Foi no chamado Audi Summit, realizado em Barcelona, que a marca dos quatro anéis revelou oficialmente a quarta e mais recente geração do seu modelo de topo. Com chegada ao mercado prevista para Novembro (ainda sem preços conhecidos para Portugal), o novo A8 define o caminho que o seu construtor pretende seguir no futuro, tanto em termos de estilo como, sobretudo, ao nível da tecnologia.
Isto porque o novo porta-estandarte da casa de Ingolstadt pretende não só assumir-se como uma das propostas mais evoluídas do mercado em termos de condução autónoma, como conta com uma componente eléctrica em todas as suas motorizações, mas nem por isso deixa de oferecer todo o requinte e as soluções de conforto capazes de garantir uma experiência de nível superior a todos quantos sigam a bordo. E quais são os principais atributos que fazem do novo A8 um modelo tão especial para a Audi?
1- Uma questão de estilo
Ao A8 cabe, entre outras tarefas, introduzir na oferta da Audi a sua nova linguagem estilística, inspirada nos princípios introduzidos pelo protótipo Prologue, revelado no Salão de Los Angeles de 2014. Neste particular, é particularmente válida a máxima de que as imagens tendem a valer bastante mais do que as palavras. Mas, ainda assim, há alguns pontos que vale a pena sublinhar e reter.
Na frente, uma das secções mais marcantes do veículo, o destaque principal vai, sem dúvida, parta a imponente grelha dianteira de colocação vertical, que se combina com as linhas fluídas mas musculadas para criar a ambicionada elegância desportiva. A identidade estética do modelo é, em boa parte, assegurada, de dia como de noite, por uma assinatura visual a cargo das ópticas dianteiras por matriz de LED com iluminação laser, e pelos farolins traseiros com tecnologia OLED, elementos capazes de oferecer animações únicas quando o condutor se aproxima ou afasta do veículo.
2- Qual é o melhor lugar a bordo?
Não obstante o novo A8 contar com soluções mecânicas de vanguarda, capazes de assegurar uma experiência de condução de excelência, a Audi afirma que o melhor lugar a bordo será, apesar de tudo, o traseiro direito, em especial na versão longa A8 L, com mais 13 cm entre eixos do que a “normal”, já de si com 5,17 metros de comprimento. E tem boas razões para isso.
Assemelhando-se a um amplo e sumptuoso lounge, o habitáculo do A8, na referida versão de distância entre eixos mais comprida, propõe, como opção, para o lugar direito traseiro, um banco especial de relaxamento com quatro diferentes ajustes, dotado ainda de um apoio de pés em que o respectivo utilizador pode aquecer e ver massajadas as solas dos pés.
Em qualquer A8, os passageiros traseiros podem controlar, a partir dos seus lugares, uma série de funções, como as luzes de leitura por matriz, a função de massagem dos bancos e, até, fazer chamadas telefónicas privadas, através de uma unidade autónoma. O controlo remoto dos bancos traseiros, com o seu ecrã OLED de generosas dimensões, está colocado no apoio central de braços e é removível do veículo, para poder ser utilizado no exterior.
3- Mas o condutor não foi esquecido…
Não significa tudo isto, contudo, que ao condutor tenham sido dispensadas menores atenções. Bem pelo contrário. Aliás, a sua tarefa começa por ser bastante facilitada graças a uma interface bem mais evoluída e simples, que até suprime o botão rotativo e o touchpad conhecidos da anterior geração do modelo.
Agora, o elemento fulcral neste capítulo é o enorme ecrã táctil de 10,1” montado ao centro do tablier, que, quando desligado, praticamente desaparece da vista, graças à sua moldura em preto brilhante e à sua aparência de “black panel”. Já quando activo (o que acontece assim que se abrem as portas), permite controlar não só o sistema de infoentretenimento, como a grande maioria das funções do veículo – embora o condutor possa sempre usar um segundo ecrã táctil montado na consola do túnel central, para comando das funções do sistema de climatização e de conforto, assim como para introduzir texto.
O próprio sistema de infoentretenimento, além de comandos vocais mais naturais, passa a dispor da função de auto-aprendizagem, com base na rota acabada de percorrer, assim estando apto a oferecer ao utilizador sugestões inteligentes de pesquisa. O mapa, por seu turno, inclui visualizações tridimensionais altamente detalhadas das principais cidades europeias.
4- E quando não apetece conduzir?
