O Novo Banco quer fechar 73 agências este ano, antecipando a meta negociada com Bruxelas, além da saída de mais de 400 trabalhadores que já era conhecida. Na informação da Comissão de Trabalhadores aos funcionários do Novo Banco, a que a Lusa teve acesso, esta estrutura informou que teve uma reunião com a administração do banco em que foi dito que serão antecipadas “quase por completo as metas a atingir até 2021 para o final do primeiro semestre de 2018”, isto tanto em termos de saídas de pessoal como de reduções de agências.
De trabalhadores, já era conhecido que o Novo Banco quer que saiam este ano mais de 400, seja em rescisões por mútuo acordo, seja em reformas antecipadas, tendo já provisionado 134 milhões de euros para esse processo. Em termos de agências, apenas se sabia que o Novo Banco ia fechar 30 até final deste mês, mas ainda não era conhecido quantas seriam fechadas no total do ano.
O presidente executivo do banco, António Ramalho, escusou-se a divulgar essa informação no final de março, na apresentação de resultados do Novo Banco, justificando que queria primeiro informar os órgãos representativos dos trabalhadores antes de tornar essa informação pública.
A informação agora divulgada pela Comissão de Trabalhadores indica que serão 73 agências. O Novo Banco tinha no final de 2017, 473 balcões, pelo que o objetivo é cumprir já este ano o compromisso com Bruxelas de reduzir a rede a 400 balcões.
Quando estes fechos forem concretizados, face aos 631 balcões que o Novo Banco tinha no final de 2014, tal significa que a instituição fechou cerca de 40% da rede comercial em quatro anos.
Quanto à redução de trabalhadores, esta sexta-feira terminou o prazo para os funcionários se candidatarem às rescisões por mútuo acordo, não havendo ainda informação de quantos se mostraram disponíveis para sair por contrapartidas financeiras. Este processo deverá ficar decidido em maio. Quanto a reformas antecipadas, já terminou o prazo para se candidatarem os trabalhadores da rede comercial, indo abrir o período para os funcionários dos serviços centrais.
No comunicado aos funcionários do Novo Banco, a Comissão de Trabalhadores diz não compreender “o racional de um desenfreado ímpeto em reduzir o número de trabalhadores e balcões” e de externalização de serviços, considerando que essa estratégia tem “perdas relevantes de qualidade de serviço que mais tarde impactarão negativamente nos resultados”, já que decorrente disso considera que o banco irá perder clientes e quota de mercado.
Em outubro passado, o Novo Banco (a instituição que ficou com ativos do ex-BES, alvo de medida de resolução em 03 de agosto de 2014) foi vendido ao fundo de investimento norte-americano Lone Star em 75%, ficando o Fundo de Resolução bancário (entidade na esfera do Estado financiada pelas contribuições dos bancos) com os restantes 25%.
A Lone star não pagou qualquer preço, tendo acordado injetar 1.000 milhões de euros no Novo Banco, o que já fez. Para aprovar a venda do Novo Banco, a Comissão Europeia exigiu um novo plano de reestruturação com implicações na dimensão da sua atividade, através de venda ou fecho de operações, assim como redução da sua estrutura e número de trabalhadores.
Em 2017, o Novo Banco teve prejuízos recorde de 1.395,4 milhões de euros, num ano em que constituiu mais de 2.000 milhões de euros de imparidades (provisões para perdas potenciais).
Na sequência deste nível elevado de perdas, o Novo Banco ativou o mecanismo de capital contingente negociado com o Estado português, pedindo que o Fundo de Resolução o capitalize num montante de 791,7 milhões de euros. Uma vez que o Fundo de Resolução não tem todo esse valor, o Estado irá emprestar cerca de 450 milhões de euros ao fundo para capitalizar o Novo Banco.
Ainda quanto à situação laboral, o Novo Banco está a propor aos seus trabalhadores novos acordos relativos ao regime de isenção de horário de trabalho que tem merecido muitas dúvidas de funcionários devido ao receio de que no futuro esse subsídio seja absorvido por eventuais aumentos salariais. O Sindicato Nacional de Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) recomendou, em comunicado, aos seus associados que “não assinem este acordo sem que obtenham o devido aconselhamento”.