É um programa com nome português, gravado nos estúdios da portuguesíssima RTP, e conduzido pelo radialista português Álvaro Costa. Mas o público-alvo está bem definido à partida: Tosta Mista quer que norte-americanos, ingleses, canadianos, australianos, chineses e demais nacionalidades se deixem conquistar pela música que se faz hoje em Portugal. Porque, afinal, “temos cá tanto talento”, defende o canadiano Steve Bootland.

Tosta Mista vai ser um programa de rádio com a duração de cerca de 30 minutos, onde vão passar à volta de sete músicas de sete bandas portuguesas diferentes, explica ao Observador Steve Bootland. É ele o responsável pela Portugal Music Scene, empresa que faz consultoria, agenciamento de artistas portugueses e que trabalha para a sua internacionalização. É precisamente para ajudar a que as bandas portuguesas possam conquistar terreno lá fora que a empresa criou o programa, em parceria com a Antena 3 e Álvaro Costa.

A grande vantagem do programa, que será todo em inglês, é o acordo que já tem com a estação de rádio digital americana Idobi, que todos os meses tem milhões de visitas. A Idobi tem a exclusividade na América do Norte. Na calha estão acordos com rádios digitais na Austrália, no Reino Unido e no Canadá. E até com a China, embora este seja um mercado mais complicado. “Estamos em diálogo com uma grande rádio, o problema é que o Governo chinês detém todas as estações de rádio, e uma banda que cante em em inglês tem de ter todas as letras traduzidas e aprovadas pelo ministério”, adianta. A correr bem, as bandas portuguesa terão uma projeção considerável.

A seleção das bandas a integrar o programa é “muito difícil”, diz. “Há muita qualidade. Temos cá tanto talento!” Para além da qualidade, o critério principal foi, então, “procurar bandas que estejam prontas para se internacionalizarem, que conquistem não só o público, mas a indústria musical”, explica. No primeiro programa, que estreia esta quarta-feira, às 10h, no site da Antena 3, vão ouvir-se, entre outras, The Gift, Orelha Negra e os setubalenses Um Corpo Estranho.

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“Estamos a tentar fazer um mix entre bandas que cantam em inglês e em português. Acima de tudo, o importante é que a música te agarre, independentemente da língua em que estão a cantar.” Uma vez que a Portugal Music Scene tem bandas e músicos agenciados, até que ponto a escolha das bandas é independente? Steve garante que é. “Quando pensamos a Tosta Mista decidimos que a política fica de fora. O programa está aberto a qualquer banda, editora discográfica, produtor e promotor. É aberto a toda a gente, quer tenhamos interesse comercial ou não“.

O programa vai passar de 15 em 15 dias, ainda sem dia da semana fixo, mas estará sempre disponível na página da Antena 3 e numa playlist no Spotify. Para além das sete canções, Álvaro Costa terá como tarefa promover um pouco da cultura portuguesa, “sem parecer que se está a dar uma lição de história aos ouvintes”, esclarece o agente canadiano radicado em Portugal.

Está prevista uma série de cinco programas. “Se correr bem, não planeamos acabar. A quantidade de boa música portuguesa pode manter-nos no ar durante 20 anos!“.