A taxa de desemprego caiu para 8,9% no ano passado, menos três décimas que o antecipado pelo Governo em outubro, quando enviou o relatório do Orçamento do Estado para 2018 ao Parlamento, uma diminuição de 2,2 pontos percentuais face a 2016, avançou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta é uma taxa média anual, que beneficiou de uma queda no desemprego no último trimestre do ano para os 8,1%.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, houve menos 110,2 mil pessoas desempregadas no ano passado, menos 19,2% que em 2016. O desemprego de longa duração também diminuiu, 4,6 pontos percentuais (ainda nos 57,5%), e o desemprego jovem 4,1 pontos percentuais (ficando nos 23,9%).
O número de pessoas empregadas aumentou 151,4 mil, o que resulta de um crescimento da população ativa de 0,8%, ou seja, cerca de 41 mil pessoas entraram para o mercado de trabalho.
Menos 22 mil desempregados só no último trimestre
Para o resultado anual, em muito contribuiu a evolução do mercado de trabalho no último trimestre do ano, em que a economia já estaria a abrandar. De acordo com o INE, a taxa de desemprego caiu para os 8,1% nos últimos três meses do ano, menos 0,4 pontos percentuais face ao que havia acontecido no período entre julho e setembro.
Nos últimos três meses do ano, a população desempregada diminui em 22 mil, o sétimo trimestre consecutivo em que o número de desempregados está a cair. Já o emprego praticamente não cresceu. Segundo o INE, a economia só criou 1,9 mil novos empregos face ao terceiro trimestre, o que ainda assim representa um aumento de 161,3 mil novos empregos em comparação com o último trimestre de 2016, um crescimento homólogo de 3,5%, o maior desde o final de 2013.
Desemprego ‘real’ quase o dobro do conhecido
As melhorias no mercado de trabalho são transversais e também afetam o que o INE chama de taxa de subutilização do trabalho, que engloba não apenas os desempregados que entram nas listas, mas também os inativos e o subemprego de trabalhadores a tempo parcial.
No entanto, e de acordo com as contas do INE, em 2017 ainda houve (em média) mais de 900,9 mil pessoas sem um emprego a tempo inteiro. Ou seja, para além das 462,8 mil pessoas já contabilizadas na taxa de desemprego dada a conhecer esta quarta-feira para a média do ano, há ainda outras 438 mil que não integram a taxa de desemprego ‘oficial’, mas que acabam por estar excluídas do mercado de trabalho.
No total, são menos 157 mil pessoas que integram esta lista face ao que acontecia em 2016. As contas em termos trimestrais mostram melhorias mais significativas. Face ao último trimestre de 2017, havia menos 175 mil pessoas no desemprego, incluíndo as que estavam fora da taxa de desemprego ‘oficial’. No final do ano, o INE estima que estivessem 844,4 mil pessoas nesta situação, ainda assim mais de o dobro da número de desempregados na taxa oficial.
Quem são estas pessoas de fora da taxa de desemprego?
O INE incluiu três novos grupos de trabalhadores que não contam para a taxa de desemprego neste novo indicador. Os inativos à procura de trabalho mas não disponíveis, os inativos disponíveis mas que não procuram trabalho e o subemprego de trabalhadores a tempo parcial. O que quer dizer cada um destes?
Inativos à procura de trabalho mas não disponíveis: pessoas que tenham procurado ativamente trabalho ao longo de um período específico (no período de referência ou nas três semanas anteriores), mas não que não estava disponível para trabalhar porque não tinham desejo de trabalhar, vontade de ter um trabalho remunerado ou uma atividade por conta própria, no caso de se poder obter os recursos necessários e a possibilidade de começar a trabalhar num período específico.
Estes incluem ainda, explica o INE, pessoas que estavam à espera do resultado de entrevistas, as que iam começar a trabalhar nos três meses seguintes ou mais, e por isso não procuravam emprego.
Inativos disponíveis mas que não procuram emprego: pessoas que, estando disponíveis para trabalhar, não tinham procurado emprego ativamente no período especifico. A procura ativa de emprego, como definida pelo INE, implica o contacto com centros de emprego público ou agências privadas de colocações, o contacto com empregadores, contactos pessoais ou com associações sindicais, colocação, resposta ou análise de anúncios, procura de terrenos, imóveis ou equipamentos, realização de provas ou entrevistas para seleção e/ou solicitação de licenças ou recursos financeiros para a criação de empresa própria.
Subemprego de trabalhadores a tempo parcial: este é o conjunto de trabalhadores a tempo parcial que dizem que querem trabalhar mais horas do que as que habitualmente trabalham e que estão disponíveis para começar a trabalhar essas horas, mas não encontram.