Os deputados do Bloco de Esquerda questionaram hoje o Governo sobre a campanha antitabágica que começou a ser divulgada na quarta-feira, perguntando se reconhece ser sexista e se admite revê-la.
Na pergunta que o Bloco enviou ao Ministério da Saúde também se considera que a campanha “confunde público-alvo com discriminação”, usa estereótipos e apresenta o tabagismo através de uma “simplificação perigosa” quando diz a frase “Deixe de fumar, opte por amar mais”.
“Apresentar uma dependência como um ato de vontade simples, associado a amor, é culpabilizador da pessoa fumadora e simplificador do processo árduo e complexo que é deixar de fumar”, dizem os deputados do Bloco que assinam a pergunta ao Governo.
A campanha “Uma princesa não fuma” mostra o relacionamento entre uma mãe fumadora e uma filha e começou a ser exibida na quarta-feira, no mesmo dia em que a deputada socialista Isabel Moreira defendeu que o Ministério da Saúde deveria retirar o vídeo porque a campanha é “misógina e culpabilizante das mulheres”.
“Uma princesa não fuma”: a campanha do Ministério da Saúde para lutar contra o tabaco
Hoje, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que a campanha visa diminuir o consumo de tabaco nas mulheres mais jovens, que são quem mais está a fumar.
Relativamente ao slogan “opte por amar mais”, a diretora-geral da Saúde esclareceu que se refere ao bem-estar, ao amor à vida e não a terceiros.
O Bloco, tal como Graça Freitas também tinha lembrado, reconhece que o consumo do tabaco é um dos mais graves problemas de saúde pública e cita mesmo dados da Direção Geral da Saúde.
Porém, considera que “pensar uma campanha de prevenção do tabagismo centrada no papel da mulher mãe, que se deve sentir culpada da pelo meu exemplo que está a passar à filha, é sexista e culpabilizador da mulher”.
O partido critica também a forma “estereotipada” como é tratado o papel das meninas filhas, “uma vez que a menina é vista como uma princesa”.
“O Bloco de Esquerda considera que esta campanha é desajustada, assentando numa imagem sexista das mulheres e meninas. É possível fazer uma campanha dirigida a mulheres e meninas sem que seja sexista. Não é o caso desta”, dizem os deputados do Bloco.