Começou o dilúvio em Moscovo pouco depois do árbitro pôr fim ao último jogo do Campeonato do Mundo e a seleção francesa sagrar-se campeã de futebol ao fim de 20 anos. A festa gaulesa ficou assim abençoada pela chuva que as nuvens cinzentas por cima do estádio já faziam prever. O relvado ficou encharcado mas isso até ajudou à festa: os jogadores usaram o campo onde se tornaram campeãs para fazerem peões com os colegas, deslizarem nas poças de água e fazerem do estádio um parque aquático.
Encharcados também ficaram todos os altos cargos que desceram da tribuna para o relvado para congratularem os jogadores, tanto os perdedores como os heróis. Presidentes, diretores, organizadores, todos ficaram à mercê da chuva e molhados até ao tutano. Todos menos Vladimir Putin, que tinha homens atrás dele a protegê-lo com um guarda-chuva suficientemente grande para, no mínimo, abrigar Macron e Kolinda Grabar-Kitarovic sem grandes esforços.
Isso só veio a acontecer quando o fato do presidente francês já colava ao corpo de tão encharcado que estava e quando o cabelo da presidente croata já tinha cedido às condições meteorológicas que se abateram no Estádio Luzhniki a tempo da celebração final do Mundial. Só quando os jogadores, também ele completamente molhados, passaram pelos presidentes e organizadores para as cordialidades típicas do final do jogo é que os homens vestidos de negro atrás de Vladimir Putin abriram os chapéus de chuva para proteger os outros presentes. Era tarde demais para quem já tinha gotas de água a escorrer pelo nariz.
Além de Kolinda Grabar-Kitarovic, que passou o tempo todo a distribuir abraços pelos conterrâneos, pelos adversários e pelos árbitros visivelmente emocionada, só mesmo os campeões do mundo é que não pareciam incomodados com a chuva que teimava em cair: fizesse sol ou nevasse ali em Moscovo, a festa era francesa e tinha sido pintada de azul com um autogolo de Mandukic seguido dos golos de Griezmann, Pogba e Mbappé. O marcador ainda teve dois golos croatas – um que chegou a empatar o jogo de Perisic, o segundo a diminuir a desvantagem da Croácia de Mandukic, que assim se “redimiu” do autogolo.
Mas os futebolistas não foram os únicos a fazer a festa. Emmanuel Macron ficou louco na tribuna presidencial perante os golos franceses e deu verdadeiros gritos de felicidade. Pouco depois foi Kolinda Grabar-Kitarovic que se levantou em êxtase para celebrar o empate que reacendia a esperança da Croácia. Foi uma esperança apagada pela chuva em Moscovo. E pelo apito final do árbitro.