Mais de metade das linhas férreas portuguesas tem um índice de desempenho “medíocre” ou “mau“. A classificação é feita pela Infra-Estruturas de Portugal num relatório datado de maio de 2017, a que o jornal Público teve acesso.
Segundo o Relatório do Estado da Infra-Estrutura de 2016, os troços em pior estado são “o Ovar-Gaia (35 quilómetros), na linha do Norte, o Tua-Pocinho (32 quilómetros), na linha do Douro, e a via estreita de Espinho a Oliveira de Azeméis e de Aveiro a Sernada do Vouga (68 quilómetros)”.
O troço Ovar-Gaia é para a Infra-Estruturas de Portugal o mais problemático tendo em conta um conjunto de fatores, uma vez que a “via útil dos ativos neste troço (…) há muito que foi excedida e qualquer tipo de intervenção de manutenção produz efeitos pouco duradouros”, cita o Público. O mesmo relatório aponta, neste caso específico, para uma “intervenção urgente”. Praticamente todos os troços que esperam há anos por intervenções/modernizações estão sinalizados com um desempenho medíocre.
Tendo em conta a rede suburbana, o relatório dá conta de uma situação pior em Lisboa do que no Porto e destaca as linhas de Cascais e a da Cintura (Alcântara Terra – Braço de Prata), tambem com um desempenho “medíocre” — numa escala de 1 a 8, o desempenho é inferior a 3,2, sendo que o mesmo sucede em relação à linha do Algarve entre Lagos e Faro e a da Beira Baixa entre Entroncamento e Sarnadas, em Vila Velha de Ródão.
Apesar de o relatório em questão não pretender assinalar ativos que representem “riscos do ponto de vista de segurança de pessoas e bens”, o Público fez as contas: nos últimos quatro anos, os 20 descarrilamentos registados aconteceram em troços de linhas tidos como problemáticos, sendo que o maior número da ocorrências está associado às linhas da Beira Alta e do Douro.
O mesmo relatório adianta ainda que o estado das vias férreas “tem correlação direta com a existência de um passivo de renovação ou défice de conservação”.