A inteligência artificial é uma “uma ameaça fundamental para a existência da civilização humana” e as pessoas, de um modo geral, ainda não têm perfeita noção disto, lamenta Elon Musk, magnata fundador da Tesla e da SpaceX. Numa conferência em que foi entrevistado perante uma vasta audiência de responsáveis políticos nos EUA, Elon Musk diz que, ainda que possa parecer “etéreo” imaginar “robôs a descer a rua e a matar pessoas“, não devemos esperar por esse momento para começar a regular esta pesquisa — “temos de ser proativos [na regulação], porque se formos reativos poderá ser tarde demais“.
Elon Musk defende que “as pessoas deveriam estar muito preocupadas” com o que acredita ser uma “corrida” às tecnologias de inteligência artificial. Este foi um dos principais temas sobre os quais o fundador da Tesla falou nos encontros de verão da National Governors Association, em Rhode Island, EUA.
As pessoas imaginam robôs a descer a rua e a matar pessoas e não sabem como reagir a isso, porque parece algo tão etéreo. Mas, quando se fala em inteligência artificial, devíamos ser proativos e não reativos. Porque acredito que, se formos reativos, quando quisermos reagir já pode ser tarde demais.
“Normalmente, o que acontece com a regulação é que algo surge, esse algo faz com que muitas coisas más aconteçam, há protestos por parte do público e, depois, passados vários anos, é criada uma agência para regular aquela atividade. Depois as empresas reagem, porque não gostam que os Governos lhes digam o que podem ou não fazer, e todo este processo leva anos e anos”, explicou Elon Musk, este fim de semana.
É certo que “sempre foi este o modo de funcionamento das coisas, o que é mau — mas nunca foi algo que representasse um risco fundamental para a existência da civilização humana“.
E é isso que a Inteligência Artificial é, segundo Musk: “uma ameaça fundamental para a existência da civilização humana”. O engenheiro canadiano-americano, nascido na África do Sul, diz que coisas como os acidentes de viação ou de aviação, medicamentos defeituosos, alimentos perigosos — todas estas coisas são problemas mas não são ameaças fundamentais para a espécie. “Julgo que as pessoas não têm uma noção real de como a inteligência artificial pode ser uma ameaça existencial e fundamental para a civilização como um todo”.
A conversa com Musk está disponível no Youtube, a partir do minuto 43 deste vídeo, sensivelmente. A discussão sobre a inteligência artificial começa perto dos 48 minutos.
“Ser limitado pela regulação não é divertido”, reconhece Elon Musk. Mas “este é o problema mais assustador que enfrentamos”. Em breve as empresas poderão estar numa espécie de corrida às armas, em que as “armas” são, aqui, tecnologia de inteligência artificial. Uma empresa que não invista em inteligência artificial vai ser esmagada pelas outras, portanto toda a gente vai querer investir “para não ser esmagado”, diz Elon Musk. É aí que devem entrar em cena os reguladores, diz Musk, que devem dizer às empresas para “abrandarem, terem calma” e certificarem-se de que não está a criar-se tecnologia perigosa.
Com bilhete de primeira fila para os grandes avanços na área da inteligência artificial, Elon Musk já tem dito várias vezes que o ritmo a que estes progressos estão a ser feitos é muito mais veloz do que as pessoas, no geral, se apercebem. E quando se fala no perigo da inteligência artificial, “não estamos a falar apenas de robôs — isso seria apenas uma faceta visível da tecnologia — a verdadeira ameaça é um enorme banco de servidores, num cofre escuro algures, com capacidade para processar informação de forma muito mais rápida do que qualquer mente humana, com olhos e ouvidos em todo o lado, qualquer câmara, qualquer microfone, qualquer dispositivo ligado a uma rede”, afirmou Elon Musk, numa entrevista recente à CNN.
Musk investe em empresas de inteligência artificial sobretudo para “manter a tecnologia debaixo de olho”. “A existência humana depende muito da informação que existe, a inteligência. Se essa inteligência for acedida, é improvável que continuemos a mandar neste planeta”, afirmou Elon Musk.
Elon Musk quer criar ligações entre o cérebro e o computador
Na conferência deste fim de semana, Elon Musk falou, também, sobre energia e sobre condução autónoma, uma das várias tecnologias que vão criar “disrupção” no mercado laboral. “Se dissermos que 12% da população ativa trabalha no setor dos transportes… isso vai ser uma das primeiras coisas a serem substituídas por máquinas que o farão muito melhor do que nós”, diz Musk, antecipando que daqui a poucos anos alguém ter um carro com condução não autónoma será como alguém que, hoje, se movimenta a cavalo.
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