Os quatro chefes militares, que alertaram o ministro da Defesa para o défice de efetivos, asseguraram este sábado que “não esteve, não está, nem estará em causa o cumprimento das missões das Forças Armadas”.
Em nota enviada pelo gabinete do Chefe de Estado Maior-General das Forças Armadas a propósito de um memorando do Conselho de Chefes de Estado Maior, os quatro chefes militares reafirmam que o relacionamento institucional com o Governo e designadamente com o ministro da Defesa Nacional tem sido, e continuará a ser, caracterizado pela “correção, respeito, frontalidade e lealdade”.
Na mesma nota “lamenta-se que partes do citado memorando tenham sido objeto de divulgação pública nos órgãos de comunicação social” e assegura-se que, “independentemente do diálogo institucional estabelecido no quadro dos processos relativos aos efetivos militares, não esteve, não está, nem estará em causa o cumprimento das missões das Forças Armadas”.
O Expresso avança que os quatro chefes militares tomaram uma posição inédita e enviaram um memorando ao ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, em que acusam o Governo de tratar as Forças Armadas com “iniquidade” e de pôr em causa a “segurança coletiva”. Segundo o semanário, o general Pina Monteiro, o general Rovisco Duarte (Exército), o vice-almirante Mendes Calado, (vice-chefe do Estado-Maior da Armada) e Manuel Teixeira Rolo, (Força Aérea) assinaram um memorando em que consideram insuficiente o teto máximo de mais 200 militares a juntar ao efetivo para 2018.
O aumento de 200 efetivos em 2018 – destinados ao reforço ao combate aos fogos rurais – fica abaixo dos 620 pedidos pelo conjunto dos ramos, e, considera o memorando, aquele aumento configura uma “iniquidade” relativamente ao crescimento já anunciado para as forças de segurança e outros organismos.
Para os chefes militares, a situação representa um “acréscimo do nível de risco” já que, refere o jornal, a redução para 200 efetivos vai impor “a redução ou cancelamento de missões, além de assumir riscos não negligenciáveis em termos de segurança do pessoal, coletiva e de instalações”.
Em resposta ao Expresso, após questionado sobre o memorando, o gabinete do ministro Azeredo Lopes declarou que sobre “a alegada incapacidade para cumprir determinadas missões, caberá a cada um dos chefes militares identificar estas incapacidades e adequar os efetivos às missões que venham a ser classificadas como prioritárias”.
Na sequência da tomada de posição, o CDS-PP a chamar ao parlamento o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA), Pina Monteiro, para que esclareçam quais as reais necessidades de efetivos militares.