O chefe de Estado cabo-verdiano considerou esta segunda-feira a atribuição do Prémio Camões a Germano Almeida uma “ótima notícia” para o escritor e para o país, fazendo votos para que o terceiro galardão não demore mais nove anos. O escritor cabo-verdiano Germano Almeida foi esta segunda-feira distinguido com o Prémio Camões 2018, o segundo atribuído a Cabo Verde depois do poeta Arménio Vieira, em 2009.

“É uma ótima notícia para ele em primeiro lugar, para a literatura cabo-verdiana, para os escritores cabo-verdianos e para Cabo Verde. É um importante galardão literário, seguramente o mais conhecido de língua portuguesa, e termos um prémio Camões nove anos depois do primeiro é muito bom”, disse Jorge Carlos Fonseca. O Presidente da República de Cabo Verde reagia, em declarações aos jornalistas na cidade da Praia, à atribuição do galardão àquele que é o escritor cabo-verdiano mais traduzido.

Para o chefe de Estado, além da obra e do trabalho de Germano Almeida, o prémio reconhece também o “que se tem feito em Cabo Verde em termos de literatura”. “Vai levar a que a nossa literatura seja mais conhecida e pode ajudar a potenciar o conhecimento de Germano Almeida, da nossa prosa de ficção, da nossa literatura e dos nossos escritores no geral. Não podia haver melhor notícia para o país neste momento. É ótimo para a nossa autoestima”, sublinhou.

Jorge Carlos Fonseca assinalou também a “coincidência feliz” de a distinção acontecer numa altura em que Cabo Verde se prepara para assumir a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), cujo lema é “Cultura, pessoas e oceanos”. “É um bom elemento do ponto de vista do que deve ser a cimeira do Sal”, disse, numa alusão à reunião de chefes de Estado lusófonos, agendada para 17 e 18 de julho, na ilha do Sal, e que marca a passagem do testemunho da presidência da organização do Brasil para Cabo Verde.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sobre a escrita e obra de Germano Almeida, Jorge Carlos Fonseca destacou a “criatividade, a exuberância, o humor e a capacidade inventiva nas histórias que escreve e descreve, seja nos romances, seja nos contos ou novelas”. O chefe de Estado, que é também escritor, lembrou ainda que Germano Almeida está a lançar o seu novo livro, considerando que a altura para receber o prémio não podia ser melhor.

“Ganhar o prémio nas vésperas do lançamento daquilo que ele diz que é o seu primeiro romance é o melhor, é acertar “na mouche”. Fico muito feliz como Presidente da República, como Jorge Carlos Fonseca e como escritor. Foi isso mesmo que lhe disse ao telefone”, adiantou. “Talvez fosse um prémio já esperado ainda que nove anos tenha parecido pouco tempo para o segundo Prémio Camões, esperamos que o próximo prémio Camões de Cabo Verde não demore tanto tempo”, acrescentou.

Germano Almeida foi hoje anunciado como o vencedor do Prémio Camões 2018, após reunião do júri, no Hotel Tivoli, em Lisboa. Com a atribuição do Prémio Camões é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento “do património literário e cultural da língua comum”, segundo o protocolo estabelecido entre Portugal e o Brasil, assinado em junho de 1988, que instituiu o prémio.

“Com este prémio, pretende-se ainda estreitar e desenvolver os laços culturais entre toda a comunidade lusófona, pelo que a este evento se associam os outros Estados de língua oficial portuguesa”, sublinhou o comunicado do Ministério da Cultura, que anunciou a entrega do galardão. O Prémio Camões foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga e, na mais recente edição, em 2017, foi entregue ao poeta Manuel Alegre.