Depois de instalar um update,vêm as dores de cabeça: as aplicações ficam lentas, a bateria acaba rapidamente e fica-se com menos memória para guardar fotografias e músicas. “A culpa é das empresas que querem que andemos a comprar novos smartphones“, pensamos. Mas estarão as empresas tecnológicas a incentivar o consumo desenfreado? Segundo Brian X. Chen, do New York Times, não é bem assim.
É um facto, um smartphone fica mais lento com o tempo e os consumidores sabem-no. Há até um termo para justificar este fenómeno, obsolescência programada. No entanto, há quem não acredite nisso. Greg Raiz, antigo programador da Microsoft, considera que “não há incentivo para as empresas de sistemas operativos tornarem os sistemas ultrapassados”. O informático afirma que “é uma questão de software”.
Quem nunca teve o Excel ou outro programa a congelar no ecrã e só com um reset é que resolveu a situação? Os programas informáticos têm bugs (erros de software). Não há um sistema perfeito e, infelizmente, é normal erros aparecerem. Com updates dos sistemas esses erros são mais recorrentes porque migrar todos os ficheiros e programas para um sistema novo é “um processo extremamente complicado”, explica Chen. Scott Berken, antigo gestor da Microsoft, exemplifica a situação como “mudar a canalização de uma casa sem mudar mais nada”.
Mas se não é obsolescência programada e as atualizações são inevitáveis para manter os telemóvel seguro, o que fazer para evitar que o smartphone fique lento? Chen deixa quatro dicas que funcionam tanto para telemóveis como para computadores: não instalar pela via mais fácil, remover as gorduras, ter atenção ao espaço na memória e ter uma boa infraestrutura.
Não atualizar pela via mais fácil
Ao atualizar, em vez de carregar no botão update, faça primeiro um backup (guardar a informação e ficheiros numa cloud ou pen), faça um reset ao dispositivo e só aí instale a nova atualização.
Como explica o New York Times, os programadores ao criarem o novo sistema operativo e ao verem como funciona num telemóvel antigo, provavelmente experimentaram num aparelho que não estava carregado de documentos. É a migração de dezenas de apps e milhares de ficheiros que por vezes cria os incómodos congelamentos de ecrã e lentidão do sistema.
Esta forma demora mais tempo, pois implica fazer o backup dos dados num dispositivo para um computador ou para um disco externo, mas torna o sistema mais rápido e com menos probabilidade de ter bugs. O processo de migração de milhares de dados é que costuma criar erros no funcionamento desses ficheiros que foram migrados após o update.
Remover as gorduras
Um aparelho eletrónico vai guardando ficheiros e informações de registo que ocupam espaço e tornam o aparelho mais lento. Para os apagar basta fazer um reset simples num telemóvel. Nas definições vá a reset ou reposição, confirme que não apaga os documentos e ficheiros base (por prevenção, antes desta ação, faça antes um backup) e isto poderá ajudar o smartphone a ser mais célere. Num computador há ferramentas próprias dos sistemas operativos para esta ação, como a limpeza de disco no Windows. Já em Macs pode optar por programas como o OnyX.
Ter atenção ao espaço ocupado na memória
Quanto mais memória tem um dispositivo, menos fotografias, músicas e outros ficheiros vão-se apagando. Mas isso não significa que se deva ocupar todo o espaço da memória interna. Os programas e o sistema operativo usam espaço da memória interna para fazer downloads e guardar ficheiros para fazer updates, por isso convém ter sempre algum espaço livre.
Os ficheiros nos dispositivos mais recentes estão guardados em pequenas células dentro da drive. Ao usar a informação, o sistema acede a várias células da memória. Quanto mais ocupada estiver, mais complexo é para o sistema aceder aos ficheiros e demora mais tempo a apresentá-lo no ecrã. Um opção para não ocupar tanto espaço é usar os serviços da nuvem (a cloud), que guardam os ficheiros remotamente.
Ter uma boa infraestrutura
Por vezes uma página de Internet ou app demora muito tempo a carregar e a culpa não é do dispositivo que está a usar, mas sim do aparelho que disponibiliza o sinal de rede. Veja se a localização do modem de Wi-Fi é mais central na casa e que entre o modem e o aparelho que está a usar não estão divisões com paredes grossas ou azulejos que impedem a rede de propagar com facilidade.
Num computador, para garantir uma velocidade de rede estável e rápida, a melhor solução continua a ser ligar por cabo de Ethernet diretamente ao modem.J á num smartphone, que não tem ligação por cabo, garantir que tem um extensor de Wi-Fi ou modem recente pode melhorar bastante a velocidade com que acede à Internet (mesmo que pague um pacote com mais de uma centena de megabytes de velocidade por mês, o importante é o aparelho que propaga a rede ser eficiente).
Apesar destas dicas, atualmente os smartphones mal são lançados no mercado são ultrapassados poucos meses depois por um equipamento mais rápido e com novas características. Greg Raiz diz ao New York Times que resolveu problemas que tinha com a atualização para iOS 11 no seu iPhone 6S (lançado a 9 de Outubro de 2015) recorrendo a estes conselhos. No entanto, o engenheiro informático assume que quer comprar um novo equipamento porque “há coisas que só se podem fazer com os dispositivos mais recentes”.