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O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa elaborou um documento interno do serviço de radiologia onde revela que não tem capacidade de assegurar mamografias de vigilância a mulheres que tiveram cancro da mama e precisam de seguimento. De acordo com a notícia avançada pelo DN, que teve acesso a esse documento, tratam-se de exames que devem ser realizados anualmente a doentes que ainda não tiveram alta, passados cinco anos da realização da cirurgia.
O hospital revelou que não sabe “quando poderá ser agendado o exame”. No final de abril, 38 mulheres que deveriam ter feito exames de vigilância em novembro e dezembro do ano passado, ainda não os tinham realizado, revelou o próprio IPO ao mesmo jornal.
O IPO explicou que os exames estão a ser marcados “de acordo com critérios de prioridade, salvaguardando a capacidade de garantir a realização dos exames necessários a todas as mulheres operadas há menos de cinco anos (período em que o risco de recidiva é mais elevado e a interpretação dos exames radiológicos mais complexa) e todas as outras técnicas radiológicas de diagnóstico, aferição, pré e pós operatórias que se fazem no Instituto”.
O IPO admite que não consegue responder a todos os pedidos de mamografias sem atrasos uma vez que são superiores às vagas disponíveis. O hospital está, por isso, a encaminhar as doentes para os centros de saúde, sugerindo-lhes que peçam aos respetivos médicos de família que marquem as mamografias noutro local.
Embora exista um despacho de 2011 que proíbe os hospitais de pedir aos centros de saúde para prescreverem exames, a Sociedade Portuguesa de Senologia e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar chegaram a um acordo no final do ano passado para dar seguimento nos centros de saúde de casos de cancro mais antigos e que não apresentem complicações.
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