A Celtejo, fábrica de pasta e papel em Vila Velha de Ródão, foi notificada pelo Ministério do Ambiente para reduzir a sua produção durante os próximos dez dias, de forma a diminuir em 50% as descargas de efluentes no rio Tejo. A medida foi anunciada pelo ministro do Ambiente e faz de um parte de um conjunto de intervenções de emergência para responder aos elevados níveis de espuma detetados no maior rio português.

João Matos Fernandes sublinhou que esta medida, que poderá ser agravada até à suspensão temporária da atividade da fábrica, não significa uma imputação de responsabilidades à empresa que é controlada pelo grupo Altri. O Governo ainda não sabe qual foi a origem das descargas que provocaram um manto de espuma e águas castanha no Tejo, os resultados laboratoriais às amostras só serão obtidos no dia 5 de fevereiro.

Ou seja, ainda não existem provas de que o nível de contaminação no rio resulte de descargas feitas em incumprimento das normas ambientais, ainda que tenham tido origem nas empresas industriais (foram referidas três) que estão instaladas acima do local do rio onde foi detetado o problema. O ministro deixou o alerta:

“Estamos a afirmar que o Tejo mudou. Tem menos água, menos capacidade de dissolver a matéria orgânica e não suporta a carga orgânica que hoje está a receber”.

A partir de Abrantes onde participou numa reunião de emergência para discutir o problema, o ministro anunciou já várias ações para atenuar o impacto visual e reduzir a quantidade de matéria orgânica nas albufeiras no rio Tejo.

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Para além da diminuição dos efluentes industriais, a espuma será retirada da água com recurso a seis camiões a partir de sábado e a curto prazo vão avançar trabalhos de limpeza de sedimentos depositados nas barragens de Belver e Fratel.

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Uma das razões apontadas para a espuma que tomou conta da superfície do Tejo nos últimos dias resulta do acumular de sedimentos orgânicos com origem nas descargas feitas pelas referidas indústrias nas barragens de Belver e Fratel que, em condições de chuva normal, teriam sido diluídos pelo curso normal do rio.

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Entretanto, explicou o ministro do Ambiente, a elétrica EDP “comprometeu-se a reduzir a sua atividade de turbinamento ao caudal mínimo, conservando a água nas albufeiras enquanto se procede à limpeza dos fundos”.