O incêndio de Alijó foi dado como extinto depois de quase três dias e de muitos prejuízos deixados no concelho do distrito de Vila Real, anunciou o presidente da autarquia local. Carlos Magalhães afirmou aos jornalistas que o “incêndio está extinto” mas garantiu que o “importante é estar prevenido” pelo que, frisou, os meios vão manter-se no terreno esta noite de terça-feira e durante o dia de quarta-feira.

O reforço de efetivos no terreno e a descida de temperaturas permitiram controlar durante a noite cerca de 80% do incêndio que lavra e Alijó desde domingo, informou esta terça-feira o presidente da Câmara, Carlos Magalhães.

Felizmente a noite foi-nos favorável. A estratégia que foi disposta no terreno resultou com a previsão da descida da temperatura. Houve algum aumento da humidade e as máquinas de rastos que foram colocadas e a técnica do contrafogo tudo isso resultou”, explicou o autarca.

Num ponto da situação feito aos jornalistas às 9h00, foi dito que, face à evolução do incêndio nas últimas horas, é expectável que durante a manhã se consiga controlar o incêndio. Apesar disso, anotou o autarca, não deixa de haver preocupação face à previsível subida de temperatura nas próximas horas.

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“Todo o incêndio causa sempre preocupação. Há um ligeiro vento que se está a levantar e a temperatura vai subir. Vamos entrar naqueles momentos críticos, lá para o meio dia, uma hora, em que tudo poderá acontecer”, observou.

A utilização de oito máquinas de rasto e ferramentas manuais durante a noite ajudou a travar a progressão do incêndio de Alijó, assinalou o comandante operacional distrital de Vila Real.

“É um trabalho difícil, porque queremos ancorar o incêndio, isto é, terminar o incêndio numa zona onde não haja combustível. Isso está a ser feito à custa de utilização de máquinas e ferramentas manuais e iremos promover ações com meios aéreos para arrefecimento de pontos quentes”, explicou Álvaro Ribeiro. As máquinas de rasto que estão a atuar o terreno são do Exército e outras da Câmara de Alijó.

O presidente da Câmara de Alijó, Carlos Magalhães, decretou na segunda-feira Estado de Emergência Municipal por causa do incêndio que deflagrou na madrugada de domingo. A Comissão Municipal da Proteção Civil esteve reunida esta noite no posto de comando instalado na Chã e, no final, o autarca anunciou que o Plano de Emergência Municipal foi ativado. A ministra da Administração Interna foi informada.

As chamas aproximaram-se e rodearam algumas aldeias durante a tarde de segunda-feira, nomeadamente Vila Chã, Francelos, Pegarinhos e Porrais, já no concelho de Murça, e os acessos a estas localidades estão bastante condicionados. Na localidade de Vila Chã, alguns terrenos agrícolas foram queimados, deixando a população local assustada com a proximidade das chamas.

O responsável pelas operações no terreno, Pedro Duarte, referiu que as cerca de 30 pessoas, principalmente idosos e crianças, que foram retiradas das aldeias de Chã, Vila Chã e Casas da Serra, já regressaram às suas casas. O responsável adiantou que uma casa de habitação foi atingida pelas chamas, que queimaram ainda alguns armazéns de arrumos e agrícolas.

Relativamente aos prejuízos causados pelo incêndio, o comandante operacional disse, na segunda-feira de manhã, que é uma avaliação que ainda não está feita e as “situações estão monitorizadas e avaliadas pelo serviço municipal de Proteção Civil”.

“Tem havido algumas situações pontuais. Tivemos uma situação na Guarda, com quatro habitações devolutas que foram atingidas pelo incêndio e uma segunda habitação. Mas têm sido situações sem grandes problemas e sem danos de maior para a população e não há qualquer registo de feridos nestes incêndios, para já”, afirmou Miguel Cruz.

SIRESP voltou a falhar

Durante a tarde de domingo, o presidente da Câmara de Alijó, Carlos Magalhães, que descreveu o incêndio como “gigantesco”, deixou críticas à falta de prevenção contra incêndios.

Está aqui o retrato do que não se deve fazer. Estamos todos os anos a concentrar os meios de que dispomos no combate ao incêndio e, na prevenção, nada ou quase nada. O combate a este incêndio devia ter começado em outubro”, afirmou.

Carlos Magalhães denunciou ao Público que o SIRESP estava a apresentar falhas e que esta situação estava a dificultar as comunicações no terreno, já que não era possível saber, com exatidão, onde estavam posicionadas as equipas de combate às chamas e em que locais existiam incêndios. Carlos Magalhães admitiu que só recorrendo aos telemóveis as forças de segurança e proteção conseguiam comunicar.

O sistema de comunicações de emergência registou falhas, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Alijó e a situação foi reconhecida pela Proteção Civil, que enviou uma estação móvel para a zona do sinistro.

Numa nota publicada no Facebook na segunda-feira, a Proteção Civil esclareceu que “foram registados intermitências pontuais” mas que de imediato foi acionada uma estação móvel e que “as comunicações SIRESP naquele teatro de operações nunca estiveram comprometidas”.

Bloco de Esquerda questiona novas falhas no SIRESP

O Bloco de Esquerda questionou na segunda-feira o Governo sobre novas falhas no sistema SIRESP (comunicações de emergência), que terão acontecido no combate aos fogos em Alijó mas também em Pedrógão Grande.

“Confirma o Governo as falhas do sistema SIRESP, reportadas pelas autoridades no local, no incêndio deste fim de semana no concelho de Alijó?”, perguntam os deputados do Bloco, querendo também saber o tipo de falhas e quanto tempo duraram, que consequências tiveram e que medidas pensa o Governo tomar “para resolver as sucessivas falhas de comunicações da rede SIRESP”.

O primeiro-ministro, António Costa, garantiu na segunda-feira que as falhas na rede SIRESP serão corrigidas e rejeitou que só agora tenham sido descobertos problemas. “[Se] é necessário corrigir, nós obrigaremos às correções de forma a que tudo funcione a tempo e horas”, garantiu António Costa, observando que o Governo tem agora “que obrigar, naturalmente, a quem explora esse rede de emergência a cumprir as suas obrigações em pleno”.

Diz o Bloco sobre a matéria que à rede SIRESP “têm sido reportadas falhas desde a sua implementação, em 2005” e que são “múltiplos e distribuídos no tempo e no espaço os relatos das populações, mas também de autoridades, de falhas do SIRESP, muitas das quais com consequências no teatro das operações”.

* Artigo atualizado às 11h46 com novas informações