“Estabilidade” é provavelmente uma das palavras que mais vezes se têm repetido em Alvalade e na Academia. Depois de uma temporada aquém das expectativas a nível de futebol profissional, e de uma série de casos (alguns estéreis, como a possível ida de Jorge Jesus para o PSG) envolvendo o clube, o Sporting parece apostado em definir um novo rumo que aproxime a equipa do rendimento de 2015/16. E quando as coisas pareciam mais serenas, eis que uma carta registada que Octávio Machado enviou na passada semana veio abalar esse sentimento tão desejado.

Octávio Machado, que exercia funções de diretor do futebol leonino desde que Jorge Jesus assumiu o cargo de treinador, há dois anos, era sobretudo uma voz de defesa dos interesses leoninos em períodos de maior guerrilha. Mais do que mexer nas pastas dos ativos, o “Palmelão” funcionava como figura conhecedora dos meandros do futebol e com experiência para funcionar como peça importante na estrutura montada. Até agora, claro.

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O responsável terá alegado motivos pessoais para a saída. O contrato que tinha rubricado em 2015 acabava agora, mas havia a hipótese de continuar no cargo, algo que não quis. No entanto, não deixou de revelar toda a sua amargura por ter visto a notícia divulgada num jornal desportivo. Sem nunca falar em nomes, Octávio Machado, quando contactado pelos diários Record e A Bola, atribuiu a fuga “a um cobarde nojento”. “Que dê a cara, porque é mesmo de um cobarde que se trata. São notícias que têm sido colocadas nos jornais há um ano e, por isso mesmo, espero que essa pessoa saia do anonimato”, sublinhou, visivelmente agastado com toda a situação.

A saída do antigo treinador dos leões na década de 90 (comandou a equipa na época de estreia na Liga dos Campeões e conquistou uma Supertaça), pelo menos do departamento de futebol, era algo há muito falado nos corredores de Alvalade. Nem tinha a ver com o trabalho que fazia em concreto, mas mais com uma mudança de política e estrutura pensadas no futebol verde e branco. Com a subida do peso de André Geraldes, responsável pelo Gabinete de Apoio aos Atletas do clube, e a maior influência que Bruno de Carvalho terá em termos de SAD, a margem de Octávio e aquilo que podia acrescentar foi-se esfumando.

Ainda assim, existem agora contactos para, caso se confirme mesmo a saída do Sporting, a mesma seja feita de forma airosa e sem “lavagem de roupa suja” em público. Falou-se até na possibilidade de Octávio continuar ligado aos leões, chefiando o Gabinete de Relações Internacionais, mas essa parece ser uma possibilidade afastada. Bruno de Carvalho, que foi castigado no final da última época, tal como Octávio, tentará ainda demover o ex-técnico da intenção, um cenário pouco provável nesta fase do processo.

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Em paralelo, a SAD verde e branca está a fechar algumas pastas ligadas ao plantel da próxima temporada, prevendo-se a apresentação de Battaglia, médio do Sp. Braga, nos próximos dias. Há ainda a possibilidade de Fábio Coentrão poder reforçar a equipa, por empréstimo do Real Madrid. Este processo ficará também decidido em breve.