Várias povoações da região centro do país continuam esta quinta-feira sem eletricidade e comunicações desde o incêndio do último fim de semana, que destruiu infraestruturas de abastecimento, antenas e cabos elétricos, disseram ao Observador fontes de diversas câmaras municipais, dos distritos de Coimbra, Leiria e Viseu.

Em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, um dos municípios mais afetados pelo incêndio na região centro (onde morreram nove pessoas), “há problemas na distribuição de eletricidade em várias zonas do concelho, havendo gente ainda sem eletricidade“, disse fonte da câmara municipal. A autarquia está a colocar geradores nos locais de maior urgência, acrescentou a mesma fonte, destacando que “em algumas freguesias os postes arderam todos”.

No que toca às comunicações telefónicas, a rede fixa apenas foi restabelecida na terça-feira e apenas na sede de concelho, mantendo-se com graves perturbações na maioria do concelho. Já a rede móvel, que “sempre foi má nas zonas mais remotas, está ainda pior neste momento”. A fonte da autarquia explica ainda que andam no terreno equipas da EDP a reconstruir as linhas elétricas, mas não das operadoras telefónicas.

Em Arganil, no mesmo distrito, a câmara municipal confirmou que “grande parte do concelho continua sem eletricidade e sem cobertura de rede móvel“. No que toca à rede fixa, foi “restabelecida em Arganil e São Martinho, sendo que no restante território continua em baixo”. A autarquia instalou geradores nas zonas de captação de água para permitir o funcionamento das infraestruturas de abastecimento.

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A mesma situação verifica-se nos concelhos de Penacova e Góis, também no distrito de Coimbra, onde ambas as autarquias confirmaram ao Observador que há povoados sem eletricidade desde o fim de semana. Em Penacova a rede telefónica (móvel e fixa) continua a falhar, sendo que nas aldeias sem energia elétrica não há comunicações. No concelho de Góis este serviço já foi restabelecido na terça-feira.

No concelho de Tábua, distrito de Coimbra, há aldeias “parcialmente sem energia elétrica”, mas “a normalidade deverá ser reposta até esta sexta-feira”, confirmou ao Observador a câmara municipal. Já ter rede de telemóvel no concelho pode ser complicado, uma vez que as antenas ficaram comprometidas e o sinal está muito fraco, confirmou também a autarquia.

Ainda no distrito de Coimbra, o acesso à rede elétrica já foi normalizado em três dos concelhos afetados pelo incêndio: Lousã, Vila Nova de Poiares e Figueira da Foz. Na Lousã, restam apenas “situações pontuais específicas” de falta de eletricidade. Em Vila Nova de Poiares, o acesso foi normalizado na terça-feira. Na Figueira da Foz, a autarquia admite que haja “situações isoladas em que o abastecimento de energia elétrica esteja em baixo, mas no concelho a situação já foi normalizada”. Nestes três concelhos, as redes telefónicas continuam com graves problemas.

Mais a norte, no distrito de Viseu, há pelo menos três concelhos que continuam sem ligação à rede elétrica. A câmara municipal de Vouzela confirmou que “ainda há zonas do concelho sem eletricidade desde o fim de semana, nomeadamente nas freguesias de Alcofre e de Ventosa, as mais afetadas pelo incêndio”. No que diz respeito a comunicações, “a rede de fibra foi totalmente destruída no concelho e as redes telefónicas fixa e móvel continuam com muitas perturbações”, detalhou a autarquia.

Em Tondela, fonte da câmara municipal também confirmou a existência de “zonas do concelho sem eletricidade e sem rede telefónica desde o fim de semana”, informando que as equipas da EDP andam no terreno a repor os cabos elétricos. Em Santa Comba Dão, os telefones da câmara nem chamam, mas uma moradora disse que várias casas do município ainda não têm eletricidade nem rede telefónica.

No litoral, o presidente da câmara da Marinha Grande, concelho onde fica a totalidade do Pinhal de Leiria, disse ao Observador que todas as comunicações e ligações à rede elétrica já foram restabelecidas, havendo apenas alguns problemas de acesso à Internet em algumas zonas do município.

Contactada pelo Observador, a EDP Distribuição esclareceu que “os recentes incêndios na zona centro do país provocaram danos significativos nas redes da EDP Distribuição, com gravidade bastante superior à verificada em junho nos incêndios de Pedrógão“. A empresa responsável pela distribuição de energia elétrica explicou ainda que “ficaram afetadas 6 subestações e estiveram fora de serviço 40 linhas de média tensão entretanto reparadas até ao final do dia de ontem [quarta-feira]”.

No que toca à rede de baixa tensão (a rede de postes e cabos elétricos responsável por levar a eletricidade das linhas de média e alta tensão às casas), “ficaram destruídos 13 postos de transformação e cerca de 100 quilómetros de linhas de forma muito dispersa por cada região”. A EDP Distribuição destaca que os municípios em que os danos foram mais significativos são Santa Comba Dão, Tondela, Vouzela, Oliveira de Frades, Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil, Pampilhosa da Serra, Góis, Mortágua, Vila Nova de Poiares, Sertã e Oleiros.

Para os trabalhos de reconstrução estão mobilizados 800 operacionais, apoiados por centena e meia de viaturas, “alguns destacados de outras zonas do país”, esclarece a empresa, assumindo que prevê “vir a ter o abastecimento de energia elétrica assegurado à generalidade dos clientes até ao final do dia de sexta-feira“. A empresa instalou também 40 geradores de emergência para substituir a rede elétrica nas zonas onde a reparação será mais demorada.

A EDP Distribuição está também a apelar aos habitantes das zonas afetadas que não toquem “em quaisquer linhas partidas” e que tenham cuidado “com a colocação de geradores em locais pouco ventilados, podendo o seu uso inadequado provocar intoxicações”.

Artigo atualizado às 22h18 com as informações prestadas pela EDP Distribuição ao Observador