O Conselho Diretivo do Sporting, liderado por Bruno de Carvalho, garantiu esta quarta-feira que não vai permitir o acesso dos eventuais membros da Comissão de Fiscalização – criada pela Mesa da Assembleia-Geral demissionária para exercer as funções do Conselho Fiscal e Disciplinar, também ele demissionário – “aos escritórios e serviços do clube”. Num comunicado lido por Fernando Correia, porta-voz da Direção, foi reiterado que não é reconhecida “qualquer legalidade ou legitimidade” a esta Comissão de Fiscalização.

Na declaração, organizada em quatro pontos, o Conselho Diretivo recordou que os estatutos do Sporting obrigam à marcação de “eleições para os órgãos demissionários no prazo de 45 dias desde a data das renúncias, ou seja, até 1 de julho”.

A Direção encabeçada por Bruno de Carvalho acusou ainda Jaime Marta Soares de convidar dois dos membros do Conselho Diretivo ainda em funções – Luís Gestas e Luís Roque – a integrar uma eventual Comissão de Gestão. O comunicado lido por Fernando Correia indicou também que a demissionária Mesa da Assembleia-Geral terá recusado que a última reunião entre os órgãos sociais – no passado dia 24 de maio – fosse gravada.

Na noite de segunda-feira, através de um comunicado assinado por Marta Soares, a Mesa da Assembleia-Geral do Sporting anunciou a criação de uma Comissão de Fiscalização para “exercer transitoriamente as funções que cabem ao Conselho Fiscal e Disciplinar” – também ele demissionário.

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Marta Soares responde a Bruno de Carvalho: É preciso evitar “campanhas de desinformação dos sócios”

Horas depois, surgiu nas redes sociais do Sporting um comunicado assinado por Fernando Correia — o recentemente designado porta-voz do Conselho Diretivo –, onde a Direção liderada por Bruno de Carvalho acusava Jaime Marta Soares de mais uma tentativa de “golpe palaciano de assalto ao poder”. Na nota à imprensa o Conselho Diretivo defendia ainda que não se verificava “nenhuma das premissas” do ponto 1 do artigo 41.º dos estatutos do Sporting, onde estão expostas as condições para “designar uma comissão de gestão ou uma comissão de fiscalização”.

Num novo comunicado a que o Expresso teve acesso, Marta Soares rejeita todas as acusações de que estaria a tentar compor uma comissão de gestão e explanou a sua interpretação do ponto 2 do artigo 37.º dos estatutos do Sporting sobre “Cessação do Mandato”. O demissionário presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting solicitou ainda ao Conselho Diretivo que se comporte com “dignidade e elevação, evitando, desde logo, campanhas de desinformação dos sócios” com “comunicados permanentes, despropositados e sem qualquer correspondência com a verdade e as normas jurídicas dos Estatutos”.

Leia o mais recente comunicado do Conselho Diretivo do Sporting na íntegra:

Em face das últimas declarações proferidas pela Mesa da Assembleia-Geral demissionária do Sporting Clube de Portugal somos forçados a fazer os seguintes esclarecimentos:

Ponto 1: Sobre a anunciada Comissão de Fiscalização que tem por objeto substituir o Conselho Fiscal e Disciplinar, afirmamos que não reconhecemos qualquer legalidade ou legitimidade a esta decisão e, por isso, não permitiremos o acesso das pessoas que venham a fazer parte dessa eventual comissão aos escritórios e serviços do Clube. Como já referimos por diversas vezes, estamos a aguardar que os serviços jurídicos do Sporting Clube de Portugal verifiquem a ilegalidade de tudo o que se tem passado mas reafirmamos que consideramos absolutamente ilegal a decisão de nomear uma Comissão de Fiscalização em vez de serem marcadas, como mandam os estatutos, eleições para os órgãos demissionários no prazo de 45 dias desde a data das renúncias, ou seja, até 1 de julho.

Ponto 2: Lamentamos que o presidente da Mesa da Assembleia-Geral esteja mais uma vez a violar os estatutos e os regulamentos enviando mensagens particulares a funcionários do Clube quando sabe que qualquer assunto ou pedido que queira fazer tem que ser realizado de maneira formal ao Conselho Diretivo que está em funções.

Ponto 3: Continuamos a aguardar que seja explicado aos associados do Clube, pelos membros da Mesa da Assembleia-Geral e pelo Conselho Fiscal e Disciplinar demissionários, quais as razões de terem recusado que a última reunião entre os órgãos sociais fosse gravada. É que, como diz o povo, “quem não deve não teme”.

Ponto 4: Continuamos também a aguardar, uma vez que o presidente da Mesa da Assembleia-Geral chamou mentiroso ao presidente do Conselho Diretivo, dizendo que nunca foi proposta uma Comissão de Gestão, que o presidente da Mesa da Assembleia-Geral explique porque convidou Luís Gestas e, por intermédio dele, Luís Roque, e mais um terceiro elemento à escolha deles para integrar a referida Comissão de Gestão, também ela ilegal.