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A novela brasileira da noite teve um protagonista da Malhação (a crónica do P. Ferreira-Benfica)

Este artigo tem mais de 5 anos

Benfica saiu a perder ao intervalo mas conseguiu a reviravolta na ponta final em Paços de Ferreira (3-1) com Jonas a bisar (o costume) e Rafa a dar o golpe final (a surpresa) que merecia desde início.

Pizzi comemora com Rafa mais um golo do Benfica: avançado português fez a melhor exibição da temporada (e até marcou)
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Pizzi comemora com Rafa mais um golo do Benfica: avançado português fez a melhor exibição da temporada (e até marcou)

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

Pizzi comemora com Rafa mais um golo do Benfica: avançado português fez a melhor exibição da temporada (e até marcou)

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

Os canais de Youtube são um autêntico mundo que, quando começamos a explorar, torna-se complicado parar. E por lá encontramos um pouco de tudo. Cingindo ao futebol, há golos, há jogadas, há resumos, há compactos, há lances caricatos e há pormenores virais. E se quiser mais alguma coisa, também é capaz de haver. Ah, e também há entrevistas, como aquela que Júlio César, antigo guarda-redes do Benfica, deu a Zico, um antigo craque da seleção brasileira que adora bacalhau e acompanha o Sporting desde miúdo por influência do pai.

A certa altura da conversa, o antigo 10 perguntou ao guardião o porquê de não haver uma aposta mais forte dos encarnados para espreitar um brilharete em termos europeus. O antigo Imperador da Luz explicou que era uma questão cultural, “uma filosofia de gestão”. E encontrou uma expressão engraçada para analisar a vertente formativa do clube. “Faço uma analogia com a televisão brasileira: é como a novela ‘Malhação’, que prepara um ator para a novela das 20h. Na Europa, hoje em dia, o Benfica é uma equipa que prepara um jogador para dar o salto. Assim consegue ‘fazer caixa’ e pagar o passivo, que é o objetivo. Mas pode ser que, num futuro próximo, quando tudo isso estiver resolvido, comecem a olhar para essa parte da conquista europeia”, destacou.

Percebendo-se a lógica, que está correta, também há atores mais novos que custam uma pipa de massa para ter no elenco e Rafa é exemplo paradigmático disso mesmo: os 16,4 milhões de euros que o Benfica pagou ao Sp. Braga nunca foram amortizados com as assistências e os golos que se esperavam. No entanto, o talento que o levou a ser contratado (e a ir ao Campeonato da Europa de 2016, por exemplo) está lá todo, sem tirar nem pôr. E se é verdade que os encarnados conseguiram mais uma reviravolta com a novela brasileira do costume de horário nobre, de seu nome Jonas, tiveram no ala português que anda ainda pela Malhação o protagonista inesperado no triunfo por 3-1, onde apontou o primeiro golo esta época (num total de 16 jogos, só dois completos, e 809 minutos).

Ficha de jogo

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P. Ferreira-Benfica, 1-3

24.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

P. Ferreira: Rafael Defendi; Bruno Santos, Ricardo, Miguel Vieira, Quiñones; Gian, Assis; Pedrinho, Rúben Micael (Filipe Ferreira, 71′), Xavier (Andrezinho, 83′) e Luiz Phellype (Bruno Moreira, 73′)

Suplentes não utilizados: Mário Felgueiras, Rui Correia, Vasco Rocha e Mabil

Treinador: João Henriques

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo (Seferovic, 86′); Fejsa, Pizzi, Zivkovic (Raúl Jiménez, 59′); Rafa, Cervi e Jonas (Samaris, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, João Carvalho e Diogo Gonçalves

Treinador: Rui Vitória

Golos: Luiz Phellype (9′), Jonas (72′ e 88′) e Rafa (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zivkovic (16′), Pizzi (49′), Assis (60′) e Quiñones (86′); cartão vermelho direto a Gian (90+1′)

O encontro começou mexido, movimentado, com bola cá e lá mas na área: logo no primeiro minuto, Rúben Dias teve de cortar para canto quando Luiz Phellype já aparecia com perigo para visar a baliza encarnada; depois foi Jonas, no seguimento de um lançamento lateral de Zivkovic (está encontrado o novo Maxi Pereira dos arremessos na Luz), a rematar contra a muralha defensiva contrária. No entanto, notava-se já uma estranha facilidade do P. Ferreira em sair rápido em transições. E seria daí que nasceria o primeiro golo do encontro.

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A ala esquerda do Benfica tem recebido elogios atrás de elogios semana após semana. Ora porque Cervi atravessa o melhor momento da temporada, ora porque Grimaldo parece querer reclamar uma oportunidade na seleção, ora porque Zivkovic, o substituto de Krovinovic no meio-campo que de vez em quando vai ao corredor lateral canhoto fazer o desequilíbrio numérico, tem subido vários patamares na importância conseguida a nível de dinâmica coletiva. Mas foi por aí que os encarnados sofreram: Xavier roubou a bola pouco depois do meio-campo ao espanhol, ligou o turbo, foi à linha final, cruzou atrasado e Luiz Phellype, na passada, bateu Bruno Varela (um guarda-redes que chegou ao intervalo com tantos ou mais golos sofridos do que defesas nos últimos quatro jogos…).

