O norte-americano Nouriel Roubini prevê uma “crise financeira” e uma “recessão global” em 2020. Num artigo de opinião (acesso limitado) no Financial Times assinado em conjunto com Brunello Rosa, os economistas constatam que se está a cozinhar um cenário propício para o surgimento de uma nova crise global.

Os fundadores da consultora Rosa & Roubini Associates foram convidados pelo jornal para escrever uma coluna de análise para assinalar os dez anos da falência do Lehman Brothers. Na peça, usam esta data redonda como pretexto para questionar “quando – e porque – ocorrerá a próxima recessão e crise financeira”.

“A expansão global deverá continuar nos próximos dois anos – porque os Estados Unidos apresentam grandes défices orçamentais, a China continua a apostar em políticas de estímulo e a Europa prossegue o caminho da recuperação económica. No entanto, há várias fatores que podem criar as condições necessárias para uma recessão mundial e uma crise financeira em 2020“, escrevem.

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A contínua subida dos juros por parte da Reserva Federal americana atingirá valores que consideram demasiado elevados nos primeiros meses de 2020. “Cerca de 3,5%”, especificam. Segundo esta análise, também a política de rutura de acordos que tem sido seguida pela administração de Donald Trump vai ter um efeito negativo nos Estados Unidos, pela via do aumento da inflação.

Dois fatores que afetarão a economia norte-americana, mas que não estarão isolados. A China, antecipam, começará a ressentir-se do sobreendividamento e o ritmo da Europa irá abrandar com a redução dos estímulos até agora promovidos pelo Banco Central Europeu.

Todos estes ingredientes parecem estar a contribuir para a criação de uma crise financeira e uma recessão global. “Há um terreno de bolha”. O problema, advertem, é que as respostas políticas serão “menos eficazes” do que as que estavam disponíveis há dez anos.