O Governo autorizou os administradores do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar um concurso para o projeto do novo Centro Pediátrico, que funciona desde 2008 em instalações provisórias. No despacho publicado esta quarta-feira em Diário da República, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e o das Finanças, Mário Centeno, sublinham ser urgente “garantir a melhoria da eficiência e das condições de conforto e privacidade para as crianças e pais”, que há cerca de uma década são atendidos em contentores metálicos.

O  “Lugar para o Joãozinho” é um projeto ambicioso que chegou a prever a construção de cinco pisos com mais de 10 mil metros quadrados, uma zona de lazer e uma escola para as crianças e jovens doentes. Em 2008 as crianças internadas foram colocadas em contentores provisórios para as obras avançarem. Mas tal nunca aconteceu.

A história por detrás do estado a que chegou a ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto, arrasta-se há cerca de uma década e já passou pelas mãos de sucessivos governos — liderados por José Sócrates, Passos Coelho e António Costa –, todos eles com responsabilidades no processo. Primeiro, houve a identificação de uma necessidade que muitos dizem na verdade não existir e resultar de uma guerra de egos; a seguir, o governo de Passos Coelho decidiu deixar a obra arrancar (e até a apadrinhou), mesmo sem garantias de que havia dinheiro suficiente para a continuar e até sem avaliar a sua real necessidade, uma vez que existia a promessa de que não seria preciso investimento público. Por fim, depois de concluir que a obra não tinha possibilidade de avançar com investimento privado, o governo de António Costa concordou em investir 22 milhões de euros na nova unidade pediátrica do São João.

Porque é que o Estado está a falhar na ala pediátrica do Hospital de São João?

O despacho do Governo especifica que o Centro Hospitalar Universitário de São João possui um Centro Pediátrico com todas as valências na área da Saúde Materna e Infantil, com elevada especialização e diferenciação técnica. Está organizado em serviço ambulatório (onde se inclui as consultas externas e o hospital dia), em serviço de urgências pediátricas e internamento e na docência e investigação.

Em junho último, foram inauguradas as novas instalações do Centro Ambulatório Pediátrico do Centro Hospitalar Universitário de São João — onde passou a funcionar um hospital de dia de oncologia pediátrica e a consulta de pediatria. Esta remodelação custou cerca de 10 milhões de euros. Falta o resto.

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