Em termos nacionais, este foi o tento mais rápido que o Benfica sofreu. E, em paralelo, os últimos jogos mostravam que a recente goleada ao Rio Ave na Luz foi uma exceção: quando sofrem primeiro, os encarnados têm grandes dificuldades em conseguir a reviravolta no marcador (e, nesta fase do Campeonato, um empate acaba por ser quase uma derrota. Mas, pior do que isso, os comandados de Rui Vitória não tinham ideias. Zerinho. Ao contrário do P. Ferreira, que trocava a bola de forma confortável e procurava ganhar metros com saídas rápidas, como uma que valeu o primeiro amarelo do jogo a Zivkovic por falta sobre Pedrinho já perto da entrada da área (16′).

Os pacenses, que entretanto foram trocando de treinador até chegarem a João Henriques, antigo treinador do Leixões onde tinha uma equipa muito interessante, começaram a temporada com algumas dificuldades mas, apesar das três últimas derrotas seguidas, têm uma ideia de jogo bem mais interessante e com intervenientes de qualidade: à frente de uma defesa muito certinha (e João Góis e Marco Baixinho estavam castigados), Assis e Gian são dois todo-o-terreno importantes na recuperação de bola e depois existe um trio, com Pedrinho, Rúben Micael e Xavier, que tem uma invulgar capacidade de jogar em posse mesmo contra uma equipa grande. Por isso, havia mais P. Ferreira. Tanto que, perto da meia hora, o perigo voltou a rondar a baliza de Bruno Varela.

Com a ala esquerda cega e o corredor central com pouca ou nenhuma expressão (Pizzi deve ter feito dos piores jogos na presente temporada, Zivkovic também esteve completamente fora dela), o Benfica começou a acordar pelo lado direito com Rafa a dar cabo da cabeça a Quiñones, lateral que tem sido dos melhores entre os pacenses nas últimas partidas mas que esta noite pouco ou nada passou do meio-campo por saber o que tinha pela frente. O internacional português teve o primeiro remate enquadrado, muito fraquinho, mas foi dando o mote para uma ponta final mais pressionante das águias e com duas grandes oportunidades: Miguel Vieira cortou em cima da linha um cabeceamento de Jonas após cruzamento de Cervi (que tem destas coisas, quando toca na bola e vai no 1×1 consegue logo desequilibrar) e, segundos depois, Rafa tocou muito perto da baliza de Defendi (41′ e 42′).

Como acabou a primeira parte, começou a segunda: mais uma arrancada diabólica de Rafa pela direita a deixar Quiñones à procura do seu ponto de equilíbrio, remate rasteiro para defesa por instinto de Defendi e recarga falhada por Jonas, num daqueles lances que se fosse uns jogos antes diríamos que era golo pela certa.

A pressão do Benfica, a intensidade que colocou no jogo, o adiantamento das linhas de pressão a condicionar por completo a saída dos pacenses e a velocidade pelos corredores laterais causaram estragos. Não foram imediatos, até porque o jogo ofensivo dos encarnados teve muitos daqueles períodos onde rematam contra defesas, ganham cantos, andam com a bola de um lado para o outro mas não criam propriamente aquela chance flagrante; mas surgiram, no seguimento de um período marcado pelos muitos protestos dentro e fora de campo por um possível penálti cometido por Quiñones com a mão após cruzamento de Rafa (o VAR terá mandado seguir).

O Benfica merecia o empate. E merecia o empate há mais tempo até. No entanto, o futebol é pródigo naquele chavão do “pormenor que faz a diferença”. Neste caso, aos 72′, houve dois: Assis teve um passe lateral mal calculado para o lado esquerdo e deixou Filipe Ferreira, acabado de entrar (Quiñones subiu para ala), nada conseguiu fazer perante mais uma arrancada de Rafa. Raúl Jiménez até falhou numa primeira instância o remate mas, na pequena área, Jonas conseguiu ter aquele instinto que lhe andava a faltar para se antecipar a Ricardo e empurrar para o 1-1 (seria depois contabilizada assistência para o mexicano, mas foi sem intenção).

João Henriques ainda mexeu, tentou refrescar a frente de ataque, mas enfrentou um problema sem solução: tinha unidades mais rápidas mas a quem nunca chegava a bola. O jogo ia ter mesmo sentido único e, em mais uma desatenção da defesa pacense, Jonas consumou a reviravolta (88′): lançamento longo de Jardel descaído para o lado esquerdo onde estavam Raúl Jiménez e Seferovic, bola não aliviada como deveria ser, cruzamento do suíço na primeira vez que tocou na bola e entrada oportuna de Jonas ao primeiro poste, a consumar a reviravolta a apenas dois minutos do final do tempo regulamentar (sabendo-se que o período de descontos não seria curto).

Se o tanque físico do P. Ferreira já tinha acabado há uns minutos, o mental vazou por completo com esse desvio oportuno do melhor marcador da Primeira Liga. Vazou e ficou desequilibrado, como se viu na expulsão desnecessária de Gian no início da compensação após pisar Jonas na zona da barriga. Com tudo quase decidido, Rafa teve ainda o seu momento aos 90+4′, aproveitando uma bola no ar ganha por Raúl Jiménez (curioso como os dois avançados que saem do banco não marcam mas fazem as assistências para golo) para ligar mais uma vez o turbo de uma máquina que esteve sempre a alta rotação desde início e rematar cruzado para o 3-1 final.

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