A parada militar que Donald Trump tanto queria foi cancelada depois de ter sido noticiado que deveria custar mais de 80 milhões de euros, mais do triplo do valor inicialmente previsto. E o presidente norte-americano culpa os políticos locais de Washington D.C. por alegadamente terem inflacionado os custos para que não fosse viável realizar o evento.
O Pentágono tinha informado, na quinta-feira, que a parada militar, prevista para novembro, só deveria realizar-se em 2019, depois de ter sido noticiado que o evento deveria custar mais de 80 milhões de euros. Em fevereiro, Donald Trump pediu ao Departamento da Defesa para estudar a criação de uma cerimónia na qual todos os americanos pudessem expressar o seu reconhecimento aos militares e o desfile chegou a estar previsto para novembro deste ano. O desejo de Trump surgiu depois de, a 14 de julho, ter assistido, ao lado de Emmanuel Macron, à famosa parada militar do Dia da Bastilha, em Paris. “Foi uma das melhores paradas que já vi”, disse na altura.
Na verdade, Donald Trump já defendia a ideia de uma parada militar em Washington antes da sua eleição e a ideia ganhou ainda mais forma depois de ter estado em Paris no 14 de julho. Trump ponderou, então, a ideia de organizar um desfile semelhante em Washington no 4 de Julho, feriado nacional dos Estados Unidos, mas tal decisão provocou violentas críticas dos seus opositores, que compararam a sua atitude à do dirigente de um regime autocrático.
O evento ficou então apalavrado para novembro, mas sempre baixo de críticas. Agora, depois de anunciados os custos elevados, Trump atira-se às autoridades locais de Washington D.C., acusando-os de terem inflacionado os preços de propósito. “Quando lhes pedimos para nos darem um preço para a parada militar de celebração, quiseram um número tão ridiculamente alto que tive de cancelar”, escreveu no Twitter, anunciando que, sendo assim, iria assistir à parada de Paris a celebrar o fim da Guerra, no próximo dia 11 de novembro.
The local politicians who run Washington, D.C. (poorly) know a windfall when they see it. When asked to give us a price for holding a great celebratory military parade, they wanted a number so ridiculously high that I cancelled it. Never let someone hold you up! I will instead…
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 17, 2018
….attend the big parade already scheduled at Andrews Air Force Base on a different date, & go to the Paris parade, celebrating the end of the War, on November 11th. Maybe we will do something next year in D.C. when the cost comes WAY DOWN. Now we can buy some more jet fighters!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 17, 2018
“Talvez no próximo ano consigamos fazer alguma coisa em Washington D.C. quando os custos descerem”, disse ainda, ironizando que assim (com o dinheiro que não se gasta), as Forças Armadas vão poder “comprar mais caças”.
Cerca de uma hora depois do tweet de Trump, a presidente da câmara de Washington D.C., Muriel E. Bowser reagiu pela mesma via, e com a mesma: “Sim, eu sou Muriel Bowser, presidente da câmara de Washington DC, a autarca que finalmente chamou a estrela da Casa Branca à realidade de que as paradas/eventos na América de Trump custam 21.6 milhões de dólares (triste)”, lê-se no Twitter. O valor de 21.6 milhões, no entanto, diverge dos 80 milhões anunciados pelo Pentágono (custo que tinha sido estimado pelo Departamento da Defesa), o que deixa dúvidas sobre se o valor estimado por Washington foi ou não tido em conta.
Yup, I’m Muriel Bowser, mayor of Washington DC, the local politician who finally got thru to the reality star in the White House with the realities ($21.6M) of parades/events/demonstrations in Trump America (sad). https://t.co/vqC3d8FLqx
— Muriel Bowser (@MurielBowser) August 17, 2018
Segundo o Washington Post, que cita fontes oficiais, o processo de planeamento da parada foi muito conturbado, tendo havido dificuldades de coordenação entre Washington D.C. e a Casa Branca, que demorava muito a comunicar detalhes do evento.
No comunicado emitido na quinta-feira, o Pentágono não deu qualquer justificação para o cancelamento (ou adiamento) do evento, mas o comunicado surgiu na mesma altura em que dispararam notícias sobre os elevados custos de uma parada militar com aqueles contornos.