Os alunos do 12.º ano saíram-se melhor nos exames nacionais. Olhando para os resultados dos alunos internos (os que frequentaram as aulas durante o ano), a média a Português subiu 0,3 pontos para 11,1 valores, uma subida igual à que se verificou no exame nacional de Matemática A. Neste caso a média nacional fixou-se nos 11,5 valores, de acordo com os dados do Júri Nacional de Exames, divulgados esta quinta-feira pelo Ministério da Educação.
Mas não foram só os 56.303 alunos internos que fizeram o exame de português que se saíram melhor. Também os cerca de 20 mil autopropostos tiveram um melhor desempenho, apesar de não terem chegado a terreno positivo (média de 8,3 valores). As taxas de reprovação também desceram: 6% dos internos chumbaram (contra os 7% de 2016) e 63% dos autopropostos não conseguiram nota positiva (67% em 2016).
Os resultados a Português acabam por confirmar a avaliação feita à prova deste ano. As associações de professores consideraram a prova “equilibrada” e “objetiva”.
De recordar que o exame nacional de Português esteve, este ano, envolto em grande polémica. Um professor do ensino secundário denunciou ao Ministério da Educação uma suspeita de fuga de informação sobre o conteúdo da prova. A matéria chegou ao Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e daí foi conduzida para a Inspeção Geral de Educação e para o Ministério Público. Depois de algum período de silêncio, e perante as dúvidas e expectativas dos alunos e pais, o ministro da Educação veio afirmar que a prova não seria anulada e que, se se viesse a confirmar as suspeitas, os infratores, bem como os alunos beneficiados, seriam penalizados.
Ministro da Educação garante que exame de português do 12.º ano não vai ser anulado
Entretanto, o jornal Expresso escreveu no passado sábado, que a professora suspeita de ter divulgado a informação — que começou a circular através de um ficheiro áudio via WhatsApp — Já foi identificada. Segundo o semanário, terá sido uma professora de uma escola pública da Grande Lisboa que está envolvida na preparação dos exames nacionais.
Também a Matemática A os alunos se saíram melhor este ano. Os 34.612 internos alcançaram uma média de 11,5 valores e os 14.686 autopropostos não foram além dos 6,8 valores, ainda assim uma pontuação melhor do que no ano anterior (5,9 valores). Apesar das melhorias nas notas, Matemática A continua a ser das disciplinas onde mais se chumba: 13% dos internos reprovaram (face a 15% em 2016) e 72% dos autopropostos também tiveram negativa (76% em 2016).
No caso do exame de Matemática as opiniões divergiram. A Sociedade Portuguesa de Matemática considerou a prova mais fácil e a Associação de Professores de Matemática achou-a mais difícil, embora ambas a tenham considerado acessível.
Biologia continua a melhorar. Física inverte tendência e cai para último lugar
No mesmo sentido positivo evoluíram, pelo segundo ano consecutivo, as notas a Biologia e Geologia: 10,3 valores contra 10,1 no ano passado. E a taxa de reprovação manteve-se inalterada, nos 8%. Já os alunos autopropostos, cerca de 20 mil, baixaram três décimas, de 9,3 para 9 valores, e mais de metade (57%) chumbou.
Já a Física e Química as médias voltaram a cair: de 11,1 valores para 9,9. Foi, aliás, das quebras mais significativas nas médias, mais só mesmo Matemática Aplicada às Ciências Sociais (que baixou 1,3 valores). Esta descida nas notas de Física e Química chega depois de três anos consecutivos de subidas e empurra a disciplina novamente para o último lugar da tabela.
Lembre-se que o exame de Física e Química A do 11.º ano gerou alguma polémica este ano, com um grupo de professores a dizerem nas redes sociais que a prova tinha sido construída de forma “artística” e “ardilosa” e que poderia conduzir alunos em erro. Também as sociedades de professores reagiram ao exame dizendo que dificilmente se repetiria a média de 2016.
Variações “irrelevantes” nas notas não traduzem “alteração do quadro de exigência”
No conjunto das 22 provas, as médias subiram em 15, desceram em seis e mantiveram-se a Filosofia (10,7 valores).
O Júri Nacional de Exames destaca “o facto de as médias das classificações dos vários exames relativas aos alunos internos serem todas superiores a 95 pontos” e volta a repetir a mensagem do ano passado: “com exceção da disciplina de Inglês, disciplina com maioria de alunos autopropostos, verifica-se, à semelhança dos anos anteriores, que os alunos internos obtêm classificações mais elevadas do que as alcançadas pelos alunos autopropostos”.
O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), responsável pela construção das provas, sublinha que os resultados “evidenciam, como expectável, uma habitual estabilidade” e que “as variações interanuais dos resultados, na generalidade das disciplinas, são de amplitude irrelevante” e “mesmo as maiores diferenças, face à fase homóloga em 2016, não fogem ao quadro de variabilidade normal”, nem “traduzem, por isso, uma alteração do quadro de exigência em matéria de dificuldade dos itens ou da sua complexidade face a anos anteriores”.
O instituto refere que “a conceção das provas procura manter estável a sua estrutura e nível de dificuldade aparente, pelo que possíveis inferências sobre a evolução da qualidade das aprendizagens também não podem ser feitas a partir de resultados” e que as variações observadas resultarão antes “de um somatório de variáveis onde se incluem o público-alvo, em primeiro lugar, a que acrescem outras, como a natureza específica dos itens, novos e sem qualquer pré-testagem, ou ainda ajustamentos em algumas provas ou nos seus critérios de classificação”.
Os exames finais nacionais do secundário foram realizados em 647 escolas. Ao todo foram realizadas 332.340 provas, cerca de 2.500 provas a mais do que aquelas que foram realizadas na primeira fase do ano passado. O Ministério da Educação acrescenta ainda, em comunicado enviado às redações, que estiveram envolvidos na realização dos exames às 22 disciplinas do secundário cerca de 10 mil professores e que mais de 7.000 participaram no processo de classificação das provas.