Depois de entrar nos 40, a saga do aumento do peso bate à porta. Mesmo que tenha sido sempre magra e com hábitos regulares de prática de exercício físico, há sempre uns quilos a mais que teimam em persistir. Não há nada que os elimine, nem o cuidado com a alimentação nem sequer as idas ao ginásio, mesmo que aumente a frequência e intensidade. Para fazer frente a estes quilos que custam tanto a eliminar, fomos a uma consulta no Instituto Teresa Branco.

A consulta de diagnóstico é com a própria Teresa Branco, especialista em gestão do peso e conhecida do grande público por ter desempenhado as funções de fisiologista no programa televisivo Peso Pesado.

Com vários livros publicados sobre o tema, o mais recente é dedicado às mulheres a partir dos 40 anos – “Quando o Corpo Começa a Mudar”. Ao longo deste manual – e logo durante a primeira consulta – ficamos a perceber que o corpo muda mesmo com a idade, ou seja, o nosso organismo também amadurece interiormente, acabando por gerar desequilíbrios hormonais, nutricionais e metabólicos. Importa perceber em que medida é que isso acontece connosco – uma vez que não existem duas pessoas iguais – para encontrar uma solução adequada a cada caso.

História clínica e controlo hormonal

Na consulta de diagnóstico, a primeira coisa que Teresa Branco precisa de saber é a história clínica de quem tem à frente, bem como a evolução do seu peso ao longo do tempo. Neste caso, o aumento de peso e a incapacidade para o perder começou por volta dos 41 anos de idade. Mas ao tentar perceber-se em que outros momentos houve algum aumento do peso, a especialista chega a uma questão relevante e comum a muitas mulheres: a pílula anticoncecional. Neste caso, o aumento de peso coincide com a toma da pílula. No entanto, se deixar a pílula terá outros sintomas como fortes cólicas menstruais, fluxo muito abundante e uma tensão mamária que se prolonga quase durante todo o ciclo. Segundo Teresa Branco, estes são “sintomas de uma mulher que muito possivelmente já apresenta um défice de progesterona, uma das hormonas femininas”, pelo que poderá estar numa “eventual pré-menopausa”. Para termos a certeza, é preciso realizar análises clínicas específicas ao vigésimo primeiro dia do ciclo.

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Outras questões que Teresa Branco precisa de esclarecer passam pelo funcionamento intestinal, a temperatura corporal, os níveis de energia e eventuais alterações no cabelo, pele e unhas. Alguns sintomas até podem já ter sido identificados, nomeadamente, trânsito intestinal mais lento nos últimos anos, assim como má digestão de alguns alimentos, sensação de enfartamento e inchaço abdominal. A especialista acabou por concluir que tal resultava de alguns alimentos em relação aos quais foi desenvolvida uma certa intolerância, mesmo não sendo calóricos e que até sejam recomendados para dietas de controlo de peso.

A importância da avaliação da tiroide e das suprarrenais

Além do controlo hormonal ovárico, Teresa Branco achou pertinente perceber também como estaria a funcionar a tiroide. Tal justifica-se porque, nas suas palavras “de todas as hormonas, as produzidas aqui são as mais importantes, contribuindo para o desenvolvimento e função das outras glândulas”.

No decorrer da conversa, a especialista referiu ser também importante avaliar o metabolismo das suprarrenais, glândulas localizadas por cima dos rins e responsáveis pela produção de diversas hormonas. “Quando estão cansadas, o que acontece com frequência em mulheres desta idade com uma vida muito ativa e sujeitas a elevados níveis de stress, começam a produzir hormonas de forma descontrolada”, explicou. Desta forma, as suprarrenais podem estar igualmente a contribuir para o aumento do peso, dificultando o emagrecimento. Há que realizar análises, mais específicas, para ter a certeza.

