A derrota de Conor McGregor com Floyd Mayweather naquele que foi apelidado de “Combate do Século” não deixou mossa no irlandês. Pelo contrário: em termos físicos, teve forças para ir sair nessa noite, foi para o casamento de um dos melhores amigos em Ibiza ainda com um olho inchado e mostrou-se pronto para outra; no plano financeiro, foi um autêntico sucesso com um valor de quase 100 milhões de euros a ir parar à sua conta; a nível de prestígio, ganhou uma notoriedade ainda maior que lhe permite sonhar com outros voos.

Ainda assim, a semana passada estava a ser marcada pelo mediático lançamento do documentário “Conor McGregor: Notorious”, que bateu recordes de bilheteiras e receitas na República da Irlanda. Estava, dizemos bem. Até que, quando estava na plateia a assistir ao Bellator em Dublin, invadiu o ringue e empurrou mesmo um árbitro, tendo depois sido afastado pelas muitas pessoas presentes que receavam um cenário ainda mais grave.

Todos associaram o sucedido a um episódio ocorrido em outubro numa noite de UFC em Gdansk, na Polónia. Aí, o árbitro Marc Goddard chamou várias vezes a atenção a McGregor (chegou mesmo a parar o combate), que se terá excedido nas indicações que dava ao amigo e companheiro de treino Artem Lobov sem que estivesse no canto do lutador russo. Afinal, a razão foi outra: a memória da trágica morte do português João Carvalho em ringue, também num combate onde estava o companheiro do irlandês, Charlie Ward.

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Lutador português João ‘Rafeiro’ morre depois de combate

“Peço as mais sinceras desculpas pelo meu comportamento no evento da semana passada em Dublin. Enquanto tentava apoiar um amigo e um leal companheiro de equipa, deixei que as minhas emoções tomassem conta de mim e saísse da linha. Como múltiplo campeão do UFC, produtor executivo, exemplo para outros e figura pública, tenho de me aguentar num nível mais elevado”, começou por escrever numa longa publicação na conta oficial do Instagram.

“O árbitro estava a tomar uma horrível decisão ao tentar levantar do chão um lutador que estava inconsciente, forçando a que o combate continuasse para um segundo round. Mesmo contra os desejos do seu treinador. O combate tinha acabado”, argumentou, prosseguindo: “Depois de ter visto o meu lutador numa luta onde aconteceu o pior e o adversário acabou por falecer por causa das lesões nessa noite, pensei que o pior estava de novo para acontecer, perdi a noção e reagi. Peço desculpa a toda a gente”.

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I sincerely apologize for my behavior at last weekends fight event in Dublin. While trying to support a loyal teammate and friend, I let my emotions get the best of me and acted out of line. As a multiple weight UFC champion, executive producer, role model and public figure, I must hold myself to a higher standard. The referee Marc Godard was making a horrendous decision in trying to pick an unconscious fighter up off the floor and force the fight to continue into the second round. Even against the wishes of the said fighters coach. The fight was over. After witnessing my fighter in a fight where the worst happened and the opponent passed away from his injuries on the night, I thought the worst was about to happen again, and I lost it and over reacted. I am sorry to everyone. I sincerely apologize to the Director of the Mohegan Tribe Department of Athletic Regulation, Mike Mazzulli, all the officials and staff working the event, Andy Ryan and his fighter John, two stonch ones that put up a great fight every time. That side will always have my respect, and lastly every one of my fans. I love yous all! I’ve always learned from my mistakes and this will be no different.

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Recorde-se que, depois da morte do português, que também era conhecido como João Rafeiro, McGregor deixou uma sentida mensagem em memória do lutador, que não resistiu às lesões no combate com Charlie Ward. “Ver um jovem a fazer aquilo que ama, a competir por uma chance de uma vida melhor, e depois vê-lo partir desta forma é de partir o coração. Somos apenas homens e mulheres que fazem aquilo que amam, na esperança de uma vida melhor para eles e para as suas famílias. Aquele homem era um lutador dos diabos e será certamente sentida a sua falta. Espero que nos lembremos do João como um campeão, que perseguiu o seu sonho a fazer aquilo que ama, e mostremos o eterno respeito e admiração que merece”, escreveu em abril de 2016.

João Carvalho. De rafeiro só tinha a alcunha