A certa altura, o termómetro chegou mesmo aos 48º. A ligação de quase 192 quilómetros entre Alcácer do Sal e Albufeira tinha essa simbologia de colocar de novo a Volta a Portugal em bicicleta a passar pelo Algarve, mas as condições deram tudo menos tréguas ao pelotão numa ideia partilhada por muitos dos diretores desportivos das equipas nacionais – a primeira etapa, depois do prólogo em Setúbal que deu a camisola amarela a Rafael Reis, foi daquelas que não mata mas mói. E fez uma mossa demasiado grande em Joaquim Silva, que se tornou o primeiro a desistir da prova, e na Caja Rural.

“Não está muito vento mas o que há vem de frente numa etapa com muito, muito calor. Teve um golpe de calor e teve de desistir. Quem era o nosso número 1 para vencer a Volta de Portugal? O Joaquim Silva… Agora teremos de ver como vai ser a nossa tática até ao final”, confidenciou o diretor desportivo do conjunto espanhol aos microfones da RTP, assumindo ainda que a tarefa de defender a camisola amarela de Rafael Reis estava também a revelar-se complicada com o desenrolar da etapa.

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Houve mais corredores assistidos durante a etapa devido às altas temperaturas, mas a Caja Rural acabou por ser a grande prejudicada, restando apenas tentar manter por mais um dia a amarela do também antigo elemento da W52, tal como Joaquim Silva. E o pelotão, onde estava Rafael Reis, encostou nos fugitivos (entretanto Mário Vogt, da Team Sapura Cycling, já tinha sido apanhado) a cerca de dois quilómetros da meta, já depois de uma queda que levou ao chão corredores como Joni Brandão.

Na subida para a meta, Raúl Alarcón (W52 FC Porto), vencedor da edição do ano passado, foi um dos primeiros a atacar, Rinaldo Nocentini (Sporting Tavira) chegou a ter um avanço prometedor anulado a cerca de 400 metros da meta mas foi o transalpino RiccardoStacchiotti, da MstinaFocus, a vencer ao sprint a primeira etapa da Volta a Portugal, vencendo Luís Mendonça (Louletano) nos derradeiros metros. Rafael Reis conseguiu segurar a amarela ganha no prólogo (o facto de ter deixado de haver bonificações ajuda muito nisso), mas o discurso no final provava bem o sabor amargo dessa “conquista” – a saída de cena de Joaquim Silva veio baralhar por completo as contas programadas pela Caja Rural para esta edição.