Primeiro foi a divulgação de um estudo que demonstrava que a Apple reduz o desempenho dos iPhones mais antigos propositadamente. Depois surgiu a confirmação pela própria empresa, em que era dito que era devido a uma “funcionalidade”. A seguir foram os primeiros processos de consumidores que se sentiam enganados. Agora, a Apple pede oficialmente desculpa aos utilizadores, através da sua página oficial. “Sabemos que alguns de vocês sentem que a Apple vos desiludiu. Pedimos desculpa”, diz o comunicado dirigido aos clientes da empresa, reduzindo o preço de substituição da bateria em 50 dólares (42 euros).

No pedido de desculpa, apelidado de “Uma mensagem para os nossos clientes sobre a bateria e desempenho do iPhone”, a empresa alega que “nunca faria nada para intencionalmente reduzir o tempo de vida de qualquer produto Apple”. Dizendo que “têm existido vários mal-entendidos quanto a este assunto [quanto a tornarem os iPhones antigos mais lentos]”, a Apple divide o comunicado em quatro pontos: um quanto à explicação sobre como as baterias envelhecem, em que reencaminha os utilizadores para outra página do site oficial, onde explica a relação entre o desempenho de um iPhone e a bateria; uma explicação sobre o porquê de inserirem a funcionalidade para prevenir que o iPhone se “desligue inesperadamente”; o conhecimento de críticas recebidas por consumidores; e, o último ponto, quanto a como vai “reagir às preocupações dos clientes”.

É no último ponto que a Apple afirma que vai reduzir em 50 dólares (42 euros) o preço de substituição das baterias dos iPhones fora da garantia. De 79 dólares (cerca de 66 euros), passará, no final de janeiro, a 29 dólares (cerca de 25 euros). No comunicado é referido ainda, quanto à troca de baterias que “detalhes serão providenciados brevemente. O Observador tentou contactar a Apple sobre se os utilizadores de iPhones comprados em Portugal poderão usufruir do mesmo desconto e como o poderão fazer. Até ao momento da publicação deste artigo não foi obtida resposta.

O pedido de desculpas quanto à polémica surge após inúmeras críticas à forma como a Apple não foi transparente na forma de atuar ao utilizar atualizações para reduzir o desempenho sem informar os utilizadores e, após ter sido descoberta, ter relativizado a questão dizendo que tudo se tratava de uma “funcionalidade”.

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A empresa, com o pedido de desculpas, assume mais uma vez que faz com que modelos de iPhones mais antigos — como o 6, o 6 Plus, o 6s, o 6s Plus e o SE — tenham o desempenho do processador reduzido, tornando-os mais lentos, para evitar que se desliguem em momentos em que os smartphones precisam de mais energia. Tudo é feito através de atualizações do sistema operativo, o iOS. Quanto mais antigo é o aparelho, mais é reduzido o desempenho do processador. A Apple afirma que o faz para prevenir que o telemóvel se “desligue inesperadamente” em picos de utilização de energia, um problema que foi reportado aquando a saída do iPhone 6 por vários consumidores.

E agora, Apple?

O pedido de desculpas feito pela Apple surge no mesmo dia em que Tim Cook, o presidente executivo da empresa, foi notícia por o conselho de administração o obrigar a voar em jatos privados e em 2017 ter feito ganho cerca de 10 milhões de euros, além de 75 milhões de euros em ações. Isto depois de, após o Natal, as ações da empresa terem descido cerca de 2,8% após as previsões de vendas do iPhone X terem sido revistas em baixa, de 50 milhões de unidades vendidas, para 30 milhões.

Tim Cook obrigado a voar em jatos privados por questões de segurança

A descoberta que os iPhones ficam mais lentos propositadamente com atualizações de software — que são recomendadas pela empresa — e o facto de a Apple não ter avisado os consumidores que bastaria substituir a bateria para resolver o problema em vez de se ter de adquirir um equipamento novo, levou a uma das maiores crises de comunicação e perda de confiança dos consumidores da história da Apple. Com inúmeras críticas à forma como a empresa lidou com a situação, ainda é desconhecido quais as verdadeiras consequências, principalmente legais, que a empresa poderá enfrentar em 2018.