Os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram quinta-feira um reforço das sanções contra a repressão e a violação de direitos humanos na Nicarágua, onde prosseguem os protestos contra o Governo de Daniel Ortega.

“O Departamento de Estado revogou os vistos de mais pessoas responsáveis pela violação dos direitos humanos e tentativa de derrubar a democracia” naquele país, declarou a embaixadora dos EUA em Manágua, Laura Dogu.

Washington sancionou, no início de junho, oficiais da Polícia Nacional e funcionários municipais por considerar que violaram os direitos humanos.

Entretanto, milhares de manifestantes voltaram a exigir na quinta-feira a renúncia do Presidente Daniel Ortega, alvo de acusações de corrupção e abuso de poder. “Nesta ditadura sentimo-nos sem direitos. Somos parte da nova revolução. Todos os assassinados estão presentes aqui”, disse à AFP Dámaso Vargas, um transsexual de 25 anos que disse estar vestido de preto pela “morte da República”.

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Nas igrejas foram celebradas missas em memória dos mais de 280 mortos na sequência dos protestos dos últimos dois meses, segundo o novo balanço da Associação Nicaraguense de Direitos Humanos (ANPDH).

Com mediação da Igreja Católica, o Governo e a Aliança Cívica pela Justiça e Democracia – grupos da sociedade civil – retomaram esta quinta-feira as práticas para retomar o diálogo nacional. O diálogo foi suspenso depois da abstenção de Ortega, cujo terceiro mandato consecutivo termina em janeiro de 2022, à proposta para antecipar as eleições de 2021 para março de 2019.

Desde 18 de abril, a Nicarágua está mergulhada na crise sociopolítica mais sangrenta ocorrida desde os anos 1980, também com Daniel Ortega como Presidente. Os protestos contra Ortega e a mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram por causa de reformas fracassadas da segurança social e transformaram-se depois em exigências de demissão do chefe de Estado, depois de 11 anos no poder, alvo de acusações de abuso de poder e corrupção.

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