Digital Design Manufactory, ou a estreia de uma nova linguagem de design, obtida através de um novo processo que conjuga dois mundos – o digital e o artesanal. Eis o novo segredo da Audi, que a marca germânica quis dar a conhecer a um conjunto de jornalistas oriundos das mais variadas latitudes do globo, e entre os quais se encontrava o Observador, no momento do desvendar das linhas do A7. Um novo coupé de quatro portas, com o prometido espaço de um sedan e a funcionalidade de uma Avant (carrinha), mas que o construtor pretende que seja, antes de mais, a sua nova faceta desportiva no segmento do luxo.

O que é isso de uma nova linguagem de design?

É muito mais que uma nova estética. É, desde logo, um novo processo de desenvolvimento de propostas, em que se procura um maior envolvimento e interacção entre todas as partes participantes, ao mesmo tempo que se avança fundindo as mais-valias oferecidas pelos últimos avanços da tecnologia, em termos de desenho computacional e a três dimensões, com o aspecto palpável e a observação real, que só a moldagem em barro permite. Em suma, é a conjugação do futuro, representado pelo desenho CAD e 3D, com o passado, mantido através das maquetes moldadas.

No caso da Audi, trata-se não apenas de um processo de desenvolvimento, mas, como também pudemos experienciar numa deslocação ao novo Centro de Design em Ingolstadt, toda uma forma de estar e viver. A começar pelos novos edifícios, concebidos segundo princípios distintos de luz e transparência, visando a partilha de espaços e experiências entre áreas até aqui segmentadas. Permitindo, por exemplo, um maior diálogo entre o design e a engenharia, entre a concepção virtual do automóvel e a sua materialização física nos primeiros esboços em barro.

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OK, é tudo muito bonito, mas como é que isso se processa?

Basicamente, trata-se de um percurso de cinco etapas, que começa na chamada fase portefólio, em que é definido o tipo de veículo e as possíveis derivações que daí possam vir a surgir. Isto, através de um diálogo em que já participam elementos do departamento técnico, e a que se segue a realização dos primeiros esboços e desenhos. Os quais, uma vez aprovados, passam então para um dos elementos preponderantes nesta nova era: a digitalização.

Nesta etapa, o veículo é então desenhado na totalidade, de forma digital, embora já não em pequenos ecrãs de computador, mas em tamanho real e em 3D. Sendo que, uma vez visto e recebida a necessária aprovação, passa então à fase de desenvolvimento, exterior e interior. A qual deixa de acontecer de forma separada e com designers e modeladores a trabalharem cada um para seu lado, para passarem a avançar através de um diálogo permanente, interferindo nas áreas contrárias, levando a cabo experimentações e evoluções, numa fusão entre o mundo digital, das imagens desenhadas com alto grau de realismo, e a realidade mais física, traduzida no molde em barro do veículo.

Utilizando ao mesmo tempo estas duas bases, os designers e os modeladores tanto se servem da imagem em tamanho real e 3D do futuro automóvel para perceberem a forma como cada plano, esquina ou superfície reage à luz ou às sombras, direccionando o design no sentido pretendido; como constroem, com recurso a máquinas, sucessivos modelos em barro e em tamanho real do futuro veículo, para ter uma melhor percepção da linguagem estética. Com os dados obtidos, tanto de uma forma como de outra, a servirem para avançar e ir melhorando. Até à obtenção do produto final desejado.

O mesmo acontece com os componentes do interior, os quais vão sendo sujeitos a um processo idêntico, visando não apenas uma estética de linhas perfeitas, mas também uma melhor integração no habitáculo, funcionalidade e ergonomia.

Como é que isso se reflecte, na prática, no novo Audi A7?

Não querendo exagerar, diríamos que de forma quase perfeita! Conforme, aliás, tivemos oportunidade de confirmar in loco, através da participação no evento em Ingolstadt, sede da Audi, que serviu para dar a conhecer esta nova era, que a segunda geração A7 promete desbravar.

15 fotos

Sobre aquele que é, para a Audi, a faceta desportiva do segmento do luxo em que pontifica o A8, além de uma espécie de versão de produção do protótipo Prologue dado a conhecer no salão norte-americano de Los Angeles de 2014, importa dizer que, com os seus quase 5 m de comprimento (4.969 mm), perto de 2 m de largura (1.908 mm) e apenas 1,4 m de altura (1.422 mm), o novo A7 não só impõe respeito, como exala estatuto e até desportividade por todos os poros!

