É uma espécie de herói da indústria automóvel, com um ar simpático e bonacheirão, que foi evoluindo ao longo dos tempos. Mas sempre, sempre, com uma silhueta feita a partir de uma pilha de pneus – ou não fosse ele a imagem emblemática da Manufacture Française des Pneumatiques Michelin.

A conhecida empresa francesa de pneus foi fundada em 1889 pelos irmãos André e Édouard Michelin, ligados há muito ao universo da borracha. Hoje tem 67 unidades de produção, espalhadas por 17 países, sendo reconhecidamente uma das líderes mundiais em pneus e mobilidade.

Mas se há quem não conheça a sua história, poucos serão os que não reconhecem o seu logótipo: o simpático boneco, que celebra agora 120 anos. Quer conhecê-lo melhor?

Um nome que convida a beber… para festejar

Ao observar uma pilha de pneus, Édouard Michelin imaginou um personagem que viria a ser a estrela de um cartaz surpreendente. Em 1898, dava-se a primeira aparição pública do boneco da Michelin, acompanhada da seguinte mensagem: “Nunc est bibendum.” A frase latina significa “agora é beber” e remete para o poema de Horácio, quando este convida os seus contemporâneos a festejarem a vitória romana na batalha de Actium. De uma só penada, o boneco ganhou nome (Bibendum) e a conotação de vitória. Foi um golpe publicitário bem-sucedido, e a prova disso é que virou o século e perdura até hoje.

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Quem é o “pai” do Bibendum?

Coube a Marius Rossillon, conhecido artisticamente pelo nome O’Galop, converter em realidade o produto imaginado pelos manos Michelin. E foi dos pincéis do cartoonista francês que nasceu a primeira representação do Bibendum.

Qual a missão do boneco?

Depois de ter surgido em grande destaque no stand da Michelin na primeira edição do Salão de Paris, o Bibendum não mais parou. Sempre que era necessário, lá surgia ele a ilustrar e a explicar informações técnicas associadas ao uso correcto dos pneus. Para além de conquistar rapidamente a amizade do grande público, foi-se impondo como uma espécie de génio da mobilidade, sempre pronto a aconselhar e a orientar várias gerações de viajantes.

Como é que chegou ao aspecto que tem hoje?

Depois de O’Galop, outros grandes nomes da publicidade e da arte dos cartazes também deram o seu contributo para a fama do Bibendum. Hautot, Grand Aigle, Riz, Cousyn e René Vincent foram apenas alguns dos artistas que o “humanizaram” e ilustraram as suas piadas. Mas cada um tinha um estilo muito particular, pelo que a Michelin entendeu que, para facilitar a identificação, a evolução da sua mascote deveria ser feita dentro de casa. E foi o que aconteceu a partir de 1920, altura em que a empresa francesa passou a ter o seu próprio Design Studio. Com uma quantidade definida de pneus e linhas de estilo claras, chegou-se à padronização. E esta trouxe o reconhecimento universal.

Qual a maior distinção que alcançou?

A carreira internacional do Bibendum começou cedo, com o boneco a acompanhar as equipas de vendas da marca e a ajudar a construir a reputação da Michelin. Já visitou todos os continentes e viu a sua popularidade ser atestada pelo Financial Times, que o elegeu o melhor ícone de todos os tempos, em 2000. Desde então, modernizou por duas vezes a sua imagem, para manter-se actual. É esse o segredo da sua (aparente) juventude, apesar de ter mais de um século de existência.