“Fui até eles e mostrei-lhes alguns acordes e eles adoraram”, contou Mark Uffer, diretor executivo do centro médico regional de Corona — onde os sete filhos mais velhos dos 13 acorrentados pelos pais, David e Louise Turpin, estão internados há mais de um mês. Uffer é ele próprio baterista de uma banda de rock local e quis integrar a música no tratamento dos sete filhos hospitalizados naquele centro, depois de terem expressado interesse em música.
A música é muito calmante e um ótimo passatempo… leva-nos para um lugar sossegado e calmante”, explicou Uffer em declarações à revista People.
Estará a resultar, segundo adiantou Uffer à mesma revista: “Estão a ir bem. Acho que estão a fazer progressos”. A maior parte dos filhos mais velhos escolheram uma guitarra, das doadas pela Fender — um fabricante norte-americano de guitarras, amplificadores e contrabaixo. Alguns deles estão a aprender a tocar o instrumento musical, já conseguem tocar canções dos músicos John Denver e Tom Petty e, até, começaram a cantar juntos.
Não se sabe durante quanto tempo as crianças permaneceram acorrentadas pelo pais. Conhece-se o cenário com que a polícia se deparou quando chegou à casa, no dia 14 de janeiro, na sequência da denúncia da filha de 17 anos que conseguiu fugir e denunciar os pais à polícia: “várias crianças acorrentadas às suas camas com correntes e cadeados, na escuridão e num ambiente com cheiros nauseabundos“. Sabe-se também que os abusos começaram ainda em Fort Worth, no Texas, onde a família viveu até 2010: começou como forma de castigo, em que as crianças eram amarradas com cordas. Só mais tarde passaram a ser presos com correntes e cadeados e castigados durante “semanas ou meses”. Os pais começaram a ser mais severos até ao ponto de as crianças serem torturadas, agredidas e estranguladas.
[Veja aqui as imagens do interior da primeira “casa dos horrores”, no Texas]
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Os filhos do casal Turpin não eram alimentados: os pais compravam comida, como “tartes”, deixavam nas bancadas para as crianças verem mas não permitiam que as comessem. Isso justifica o estado de subnutrição que apresentavam, levando as autoridades a assumir que todos eram menores de idade. A vítima de 29 anos — uma mulher que era a mais velha — pesava 37 quilos. “Uma das crianças de 12 anos tinha o peso de uma de 7”, contou o procurador. A filha mais nova tinha apenas dois anos — a única com o peso certo para a idade.
“A jovem de 29 anos tinha 37 quilos”. As novas revelações da casa do horror californiana
A casa dos horrores, no número 160 da Rua Muir Woods, em Perris, cidade no condado de Riverside, Califórnia, abriu as portas há cerca de um mês. Assim que foram libertados, os 13 filhos do casal foram alimentados e internados em dois hospitais diferentes: os seis menores foram levados para um centro médico do Riverside University Hospital System, em Moreno Valley, e os sete filhos adultos para o centro médico regional de Corona, ambos na Califórnia.
Mesmo tendo pedido aos assistentes sociais para ficarem juntos, tal não vai acontecer: os sete filhos adultos vão para um centro de assistência estatal e os seis menores de idade serão divididos em duas casas de acolhimento, embora não se saiba quando.
Casa dos horrores: os 13 filhos não vão viver juntos e deverão ser impedidos de falar com os pais
O casal Turpin foi proibido de contactar com os filhos, a não ser que o façam através de advogados ou inspetores. A pedido do procurador responsável pelo caso, Mike Hestrin, o juiz assinou uma providência cautelar para proibir os Turpin de contactar com as crianças: “Devem permanecer a, pelo menos, 100 jardas (cerca de 91 metros) de distância, de todos eles, em qualquer momento, exceto quando presentes a tribunal. Ok? Muito bem. Está a acenar com a cabeça”, disse o procurador.
No momento em que os pais foram informados da decisão, Louise, a mãe, olhou para David, o pai, e sorriu. O advogado de David, David Macher, mostrou-se até satisfeito: “[A providência cautelar] protege toda a gente, incluindo o meu cliente. Não quero o meu cliente exposto a acusações de ter tentado perseguir ou ameaçar a testemunha“. Já o advogado de Louise não comentou a ordem do juiz.
[Veja no vídeo o estranho sorriso da mãe quando soube que seria impedida de contactar os 13 filhos]
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O casal enfrenta agora uma pena que pode ir “até 94 anos de prisão”, se forem condenados. O valor da fiança é de 13 milhões de dólares (cerca de 10,3 milhões de euros) a cada um dos pais. O início do julgamento está marcado para o próximo dia 23 de fevereiro, às 13h30 hora local. Os pais estão acusados de 38 crimes no total. Louise e David foram acusados de 12 crimes de tortura, sete de abuso contra um adulto dependente, seis de abuso de menores e 12 anos de falso sequestro. David está ainda acusado do crime de um “ato obsceno” contra “uma das crianças”.
Casa dos horrores: filhos começam a contar a sua versão da história. “Devagar”