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Utilizando a mesma base do A8 e com um corpo escultural de Gran Turismo, no qual se mantêm as quatro portas com vidros sem moldura, o novo coupé desportivo de Ingolstadt marca a paisagem em redor, desde logo, através de linhas exteriores que conseguem ser tão vanguardistas, quanto sofisticadas. Com a faceta desportiva a surgir bem expressa através de um longo capot dianteiro, uma não menos generosa cabina que se prolonga para lá dos quase 3 m (2.926 mm) que o conjunto tem como distância entre eixos, das enormes rodas (21”) bem próximas da dianteira e da traseira do carro, assim como de uma traseira a terminar praticamente no pequeno aileron integrado na tampa da bagageira. Características a que se juntam elementos fortemente distintivos, como a redesenhada grelha frontal Singleframe, maior, mais larga e a procurar evidenciar a largura do conjunto; as linhas que, ao longo do capot e laterais, procuram transmitir dinamismo e velocidade; ou ainda uma traseira agora 3 cm mais elevada, ajudando a criar um visual particularmente desportivo. Fruto também, é certo, do difusor em antracite, ou até mesmo da manutenção da asa traseira eléctrica.

Mais motivos de interesse, tem?

Sem dúvida! Além de uma paleta de 15 cores exteriores, oito das quais novas, merecedora de palavra especial é, sem dúvida, a iluminação exterior, a que as ópticas dianteiras e os farolins traseiros dão corpo. O resultado final, em termos de luz, difere totalmente de tudo o que o leitor possa já ter visto na marca dos quatro anéis, assumindo-se mesmo como um dos aspectos representativos do vanguardismo, sofisticação e desportividade que o fabricante pretende que façam, a partir de agora, parte do seu ADN.

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Propostas em três versões – LED, HD Matrix LED e Matrix LED com feixe laser -, a nova iluminação exterior do A7 distingue-se, desde logo, pela forma como nos recebe ao destrancarmos o carro, com uma espécie de bailado a percorrer tanto as ópticas dianteiras como traseiras. Uma vez terminada a “exibição”, é um olhar tipo ave rapina que nos observa – em particular, nas versões intermédia e com feixe de laser, as quais utilizam 12 segmentos de luz posicionados verticalmente e lado a lado, como forma também de representar a linguagem binária “0” e “1”.

Já na traseira, o impacto é causado com 13 segmentos de luz colocados também verticalmente em cada um dos farolins, os quais surgem depois interligados por uma barra de luz em LED, ela própria atravessada longitudinalmente por um filete metalizado. Surgindo as luzes de nevoeiro posicionadas ao centro e não nos extremos, como por vezes acontece com alguns modelos. Embora, no conjunto, obtendo um resultado que, em nossa opinião, não será tão bem conseguido quanto à frente…

E no interior, uma perdição de comandos e botões?

Muito pelo contrário. Se a luz exterior é o anúncio do primado da digitalização, o habitáculo do A7 é, no fundo, a sua confirmação.

Com um nível de qualidade e de materiais que nem o facto de se tratar de uma unidade de pré-série conseguia beliscar, e mantendo uma habitabilidade que, apesar do anunciado crescimento em comprimento (21 mm) e altura, continua a ser mais vocacionada para quatro adultos, tal como a bagageira que continua a exibir os mesmo 535 litros de capacidade de carga, também no interior do novo coupé é a luz (mais concretamente, filetes de luz LED, que podem adoptar até 30 tonalidades distintas) a fazer as honras da casa e a conduzir-nos neste mundo novo. Mostrando-nos que o interior do A7 Sportback foi concebido em função do condutor, ao qual é oferecido um ambiente em que o vanguardismo, a desportividade, a intuitividade e a sofisticação são princípios fundamentais.

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Futurista e, mais uma vez, claramente inspirado no concept Prologue, a verdade é que foi-nos impossível não ficarmos deslumbrados com o grau de simplicidade, mas também sofisticação, que os responsáveis da Audi conseguiram atingir neste A7. Graças, desde logo, à supressão de praticamente todo e qualquer botão (que tenhamos visto, só mesmo os da iluminação, à esquerda do volante; o botão Start; e o botão do travão de estacionamento), substituídos, tal como os restantes comandos e elementos de informação, por apenas e só três ecrãs tácteis a cores: um no lugar do painel de instrumentos, evolução do já conhecido Audi Virtual Cockpit, com 12,3” e já presente em vários modelos da marca; outro ao centro do tablier, de 11,01” e que serve de porta de acesso à nova geração do conhecido sistema de informação e entretenimento MMI; e, finalmente, um outro logo abaixo, de 8,6″, que basicamente serve para controlar o sistema de ar condicionado.