Quando a fome é emocional

“E a parte emocional?”, inquiriu Teresa Branco. “Será que houve alguma alteração na forma como lida com a comida? Terá passado a comer mais em situações de stress, angústia, frustração ou mesmo de felicidade?” A resposta foi afirmativa. Desde há algum tempo que a comida estava a funcionar como um conforto, mesmo sabendo que tal não ajuda a perder os quilos pretendidos. Mas em momentos de grande ansiedade no trabalho, por exemplo, a verdade é que é difícil resistir a um chocolate ou a um pacote de batatas fritas. A conclusão foi imediata: há um padrão de fome emocional e, muito possivelmente, o desequilíbrio no organismo estaria a contribuir para uma menor saciedade e maior apetência por alimentos processados, ricos em gorduras e açúcares.

E depois da consulta?

Em cerca de uma hora, Teresa Branco conseguiu demonstrar como, na maior parte dos casos, as mulheres desconhecem o seu corpo e ignoram os sinais que este apresenta. Para poder propor uma solução para o caso, sugeriu a realização de alguns exames de carácter clínico, além das análises referidas, pois só assim é possível perceber o que se está a passar a nível metabólico. Com base nesses resultados haverá depois acompanhamento por uma equipa multidisciplinar composta por uma nutricionista, uma médica, uma fisiologista do exercício – que irá prescrever o exercício físico adequado às necessidades específicas – e ainda por uma psicóloga que vai ajudar a travar a necessidade de comer por conforto. Esta vertente não se aplica a todas as pessoas seguidas no Instituto Teresa Branco, mas neste caso revela-se necessária devido ao padrão de fome emocional detetado.

Que resultados esperar?

Quase a terminar a consulta de diagnóstico, é importante que se estabeleçam os resultados a alcançar. Teresa Branco sugeriu um acompanhamento de seis meses, através do qual será possível atingir os objetivos, ou seja, diminuir os 5 quilos pretendidos e, ao mesmo tempo, sentir o organismo a equilibrar-se com uma consequente redução da tendência para engordar. “Ao fim dos seis meses deverá conseguir controlar o seu metabolismo e sentir que ele responde muito melhor aos estímulos, além de que passará a conhecer os sintomas e a conhecer o equilíbrio do organismo de forma a ir avaliando, a cada momento, o que se está a passar, mesmo quando o acompanhamento terminar”, garantiu.

Susana e Joana são dois casos de sucesso

Desde que começou a desenvolver o seu programa, Teresa Branco já ajudou centenas de mulheres a recuperar o peso e, consequentemente, a autoestima. Susana Leitão, 49 anos, é um desses casos: “Sempre fui magra, mantendo os mesmos 55 a 57 quilos, mas há cerca de dois anos comecei a engordar. Fazia a mesma alimentação de sempre e não havia motivo para o aumento, tendo chegado aos 65 quilos.” Nem mesmo quando há 10 anos foi necessário remover metade da tiroide aumentou de peso, o que provava que algo de errado estava a passar-se agora. Procurou o Instituto Teresa Branco e realizou as análises prescritas: “Quando vieram os resultados percebeu-se que os valores da tiroide, embora estivessem dentro da normalidade, eram os responsáveis pelo aumento de peso, comparando com os valores ao longo dos anos.” Como consequência, a dosagem da medicação foi ajustada, foi prescrita uma redução de hidratos de carbono e prática de exercício físico. “A minha primeira consulta foi no dia 5 de maio e as alterações foram iniciadas 15 dias depois. Hoje já tenho os meus 57 quilos, estou como sempre estive, recuperei a minha imagem”, partilhou.

Também Joana Andrade, 43 anos, está a ser seguida com sucesso no Instituto Teresa Branco. “Fiz um primeiro programa com a Teresa Branco em 2001/2002 e na altura perdi 13 quilos. Mas agora o meu corpo alterou-se, deixei de fumar e vivi um período de transições profissionais complicadas. Recorri novamente à sua ajuda e após as análises verificou-se que a culpa era das “alterações metabólicas e hormonais normais nesta idade”. Iniciou o programa em janeiro e já perdeu cerca de 11 quilos, mas ainda espera perder mais 4 quilos, pelo menos. “Às vezes, só a alimentação e o exercício físico não chegam para perder peso, sobretudo quando em causa estão alterações hormonais, pelo que é necessário recorrer a especialistas da área”, concluiu.