Trunfo determinante do novo A8 é o seu sistema de condução semiautónoma, ou não fosse este o primeiro modelo do mercado especialmente desenvolvido a pensar na inclusão de evoluídas soluções de “autocondução”. Que com o passar do tempo, e a evolução da legislação dos vários países nesta matéria, irão sendo, progressivamente, introduzidas no topo de gama da Audi.
Desde já, a Inteligência Artificial do sistema de condução semiautónoma permite dispensar a intervenção humana na condução em filas de trânsito em auto-estradas, e vias análogas, a velocidades de até 60 km/h, desde que uma barreira física separe as faixas de rodagem de sentidos opostos. O sistema consegue arrancar, acelerar, curvar, travar e imobilizar-se de forma totalmente automática, sem que o condutor tenha que monitorizar em permanência o veículo. Pode, inclusivamente, tirar os olhos da estrada e concentrar-se noutra actividade, como ver televisão, que o sistema se encarregará de o avisar, convidando-o a voltar a assumir o comando das operações, assim tenha atingido os seus limites.
Tudo isto é possível graças a um sofisticado software, que compila e analisa os dados fornecidos pela habitual bateria de sensores de radar e ultra-sónicos, pela câmara dianteira e por um scanner por laser, o primeiro utilizado para este efeito por um construtor automóvel. Adicionalmente, o A8 também está apto a entrar e sair de lugares de estacionamento, e de uma garagem, de forma autónoma, neste caso nem exigindo que o condutor esteja sentado ao volante, já que ambas as manobras podem ser iniciadas, e controladas em directo numa perspectiva de 360°, a partir de um smartphone e da nova App my Audi.
5- Mecânica excelente e electrificada
Logo no arranque de comercialização, o A8 promete destacar-se da concorrência por contar com uma gama integralmente electrificada. Todas as versões disponíveis contam com um sistema eléctrico principal de 48 Volt, cujo elemento central é um alternador-gerador que permite desligar o motor, sempre que possível, a velocidades de cruzeiro estabilizadas, ao que há que juntar um sistema start/stop de última geração, e um sistema de travagem regenerativa capaz de recuperar até 12 kW.
Numa primeira fase, o modelo será animado por dois motores V6 sobrealimentados profundamente revistos: 3.0 TDI a gasóleo, com 286 cv, e 3.0 TFSI a gasolina, com 340 cv. Pouco depois chegarão as unidades V8: 4.0 TDI de 435 cv e 4.0 TFSI de 460 cv. A que seguirá, mais tarde, a motorização de topo 6.0- W12.
Garantida está, ainda, para uma fase posterior de comercialização, a chegada da versão hibrida plug-in, proposta apenas na carroçaria mais longa. No A8 L e-tron quattro, o motor 3.0 TFSI alia-se a um motor eléctrico para oferecer um rendimento combinado de 449 cv e 700 Nm, garantindo a bateria de iões de lítio uma autonomia eléctrica na casa dos 50 quilómetros. Bateria que pode ser carregada sem qualquer ligação física através do sistema Audi Wireless Charging, em que transmissores instalados no piso da garagem transferem, por indução, e com uma potência de 3,6 kW, a energia eléctrica para uma bobine montada no veículo.
6- Bem comportado
Por fim, as ligações ao solo. Na sua quarta geração, todas as versões do A8 montam o sistema quattro, de tracção integral permanente, que pode ser complementado pelo diferencial autoblocante desportivo traseiro, destinado a repartir o binário entre as rodas posteriores. A que se junta o sistema dinâmico de direcção integral, com eixo traseiro direccional, que vira no sentido contrário ao das rodas dianteiras a baixa velocidade, para facilitar as manobras e a inserção em curva, ou no mesmo sentido a alta velocidade, para melhorar a estabilidade.
Também nova é a suspensão totalmente activa, com Inteligência Artificial, capaz de interpretar os desejos do condutor para adaptar-se a cada situação de condução, nomeadamente através do aumento ou da redução da altura de cada roda, de forma praticamente instantânea e totalmente independente. Função adicional da suspensão activa é, em combinação com o sistema pre-sense 360°, elevar ao máximo a altura o veículo quando na eminência de um embate lateral, por forma a reduzir as consequências do impacto para os ocupantes – algo só possível porque a energia necessária para o efeito é fornecida pelo novo sistema eléctrico de 48 Volt.