O líder dos Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, decidiu afastar três deputados do seu partido que votaram a favor da continuidade do Reino Unido no mercado único europeu e na união aduaneira no pós-Brexit, desrespeitando assim as orientações da direção do Labour.
A notícia está a merecer naturalmente o destaque de vários órgãos de comunicação social, que dão detalhes sobre a rebelião que se bateu contra Corbyn, em pleno Parlamento britânico. Na quinta-feira, um conjunto de 49 deputados trabalhistas tentou fazer passar uma proposta que, além de defender a permanência do Reino Unido no mercado comum, obrigava o Governo conservador a não sair da União Europeia sem um acordo. Mais: que esse acordo ficasse dependente da aprovação do Parlamento.
Estes 49 deputados desafiaram abertamente Jeremy Corbyn, que tinha dado instruções claras aos seus deputados para que se abstivessem na votação. Perante a rebelião, o líder trabalhista afastou três dos seus ministros sombras. E ainda uma houve uma quarta baixa: Daniel Ziechner, assumidamente a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia, acabou por deixar a pasta de ministro sombra dos Transportes ainda antes da votação, argumentando que tinha de se manter à sua posição de princípio.
De acordo com fontes do Partido Trabalhista ouvidas pelo The Guardian, a decisão de Corbyn causou desconforto entre alguns deputados trabalhistas, que vão lembrando que, uma vez eleitos como defensores da permanência do Reino Unido na União Europeia, se têm de manter fieis aos seus eleitores.
Além disso, há um problema estrutural que os trabalhistas ainda não conseguiram debelar: encontrar uma voz comum sobre o Brexit. No interior do partido, há quem defenda a saída da União Europeia, há quem defenda a permanência, há quem defenda a permanência desde que acompanhada por alterações concretas nos termos do acordo e há, agora, quem defenda que o Partido Trabalhista se deve organizar em torno de uma oposição decidida contra a saída do país da União. Mesmo gozando de uma popularidade sem precedentes, com sondagens que dão Corbyn à frente de Theresa May, a verdade é que o líder dos trabalhistas ainda não conseguiu unir o partido em relação ao Brexit.