Tania Varela era advogada, e em tribunal defendeu todo o tipo de casos, especialmente divórcios. Em 2001, foi nomeada diretora do Centro de Informação da Mulher de Cambados (no norte de Espanha), uma entidade que ajudava mulheres vítimas de violência doméstica. Mas só esteve à frente deste centro durante três anos.
Renunciou ao cargo de diretora do Centro em 2004, numa altura em que estavam presos os mais perigosos traficantes de droga espanhóis: Manuel Charlín, Sito Miñanco e Laureano Oubiña. Mas havia um novo “rei” no mercado do narcotráfico espanhol: David Pérez Lago, filho de Laureano Oubiña, conhecido na imprensa espanhola como o “Pablo Escobar galego”.
Já em 1999, David viu-se envolvido no desembarque de uma carga de droga que levou o pai para a prisão e o fez assumir o controlo do “negócio de família”. A diferença é que, segundo o El País, passou a ser traficada cocaína, em vez de haxixe.
Em 2005, as vidas de Tania Varela e de David Pérez cruzaram-se. Ela tornou-se a assessora jurídica dele, antes de terem alegadamente desenvolvido uma relação mais íntima — algo que David Pérez negou sempre perante o juiz. Em 2006, investigadores espanhóis descobriram que Tania Varela começou a envolver-se nos negócios de droga de Pérez. Nesse ano, o narcotraficante fez entrar na Galiza mais de uma tonelada de cocaína, através de um barco que ficou em alto mar à espera que embarcações mais pequenas se aproximassem.
No entanto, uma destas pequenas embarcações teve problemas e foi feita uma chamada para a Guardia Civil espanhola, a alertar para um naufrágio ocorrido perto do farol de Finisterra. A polícia encontrou Pérez com 14 mil euros ao lado, e ainda conseguiu seguir o rasto dos mais de mil quilos de droga que chegaram a terra, e que foram, na altura, avaliados em cerca de 160 milhões de euros.
O grupo de narcotraficantes foi detido, e a advogada Tania Varela assumiu o comando provisório do caso nas semanas que se seguiram, enquanto representante legal de David Pérez. Mas ao mesmo tempo, ofereceu-se para vender o combustível restante da operação que acabou por não correr bem e quis dividir o lucro pelos restantes traficantes.
Tania Varela acabou por ser detida e defendida por um advogado conhecido por representar outros traficantes, Alfonso Días Moñux, que na década de noventa já tinha sido o representante legal de um chefe da máfia russo, Zakhar Kalashov.
Em 2007, Tania acabou por sair em liberdade condicional e foi morar com este advogado para Madrid, deixando na prisão Pérez e os restantes sócios. Mas em 2008 o companheiro foi assassinado. Em tribunal, Tania alegou que também a tentaram matar a ela. Foi julgada em 2011 na mesma operação de narcotráfico que David Pérez, mas negou sempre ser culpada fosse pelo que fosse, adianta o El País.
Ainda antes de ter sido condenada, a advogada fugiu do país, em 2013, e, até hoje, ninguém sabe onde é que se esconde. Este mês, e depois de já ter estado novamente em liberdade, David Pérez foi detido numa operação policial por tráfico de cocaína, no Brasil.
Dias antes, a Guardia Civil espanhola publicou uma lista dos fugitivos mais procurados pela Europol, onde só consta o nome de uma mulher: é Tania Varela, de 44 anos, que desapareceu há cinco.