Todos estes ecrãs, posicionados em função do condutor, são configuráveis. E os dois últimos revelam uma funcionalidade e um tacto bastante superior aos das soluções que conhecemos – desde logo, respondendo com uma ligeira pulsão no dedo, além de um sonoro “clique”, sempre que se activa uma qualquer função. A qual pode ser disposta no ecrã na posição que mais agrade ao utilizador, funcionalidade que facilmente reconhecemos nos nossos smartphones, ao mesmo tempo que, no caso do inovador ecrã do ar condicionado, não exige sequer (e ao contrário da maioria dos sistemas) que o condutor desvie os olhos da estrada, para encontrar o ponto exacto onde deve tocar com o dedo, para fazer subir ou descer a temperatura. Pelo contrário, neste caso, essa é uma operação que pode ser feita tocando em qualquer parte do ecrã (basta fazer o movimento para cima ou para baixo), ou então, accionando o controlo por voz e simplesmente dizendo “Irra, está calor aqui!” – ou melhor, esqueça o “irra”, até para não ferir susceptibilidades…

E quanto a outros equipamentos e tecnologias?

Por se tratar de um carro que, de certa forma, deriva do já conhecido A8, equipamento é coisa que não falta. Há um total de 39 sistemas de assistência à condução, disponíveis logo à partida. Sendo certo que, quando chegar ao mercado, em Fevereiro de 2018, o A7 fá-lo-á não só com três níveis de equipamento – Standard, Design e S-Line -, mas também com muita tecnologia. A começar pela mais recente evolução do sistema de informação e entretenimento MMI, personalizável nesta nova geração em mais de 400 parâmetros, e com melhores ligações online ao mundo exterior.

A destacar, sem dúvida, os sistemas de condução semiautónoma já conhecidos do A8 e que marcam presença também no A7, como é o caso do estacionamento sem qualquer intervenção do condutor, e do Remote Garage Pilot, que permite estacionar em espaços fechados, abertos ou públicos, já com o condutor fora do veículo. Este último a introduzir lá mais para meados de 2018.

Recorrendo à lista de opcionais, o novo A7 Sportback pode contar ainda com sistema de quatro rodas direccionais, um novo chassi de ajuste electrónico e uma mais evoluída suspensão a ar. Sendo que soluções técnicas como a nova direcção progressiva, os novos eixos dianteiro e traseiro, ou o renovado sistema de travagem com discos de 400 mm de diâmetro e pinças em alumínio são sempre de série. Ainda que o cliente possa optar entre quatro tipos de suspensões: convencional com molas de aço, desportiva (que baixa a carroçaria em 10 mm), com amortecedores electrónicos, e adaptativa a ar. É só escolher!

Motores, já existem?

Sim. Embora a apresentação realizada em Ingolstadt tenha sido apenas para um primeiro contacto visual e táctil com o novo coupé desportivo, sabe-se já que o novo A7 contará apenas com motores mild hybrid, ou seja, todos eles apoiados por um novo sistema eléctrico de 48V, para maior conforto e eficiência. Com um motor de arranque eléctrico a funcionar em conjunto com uma bateria de iões de lítio para garantir recuperações de energia na ordem dos 12 kW, quando na travagem, ao mesmo tempo que, quando a velocidades entre os 55 e os 160 km/h, torna-se possível manter a velocidade com o motor de combustão desligado, voltando a arrancá-lo com recurso a este motor eléctrico e sem gastos de gasolina.

No lançamento, estará disponível apenas um 3.0 V6 TFSI a debitar 340 cv de potência e 500 Nm de binário, o qual, conjugado de série com caixa automática S tronic de sete velocidades e tracção quattro, anuncia acelerações dos 0 aos 100 km/h em 5,3 segundos, além de uma velocidade máxima de 250 km/h. Isto, com consumos médios, segundo o ciclo NEDC, de 6,8 l/100 km, e emissões de 154 g/km.

Lá mais para a frente, começarão então a chegar os restantes blocos, de quatro e seis cilindros, tanto a gasolina como a gasóleo.

E preços?

Também já existem. Pelo menos, um – o da motorização de lançamento 3.0 V6 TFSI, comercialmente agora designada de Audi A7 55 TFSI, cujos preços de venda ao público começam, na Alemanha, nos 67.800€. Resta agora aguardar pelas negociações para o mercado português, ainda que, segundo o Observador apurou junto de fonte oficial do importador nacional, a expectativa seja de que os valores não subam muito, mas antes se mantenham nos mesmos patamares.