O ministro do Ambiente admitiu que a greve dos trabalhadores da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), que faz a manutenção das carruagens da Metro do Porto, “provoca prejuízos muito grandes” e mostrou-se esperançado num “entendimento”.

“É uma greve que de facto provoca prejuízos muito grandes. Este tipo de greve de três horas em cada turno, é uma greve que instabiliza a atividade de manutenção das composições. Estamos muito preocupados porque temos menos composições a circular do que aquelas que são necessárias para prestar um bom serviço a todos quantos utilizam deste modo de transporte”, disse João Pedro Matos Fernandes.

O ministro do Ambiente, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de início de operação na Rede STCP de autocarros elétricos e a gás natural que esta tarde decorreu no Museu do Carro Elétrico no Porto com a presença de vários autarcas da Área Metropolitana do Porto, apontou que “foi apresentada pela administração da EMEF uma proposta aos trabalhadores”. “E queremos acreditar que se encontra uma plataforma de entendimento. Não pondo em causa o direito laboral e à greve, não podemos deixar os cidadãos da Área Metropolitana do Porto sem um transporte que lhes faz tanta falta para o seu dia-a-dia”, disse o governante.

A greve dos trabalhadores da EMEF no Porto está a provocar “o caos” no metro, segundo fonte sindical, que na segunda-feira, em declarações à agência Lusa, garantiu estarem a circular apenas metade das 72 viaturas existentes. Paulo Milheiro, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários (SNTF), disse que, por falta de manutenção, “dos 72 veículos existentes [no metro do Porto] estão a andar menos de 40”, sendo que, “no final do mês, provavelmente não haverá metro”.

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“Os metros vão saindo de linha conforme as avarias e depois chegam às oficinas e não têm ninguém para fazer a manutenção”, explicou o dirigente sindical. De acordo com o dirigente do SNTF, as perturbações na circulação do Metro do Porto são ainda resultado da greve de três horas por turno que decorreu de 29 de março a 12 de abril nas oficinas de Guifões, em Matosinhos, mas a situação não chegará a normalizar porque está marcada nova paralisação, nos mesmos termos até final do mês de abril, desta feita nas duas oficinas da EMEF no Norte (Guifões e Contumil).

Antes disso, os trabalhadores das oficinas de Guifões e Contumil já tinham estado em greve entre 12 e 16 de março, estando atualmente em curso (desde o passado dia 07 até dia 22) uma outra greve nas oficinas dos Alfa pendulares em Contumil. De acordo com Paulo Milheiro, em causa estão aumentos salariais e a atualização do subsídio de turno, sendo a reivindicação base a atribuição aos trabalhadores da EMEF das “mesmas condições” de trabalho dos trabalhadores da Comboios de Portugal (CP).

Em todo o país existem cerca de dez oficinas da EMEF, num total que ultrapassa um milhar de funcionários, estando agendada uma greve parcial nacional nos dias 26 e 27 e em análise a realização de uma paralisação de um dia inteiro em maio.