Projeto longo — iniciado há mais de cinco anos –, a que o criador de “Downton Abbey” decidiu dedicar-se com mais afinco em 2017 (“Quero arrumar a minha secretária para prosseguir com ‘The Gilded Age’, com todo um novo mundo e com todo um conjunto de novas personagens”, contava então ao The Guardian), a nova série de Julian Fellowes chegará à televisão norte-americana no próximo ano, confirmou esta quinta-feira a cadeia NBC. Não há, para já, data de estreia anunciada em Portugal.
Passada em Nova Iorque, na década de 1880, “The Gilded Age” deverá revisitar uma época decisiva do século XIX americano, celebrizada, por exemplo, no livro The Gilded Age: A Tale of Today, de Mark Twain, e marcada tanto por um grande crescimento económico do país como pelo avolumar das desigualdades entre os mais ricos e mais pobres (alguns dos quais imigrantes, atraídos pela industrialização e aumento do emprego nos Estados Unidos da América).
Coincidente com a época vitoriana em Inglaterra (que inspira, precisamente, “Downton Abbey”, a mais distinguida das séries não-americanas nos prestigiados prémios Emmy), este período da história dos EUA há muito que fascina o criador da série inglesa. “Agora, a NBC deu-me a oportunidade de transportar esse período para o público moderno. Não podia estar mais entusiasmado e satisfeito”, afirmou Julian Fellowes, citado esta quinta-feira pelo The Guardian. “Escrever ‘The Gilded Age’ significa cumprir um sonho pessoal”, acrescentou ainda, chamando a atenção para “a riqueza e variedade da história” da América, “um país fantástico”.
Tal como “Downton Abbey”, também “The Gilded Age” (com uma primeira temporada de dez episódios já confirmados) deverá focar uma era de conflito entre o conservadorismo vigente e as inevitáveis mudanças sociais vindouras, evocando ainda a resistência de famílias tradicionais e distintas da Nova Iorque de então (os Astors e os Vanderbilts, por exemplo) aos novos self-made men.
“Existia esta mulher, Caroline Astor, que provinha de um família antiga, originalmente colonos do século XVII, e que sentia que essa ascendência lhe dava o direito de decidir quem estava no interior e exterior” da sociedade”, apontou Fellowes (também vencedor de um Óscar pelo argumento do filme “Gosford Park”) ao jornal britânico, a propósito de uma das personagens da série. “Ela reconhecia que a sociedade nova-iorquina tinha de se expandir, que não poderiam existir duas sociedades rivais lado a lado. Era muito poderosa. É esse o cenário da série.”