O livro “Júlio Pomar – O pintor no tempo”, da autoria da historiadora Irene Flunser Pimentel, vai ser lançado esta quinta-feira, às 17h00, no Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa. A historiadora, vencedora do Prémio Pessoa 2007, descreve, na obra, os contextos político, social e cultural da vida de Júlio Pomar (1926-2018), dando importância às suas facetas de crítico, historiador e teorizador da arte.
Pintor e escultor, falecido no passado dia 22 de maio, em Lisboa, Júlio Pomar é considerado um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa, tendo o seu desaparecimento gerado muitas reações de personalidades da cultura e da política lamentando a “imensa perda” para o país.
Inicialmente, Irene Flunser Pimentel foi convidada pelo Atelier-Museu Júlio Pomar “a partilhar, em modo oral, como numa conferência ou conversa informal, aspetos sobre o modo como se exerciam a censura e repressão, conducentes a diversos apagamentos históricos, sobre os quais se desconhece, em concreto, o modo como aconteciam”, recorda a diretora do Atlier-Museu, Sara Antónia Matos, num texto sobre o lançamento da obra.
“Dada a extensão e profundidade da investigação que se materializou em vertente escrita, o Atelier-Museu convidou Irene Flunser Pimental a publicar o seu estudo, que teve como ponto de partida a figura de Júlio Pomar, aspirando assim a contribuir para dar a compreender estes processos históricos, de apagamento e distorção, postos em prática pelos regimes de repressão quase sempre através de canais invisíveis, e que não raras vezes continuam a efetivar-se por outras vias, nomeadamente o silêncio a que são votados certos assuntos incómodos ou pouco consensuais”, acrescenta, no texto.
A autora do livro – editado pelo Atelier-Museu e pela Sistema Solar – detém um vasto currículo sobre o período e instituições do Estado Novo, garantindo o acesso aos arquivos da Torre do Tombo, onde se encontram os dossiers e os arquivos da PIDE, polícia política do tempo do regime de Oliveira Salazar. O Atelier-Museu Júlio Pomar foi aberto em 2013, num edifício em Lisboa perto da residência do artista, com um acervo de cerca de 400 obras, que este doou à Fundação Júlio Pomar, de pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, colagens e ‘assemblage’.