Após meses de especulação, a decisão está tomada: Fernando Alonso vai deixar a Fórmula 1 e já não vai competir na próxima temporada. O piloto espanhol bicampeão mundial em 2005 e 2006 ao serviço da Renault publicou um vídeo de despedida no Twitter com a descrição “Querida F1”, onde, depois de 17 anos nos maiores circuitos mundiais, anunciou o fim da linha.
“Não estavas à minha espera e não tinha a certeza se te queria conhecer. Deste-me muito e creio que te dei tudo. Quando só sabia andar, já corria pelo teu barulho, para os teus circuitos. Juntos, passámos bons momentos, uns inesquecíveis, outros realmente maus. Viste-me crescer, lutar, rir e emocionar-me. Jogaste comigo e aprendi a jogar contigo”, confessa Alonso no seu Twitter pessoal, continuando: “Vi-te mudar, umas vezes para bem e outras, na minha opinião, para mal. Cada vez que fecho o capacete sinto o teu abraço, a tua energia. Não há nada parecido. Só te posso estar agradecido por tudo o que me ensinaste, por teres sido a minha vida. Sei que gostas de mim e também sabes que gosto de ti”.
Dear F1 ….. pic.twitter.com/G9ZzdMwgMn
— Fernando Alonso (@alo_oficial) August 14, 2018
Apesar de ser considerado um dos maiores pilotos de Fórmula 1 de todo o sempre, o espanhol de 37 anos não vencia uma prova há cinco anos, sendo que o último Campeonato surgiu já há mais de uma década. Com estreia em 2001, no Australia Grand Prix, pela Minardi, foi quatro anos mais tarde, na Renault, que o piloto espanhol teve o ponto mais alto da carreira com o primeiro campeonato do currículo a surgir em 2005, interrompendo a hegemonia do alemão Michael Schumacher e da Ferrari, que venciam desde 2000. Seguiu-se o bicampeonato em 2006 e a confirmação de um nome que vinha para ficar no patamar mais alto da Fórmula 1.
Em 2007, o espanhol mudou-se para a Mclaren, onde durou apenas um ano, antes de regressar aos franceses da Renault. Mas o sucesso alcançado com o bicampeonato mundial não se viria a repetir e Alonso passaria ainda pela Ferrari, entre 2010 e 2014, antes de voltar para a Mclaren, onde se encontrava desde 2015.
Fernando Alonso ambiciona ”tripla coroa’ depois do triunfo em Le Mans
Nos últimos tempos, o espanhol era uma das vozes mais críticas dentro da Fórmula 1, mostrando-se muitas vezes contra a cada vez menor influência dos pilotos nas corridas, contrastando com a superior importância dos motores dos carros. Com a Mclaren a não apresentar qualidade suficiente na construção para colocar o espanhol nos lugares a que este se habitou, Fernando Alonso optou por dar outro rumo à sua carreira: inscreveu-se nas 500 milhas de Indianópolis, em 2017.
E é aqui que se pode encontrar uma das explicações para este abandono. O cada vez menor interesse do espanhol na Fórmula 1, acompanhado pelo avolumar das criticas à modalidade, levou-o a experimentar outros rumos. E se as 500 milhas de Indianópolis não correram bem à primeira – Alonso liderou durante 27 voltas, mas teve de abandonar a 21 do final devido a um problema no motor -, o mesmo não se pode dizer das 24 horas Le Mans. O espanhol competiu no circuito francês de resistência e deixou um anúncio: “Um dos meus sonhos é vencer a Tripla Coroa“.
E o que é a Tripla Coroa? É um título que distingue os vencedores das três principais provas do automobilismo: Grande Prémio do Mónaco, 24 horas de Le Mans e 500 milhas de Indianápolis. Ora, o espanhol já venceu o Grande Prémio do Mónaco por duas vezes (2006 e 2007) e conquistou a prova de Le Mans em junho passado, na sua estreia na competição. Ao que tudo indica, anunciado que está o abandono da Fórmula 1, o próximo passo de Fernando Alonso deverá passar pelo circuito de Indianópolis, em busca de uma Tripla Coroa que só o o britânico Graham Hill alcançou.
Desde a semana passada que a especulação à volta do futuro de Fernando Alonso se tinha adensado, com o espanhol a dar a entender que iria anunciar a sua decisão durante o dia de hoje. Aos 37 anos, o bicampeão mundial em 2005 e 2006 conta 32 vitórias em 17 temporadas na categoria rainha do automobilismo e correrá a sua última prova em Abu Dhabi, a 25 de novembro.