O presidente do Sporting garante que se os seis jogadores que rescindiram — Rui Patrício, Podence, Bruno Fernandes, Gelson Martins, William Carvalho e Bas Dost — garantirem, por escrito, que voltam atrás na decisão de abandonar o Sporting, a direção “demite-se no imediato”. Bruno de Carvalho põe, no entanto, algumas condições para sair do Sporting: nessa carta, além de exigirem a demissão, os jogadores têm de garantir que voltam para o clube para jogar (e não para ser transferidos). E mais: que aceitam continuar caso haja eleições e Bruno de Carvalho volte a vencer.
Numa conferência de imprensa realizada em Alvalade, o presidente colocou condições que dificilmente os jogadores aceitarão: “Nós demitimo-nos se os atletas escreverem uma carta à Sporting SAD dizendo duas coisas: primeiro, que se esta direção se demitir, voltam atrás nas rescisões e jogam no Sporting. Mas para jogar, não para serem vendidos ao desbarato. Basta ver essa carta, dos seis, e, nós, na mesma hora, demitimo-nos. Segundo, que se voltarmos a candidatar e ganharmos eles mantêm os contratos.”
A conferência acabou numa altura em que vários adeptos tentavam entrar na sala, enquanto insultavam o presidente do Sporting. A sala de conferência de imprensa estava fechada, mas os adeptos tentaram forçar a entrada. No exterior da sala os contestatários começaram a bater na porta e a exigir, com gritos, a saída de Bruno de Carvalho: “Vai-te embora”; “Queremos entrar”; “Vamos partir a porta”.
Os protestos no exterior levar Bruno de Carvalho a terminar de forma abrupta a conferência de imprensa. Só mesmo a intervenção dos seguranças de Bruno de Carvalho é que terá impedido a entrada dos adeptos e os jornalistas ainda tiveram de ficar alguns minutos dentro da sala de imprensa de Alvalade até que fossem garantidas condições de segurança no exterior.
Os adeptos descontentes falaram, pouco depois, aos jornalistas no exterior do estádio de Alvalade.
Durante a conferência de imprensa, Bruno de Carvalho queixou-se da existência um “ataque concertado grande” contra o Sporting e disse que os seus opositores fizeram um “xeque-mate” à direção com estas rescisões dos jogadores — que levam os sportinguistas a duvidar da sobrevivência do clube. “Tudo isto não está a ser benéfico para as contas do Sporting, como é lógico”, admitiu também o presidente sobre a possibilidade de falência do clube.
Sobre os processos de rescisão, o presidente do Sporting continua a insistir que “não existe qualquer fundamento para justa causa”. E acrescenta: “Nós não somos maluquinhos”. Bruno de Carvalho diz que os argumentos das rescisões são “tão fracos” que os processos não devem ser para ser levados até ao fim, mas apenas para pressionar a sua saída.
Bruno de Carvalho diz que as rescisões vêm todas “do mesmo sítio”, pois “tem tudo o mesmo lettering”. E, por isso, sugere aos “organizadores disto tudo” que “durante a noite” façam a carta, os jogadores “assinam e nós demitimo-nos todos amanhã”.
Caso isso não aconteça, o presidente acredita que o Sporting acabará por ganhar todos os processos em tribunal: “Posso garantir que estas rescisões não vão dar em nada. Os sportinguistas podem ficar tranquilos. O Sporting voltará a ser um exemplo no futebol mundial [neste caso]”. Além disso, o presidente desvalorizou o facto de faltarem poucos dias para o início da pré-época estar prestes e garante que haverá equipa na próxima época: “Garanto que o plantel do Sporting existe e existirá, independentemente destas rescisões”. E depois admite que já havia “jogadores que já não estavam nos planos continuar no Sporting, porque estavam previstas as suas vendas.”
O presidente do Sporting diz ainda que se demite se houver uma assembleia destitutiva e os sócios decidirem que a direção deve sair. Bruno de Carvalho destaca, no entanto, que esta segunda-feira os “serviços estiveram abertos todo o dia e não apareceu ninguém para pedir nenhuma AG destitutiva.” O presidente do Sporting acrescenta ainda que os sócios, ao exigirem a sua saída, têm de ter noção que o Sporting vai “perder força negocial, face e credibilidade”.
Bruno de Carvalho lembrou ainda que o Sporting já esteve numa “situação mais complicada” e que a atual direção resolveu tudo: “Quando chegámos ao Sporting não havia dinheiro. E resolvemos. Aí sim, os jogadores podiam ter rescindido por justa causa, não havia médico… E resolvemos. E vamos voltar a resolver. Assim queiram os sportinguistas.”
O presidente do Sporting explica que, se a atual direção saísse, “aconteciam duas coisas: uma, íamos embora e o futebol no mundo inteiro mudava de paradigma; duas: fosse quem fosse o próximo presidente, que tipo de liderança tinha no Sporting? O que ia fazer a partir de agora no Sporting? Como iria gerir o Sporting? Sob medo? Sob pressão? Os jogadores voltavam atrás e ele vendia-os. E a partir de agora sempre que houver um jogador que quer sair por algum valor fazia a mesma coisa que estes e o Sporting perdia tudo aquilo que conquistou em cinco anos: o respeito e a credibilidade. A partir daqui quem ficava a mandar nos clubes seriam agentes e advogados, porque continuo a não querer meter no meio disto tudo os jogadores.”
O presidente do Sporting lembra-se que “antes, no Sporting, vendia-se jogadores para se pagar ordenados”, mas que optou por nunca vender jogadores abaixo do valor de mercado. Além disso, Bruno de Carvalho garante que, dos jogadores que rescindiram, só Rui Patrício recebeu uma proposta. “Chegar ao Sporting, formal, não chegou nenhuma proposta pelo Podence, nenhuma pelo Gelson, nenhuma pelo Podence, nenhuma pelo Bruno Fernandes. O Guilherme Pinheiro já não está cá, mas não sei se houve formalização da proposta pelo Rui Patrício”.