antes de ler algumas das passagens da missiva que, dois dias depois, foi disponibilizada publicamente através da newsletter Dragões Diário (nessa mesma noite o Porto Canal mostrou parte de uma das folhas do documento).
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Na semana seguinte, o diretor de comunicação voltou à carga, enumerando o nome das 23 pessoas que receberiam esse documento semanal com Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, à cabeça entre vários comentadores de programas televisivos e de rádio. Francisco J. Marques referiu até quem tinha acesso ao documento desde 2009, 2012 e a partir de 2014, confirmando assim que a prática tinha pelo menos oito anos.
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Após a denúncia, Carlos Janela recusou-se a confirmar que seria o autor da tal “cartilha”, como começou a ser abordada, ao passo que o Benfica se demarcou da mesma, dizendo que não era algo que passasse pelo clube.
(a partir do minuto 50:34)
https://www.youtube.com/watch?v=RYyM4wJDfag
Acusação 2. O apoio do Benfica às claques não legalizadas
Na semana seguinte, dia 11 de abril, o foco foi o suposto apoio do Benfica às claques não legalizadas do clube, algo passível de punição por lei. Francisco J. Marques explicou que recebera um email que o remetia para um blog chamado Benfica Leaks, onde estariam imagens de uma correspondência trocada entre Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD encarnada, e Rui Pereira, chefe de segurança das águias. Aí, o segundo manifestava a sua preocupação por uma ocorrência na área de serviço de Aveiras, no regresso dos adeptos do jogo em Braga, onde elementos ligados à claque No Name Boys teriam fugido na auto-estrada sem pagar o abastecimento.
(a partir do minuto 51:15)
https://www.youtube.com/watch?v=4gqAx6gmEt8
“A senhora da área de serviço disse aos polícias que seriam carrinhas do Benfica. Questionando a senhora porque dizia tal coisa, disse que pediram fatura com o NIF do Benfica. A PSP há muito que nos diz que o SLB paga o aluguer destas carrinhas aos No Name e que considera tal prática como um apoio ilegal. Ficaram no domingo a saber que, além do aluguer, o SLB ainda lhes paga o combustível. A PSP diz que vai fazer um auto de notícia da ocorrência e que pode sobrar para o SLB”, leu numa das passagens desse alegado email.
O Benfica reiterou que não dá qualquer tipo de apoio a claques, destacando que essa questão não se coloca a partir do momento em que todos os sócios do clube devem ter os mesmos direitos e deveres.
Acusação 3. Tentativa de aliciamento do Benfica ao presidente da APAF
A 18 de abril, Francisco J. Marques voltou a utilizar uma alegada correspondência interna por emails por responsáveis do Benfica para condicionar o presidente da APAF, Luciano Gonçalves. Essa conversa teria sido mantida entre três pessoas dos encarnados: Ana Paula Godinho, relações públicas do clube; Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD; e Paulo Gonçalves, assessor jurídico. “O procedimento do Benfica procura comprometer Luciano Gonçalves. Não estamos a falar de um caso antigo, isto é agora”, disse.
(a partir do minuto 43:50)
https://www.youtube.com/watch?v=EopNexmQm8g
Nessa comunicação, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, pede como presidente da Mesa da Assembleia Geral do Centro Recreativo de Alcanadas, uma aldeia na Batalha, o responsável pergunta a Ana Paula Godinho se haveria hipóteses de comprar 50 bilhetes mais baratos por forma a oferecer e levar avós e netos da localidade que nunca tinham ido a um jogo de futebol ao Benfica-Marítimo, no feriado da última sexta-feira. O email foi depois reencaminhado para Domingos Soares de Oliveira, que responde com conhecimento de Paulo Gonçalves, que por sua vez comenta também o facto e a relação do clube com o líder da APAF.
O Benfica, sublinhando que, além do crime informático em causa, existiu manipulação e deturpação da informação que estava nesses emails, assumiu que iria avançar com uma queixa-crime contra diversos alvos (FC Porto, Porto Canal, Francisco J. Marques) pelo crime de pirataria informática. Essas queixas terão seguido para variados órgãos, entre os quais o Ministério Público, a Polícia Judiciária, a ERC e a própria CMVM.
Acusação 4: O esquema de corrupção para favorecer o Benfica
Os ataques portistas ao Benfica continuaram, mas deixando de recorrer ao uso de emails. Até ontem, terça-feira, dia em que Francisco J. Marques denunciou um alegado esquema de corrupção para favorecer o Benfica.
(a partir do minuto 24:00)
https://www.youtube.com/watch?v=UjYSM22WqL0
A troca de emails teria ocorrido entre Adão Mendes, um antigo árbitro de Braga, e Pedro Guerra, diretor de conteúdos da BTV, na temporada de 2013/14. Aí, Adão Mendes destacava o trabalho do “primeiro-ministro”, numa espécie de nome de código para Luís Filipe Vieira, e destacava os melhores árbitros “mesmo não serem internacionais”, casos de Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Bruno Esteves, Manuel Mota, Vasco Santos, Rui Silva, Hugo Pacheco e Paulo Batista. “Hoje o Benfica manda e os outros não mexem nada. Hoje sabem que quem nos prejudicar será punido”, relatava a missiva alegadamente enviada para Pedro Guerra.
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Depois de considerar a acusação um absurdo, o Benfica esclareceu em comunicado que vai avançar com um processo-crime contra o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques.
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